sexta-feira, 3 de julho de 2015

Uma porta para a imaginação

Fonte da imagem: http://lelivros.red/book/download-o-meu-pe-de-laranja-lima-jose-mauro-de-vasconcelos-em-epub-mobi-e-pdf/

   Toda criança já teve algum grande amigo, seja ele real ou imaginário. E eu me lembro de que eu tinha uma grande amiga também, ela era uma fada, mas não era bem uma fada... Como posso explicar?
   Ela andava de patins, acho que os patins eram os pés dela, mas não posso afirmar nada com certeza. Tinha asas, e voava, mas era feita de folhas, mas tinha algumas penas... Acho que eram as folhas que pareciam penas, não me lembro bem. Talvez ela nem fosse uma fada, talvez fosse um passarinho cheio de folhas, mas não importa. O que importa era que eu gostava muito de brincar com ela. Pena que não recordo seu nome...
   Lembro-me também de um dos primeiros livros da minha infância, ”O meu pé de laranja lima”.  Um livro que era da minha mãe, e depois foi meu, quase considerado relíquia de família!


O melhor é eu tentando imitar a letra da minha mãe. Rss

 “O meu pé de laranja lima”, escrito por José Mauro de Vasconcelos, é um livro meio que biográfico, pois é o próprio autor contando a sua infância. E o mais interessante, é que ele narra o livro como se fosse criança outra vez! A história dele não é lá um conto de fadas. De família pobre, todos passavam por dificuldades, mas o legal do livro, apesar das passagens tristes que por vezes me fizeram chorar (sou muito emotiva), é que o Zezé, era uma criança que não se deixava abater pelos problemas. Era tido pela família, como sendo o mais sapeca, e às vezes sofria punições por isso (injustas, a meu ver).
     




      Este foi um livro excepcionalmente especial pra mim, talvez porque eu considerava este como sendo o primeiro livro “de verdade” que eu li (ele não tinha muitas gravuras, e eu me achava gente grande lendo um livro aos oito anos sem muitas gravuras). Mas acho que o real motivo era porque o melhor amigo do Zezé era (pasmem), um pé de laranja lima! Sim, o título do livro não é um mero acaso!
    Então eu percebi que eu não era a única que tinha amigos um tanto diferentes, e foi aí que eu pensei que talvez todos tivessem amigos diferentes, e que era normal ter amigos diferentes. Na verdade, até hoje eu tenho amigos um tanto diferentes, e isso não necessariamente é algo ruim (alguns até parecem passarinhos/fadas).


    Mas acho, acho não, tenho certeza, que um dos motivos de eu gostar tanto deste livro, e ainda guardá-lo na minha estante, mesmo ele estando tão velhinho, e com as páginas um pouco amareladas (e rabiscadas), é porque ele foi passado pra mim, como uma herança, pela minha mãe. Ele foi o trampolim que me fez querer devorar tantos outros livros quanto possíveis, que me fez perceber o quanto ler é algo rico e maravilhoso, e ainda hoje quando eu me lembro da história do Zezé, e quando lembro que o pequeno pé de laranja lima era o único que o escutava, eu também me lembro da minha amiga que tinha patins no lugar dos pés, e que isso é tão normal quanto falar com uma árvore. 

Escrito por: Paula Calazães. 

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