quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Diário do Contador por Ana Carolina Maia


    Na última contação, as crianças estavam bastante dispersas. Todos queriam contar como havia sido o dia das crianças e o que haviam ganho, até que eu mostrei o título do livro que havia escolhido para compartilhar, que antes, não havia sido ao menos interrogado pelas crianças. No título havia uma palavrinha quase mágica, que chama a atenção de qualquer criança e promove alguns risos e feições sapecas. O título era: "Quem soltou o Pum?"

  O livro  que antes estava quase sendo ignorado devido aos inúmeros assuntos que ocorriam  na rodinha, passou a chamar a atenção de todos. Uns riram, outros arregalaram os olhos quando ouviram a palavra, outros ficaram inclusive chocados com a contadora falando uma palavra não muito aceita pelos adultos e considerada uma falta de respeito.

 Exploramos a capa do livro, que não continha nenhum sinal de pum. Havia um cachorro com um garotinho. Então eles começaram a participar: uns diziam que o cachorro que devia ter soltado o pum, outros diziam que o menino que devia ter soltado. Então eu fiz um breve comentário a respeito de como eles escreviam o nome deles, se os nomes iniciavam com letra maiúscula ou minúscula. Todos concordaram que era com letra maiúscula e depois disso, um deles contribuiu: - Então Pum não é um pum! É um nome!
  


E a partir disso começaram a especular quem teria o nome Pum. Eles concluíram que era o cachorro da capa e logo quiseram abrir o livro para ver a história.
  
 O livro contava a história de um menino que tinha um cachorro que se chamava Pum. Os pais do menino e os demais adultos da história não gostavam quando o menino soltava o Pum. O Pum às vezes fazia barulho e quando tomava chuva ficava com um cheiro esquisito. Mas, mesmo assim, o menino adorava soltar o Pum!
  
 Falamos sobre bichos de estimação, sobre broncas dos adultos e sobre as atitudes das pessoas quando soltávamos puns.
 Perguntei a eles por que eles achavam que soltar pum era algo desrespeitoso. Uns disseram que era porque fedia, outros porque fazia barulho, outros porque pum era relacionado com ir ao banheiro, uma criança inclusive questionou que se pum era uma coisa que todos faziam, por que considerar ele uma coisa proibida?
  
  Após essa conversa sobre um assunto acerca do qual quase não se conversa, as crianças espontaneamente se transformaram em  cachorros! 
  Andavam de quatro com a língua para fora da boca, latiam e farejavam as coisas.
  Interagi com os cachorrinhos e levei-os de volta para a sala.

2 comentários:

Raíssa Dourado disse...

HAHAHAHAHAHAHA me pegou, realmente pra prender a atenção das crianças, um título bem curioso ajuda muito, boa escolha.

Livros Abertos: Aqui Todos Contam! disse...

Esse livro é mesmo muito bom, pois brinca com as palavras e com os vários sentidos.É uma ótima escolha para a leitura dialógica!