segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Diário do Contador: Explorando imagens

  Na minha última contação com as crianças do 1º período (4 e 5 anos), resolvi deixar de lado um dos meus receios e utilizar um livro que se chama “A Caixa de Lápis de cor”, do Maurício Veneza. 



Bom, o desafio é que o livro é composto por uma história contada apenas por meio de imagens, o que exigiria uma participação bastante ativa das crianças.     Nessa faixa etária, os pequenos costumam ser muito atentos as figuras dos livros, sempre explorando cores, objetos, quantidades, letras, pois estão na etapa inicial da alfabetização escolar, mas eu ainda tinha dúvidas se conseguiríamos atribuir uma continuidade à história apenas por meio das imagens. O fato é que ao final das contas, essa foi a contação do ano em que eu obtive 100% de participação das crianças em todos os grupos que me acompanharam nessa descoberta. 


  A história se passa em uma cidade grande em que uma criança, um menino engraxate, ao conseguir abordar um senhor e engraxar seu sapato, recebe como pagamento uma caixa de lápis de cor. O menino então começa a fazer desenhos tão coloridos e vívidos que ele mergulha na figura passando para a outra dimensão do papel. Ao voltar do desenho, o
garoto continua colorindo pássaros que saem da folha e ganham vida, colorindo a cidade e trazendo alegria para os transeuntes. Dessa maneira, vários aspectos podem ser explorados, alguns dos quais listados abaixo:

1)   As cores da cidade mudam entre o início e o fim do livro. No início os prédios, o céu eram meio marrons, meio cinzas e ao final passam a ser coloridos. Uma intervenção possível é de chamar a atenção das crianças para as cores já no início da história e ao final resgatar o que mudou, voltando as páginas para que elas possam perceber a mudança.

2)  Assim como as cores da cidade, mudam também as expressões no rosto dos transeuntes. No início estes pareciam estar indiferentes na cena e ao final eles parecem estar interagindo. Além de chamarmos a atenção das crianças, convidado-as a perceber essas mudanças, podemos explorar junto a elas o que as ocasionou, assim como quais sentimentos são despertados nas primeiras imagens e nas últimas.

3)  Podemos explorar quais poderiam ser as falas dos personagens nas cenas retratadas, quais seriam seus sentimentos, suas relações (parecem amigos, parentes, parecem tristes, felizes, pensativos).

4)  Diante das dúvidas das crianças: “isso é verdade tia? Ele entrou mesmo na folha?” podemos também conversar sobre mentira, verdade, imaginação, fantasia.

5) Convide as crianças a contarem a história, explore elementos que não estejam em primeiro plano na figura.

6)  A mediação é sempre algo muito dinâmico. Dessa forma, as próprias intervenções das crianças geram novos diálogos, novas possibilidades. Importante é não perder esses momentos, não devemos ficar presos ao que planejamos, estando sempre abertos para as surpresas que surgem a partir das diferentes interpretações.

7)  Cada grupo irá reagir diferentemente ao livro, às imagens a à mediação.

Liberte-se de seus medos e receios, experimente livros com diferentes formatos, de diferentes gêneros e compartilhe suas experiências com a gente : )

Isabella Brandão.


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