sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sobre Religião e Crianças

     José Francisco Botelho define a Simplicidade como ´´A semente e o tempero de todas as virtudes. Sem a simplicidade, as outras qualidades humanas perdem seu sentido - ou se transformam em caricaturas de si mesmas. Pois o simples não é o oposto do complexo: é o oposto do falso. Ser simples de verdade é levar em conta a natureza complexa das coisas - mas sem multiplicar complicações desnecessárias.´´ 
     Nós adultos muitas vezes temos dificuldade em trabalhar com temas mais complexos com as crianças, mas muitas vezes uma resposta simples é o que basta para satisfazê-las e nós é que complicamos tudo ao invés de falar a verdade logo de uma vez. Desde dizer se vai apenas olhar o dente de leite ou se vai mesmo arrancá-lo, até uma conversa sobre de onde vem os bebês, a simplicidade pode estar presente, e, quando se trata de religião, a coisa não poderia ser diferente. 
       Para muitas pessoas religião pode ser um assunto que preferem deixar de lado por ser considerado muito polêmico, mas não será tão polêmico assim se nós deixarmos de polemizá-lo. Falo por mim que fui batizada na Igreja Católica e desde então já passei por várias religiões tirando alguma coisa proveitosa de cada uma delas. Penso que o contador precisa ter essa capacidade, não de passar por várias religiões, mas de estar aberto a novas possibilidades quando questionados pelas crianças, de estar pronto pra conversar não sobre o certo e o errado, não para chegar a uma conclusão previamente premeditada pelo contador, mas para construírem juntos uma ideia. Fazer a criança refletir no que ela acredita e estar sempre propondo novas possibilidades sem, entretanto, impor nossa crença à elas, isso de forma alguma!
       Em uma das minhas contações levei para as crianças o livro ´´O Pato, a Morte e a Tulipa´´ que mais do que o assunto da morte, como o título sugere, acabou gerando uma grande discussão sobre religião e sobre onde vamos parar depois da morte, se é que vamos parar em algum lugar. Uma das crianças então me respondeu que se formos bonzinhos vamos para o céu e se formos maus vamos para o inferno, eis que eu perguntei à ela o que acontecia então se uma pessoa tivesse sido mau a vida inteira mas que depois da morte, lá no inferno, se arrependesse e passasse a ser bom... Teria essa pessoa que permanecer no inferno? Ela então me respondeu com muita certeza: ´´Não tia! Aí um anjinho de Deus vai lá buscar ela, né?´´.

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