sábado, 4 de julho de 2015

Cincos livros infantis sobre cultura africana e escravagismo

Os donos da Bola de Jô Oliveira fala sobre Apropriação cultural (quem quiser saber mais sobre o tema confira os links anexados ao final do post). A origem do futebol como um jogo recreativo dos escravos. O que achei interessante na história foi retratar o escravo de forma diferenciada do que estamos acostumados, o mesmo dito sobre as próximas obras que falarei a seguir.

O Rei Preto de Ouro Preto de Sylvia Orthof é uma narrativa acerca de um rei que recebeu com hospitalidade homens brancos em seu reinado e em troca foi levado à força para um país diferente, onde não mais eta tratado como um rei. Depois de lutar muito pela liberdade, criou o Quilombo de Ouro Preto para escravos independente da origem - desta vez não importa se foi da nobreza ou da vassalagem, todos são bem vindos no Quilombo de Ouro Preto do Rei Preto. Aqui o escravo é retratado como herói que luta pela sua liberdade e pela emancipação de seus iguais. Sem contar que mostrar a história do negro antes de sair pra passear de barco, que é apenas a partir daí que nos apresentam, é importante para crianças terem o conhecimento de nossos ancestrais que não são apenas europeus que escravizaram "negros coitadinhos" e depois os "libertaram" de bom grado. 
Selecionado na lista de 2008 do Pnbe.


Zumbi dos Palmares de Renato Lima inicia-se com um menino nisei afrodescendente que tem como apelido de capoeira Zumbi. A história se trata de ele contando para uma colega quem foi Zumbi dos Palmares e como surgiu a Consciência Negra e sua importância até hoje. Zumbi é um grande símbolo de resistência negra, e, apesar de muitos outros heróis nacionais, temos poucos registros, e em maior parte oral - devido a grande queima de arquivo genocida de Rui Barbosa 1891 sob alegação de a escravatura ser uma "mancha histórica" - sobre o assunto. Por isso, Zumbi é um dos mais citados, e uns dos poucos que nos restaram informação. Logo, uma biografia de alguém tão importante na visão de uma criança para outras crianças torna a leitura obrigatória.

Quilombo Orum Aiê de André Diniz conta a história de um grupo de pessoas em busca do tão sonhado Quilombo Orum Aiê. O grupo se compõe em um muçulmano que não fala português, Capivara - um escravo vegetariano considerado mentor da expedição - um branco fugitivo da prisão que alega inocência e uma escrava considerada a paixão de Capivara. Nesta busca por este Quilombo descrito maravilhoso, o grupo enfrenta aventuras que são as descrições de problemas que os escravos fugitivos passavam quando em fuga e a mentalidade das pessoas inseridas no sistema escravagista, tendo esta como única forma de ver o mundo. Capivara, o protagonista, se destaca por ser apaixonado por filosofia e considerado inteligente, apesar de ser analfabeto. Uma leitura em quadrinhos divertida e extremamente tocante, que além de mostrar muito do choque da cultura africana com a européia e os problemas que os escravos passavam quando em fuga, também mostra a história do povo brasileiro sob o olhar do oprimido. 
Selecionado na lista de 2011 do Pnbe.

As tranças de Bintou de Sylviane Anna Diouf  trata-se de uma menina que sonha em ter tranças lindas como as de sua mãe, irmã, cunhada e avó, mas tudo que tem são birotes sem graças na cabeça. Aqui mostra um pouco da cultura africana que eu não conhecia: tranças na cultura de Bintou são como maquiagem para nós, um símbolo de vaidade de mulheres, logo Bintou não pode fazer tranças porque ainda é uma criança. Para as meninas: lembram-se quando brincávamos com as maquiagens, perfumes e sutiãs de nossas mães ou irmãs mais velhas e elas sempre nos diziam que apenas quando moças, poderíamos ter a vaidade que quisermos, e tínhamos que esperar para poder usar? E a gente contava as horas para crescer logo só pra poder usar batom nos lábios? A história se volta em torno disso, Bintou sonha em ser uma bela moça com tranças longas na cabeça enfeitadas de todas as maneiras que desejasse. De repente, acontece um evento em sua aldeia que faz com que Bintou seja reconhecida como uma moça. Finalmente Bintou teria encontrado sua tão procurada identidade?
Possui na lista de 2005 do Pnbe.

Espero que tenham gostado das dicas, vou linkar arigos referentes aos livros. Beijos.
Embranquecimento da cultura negra para ser validada como cultura
http://blogueirasnegras.org/2014/07/10/ser-preto-ta-na-moda/
Cultura negra como tendência apaga a luta por trás.
http://blogueirasnegras.org/2015/02/18/a-cultura-negra-e-popular-mas-as-pessoas-negras-nao/
Símbolos de resistência negra sendo invalidadas por serem tratados como simples tendência e moda por brancos.
http://blogueirasnegras.org/2013/11/27/tirem-maos-simbolos-luta/

Para mais informações sobre o tema, existe uma tag chamada "Plano de Aula" no site Geledés que apresenta diversos artigos de discussão sobre racismo em sala de aula, ou como abordar consciência negra com crianças.
www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/educacao/planos-de-aula/#gs.1a6e1b4bcc5243628b598ad06b62f7a7

Vídeos interessantes
A dor dos judeus é motivo de comoção, a nossa é de piada.
https://www.youtube.com/watch?v=k-Nkz0pi50U
A pele que desumaniza até uma criança de cinco anos.
https://www.facebook.com/139591006142052/videos/648231081944706/

Fotos tiradas do site da Livraria Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/

Autoria: Amanda Barros

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