quarta-feira, 1 de março de 2017

Diário do contador: Extraordinário de R.J. Palacio

Extraordinário, de R.J. Palacio, não é um livro fácil. Ele aborda um tema muito delicado da humanidade, que não é exatamente o preconceito, a intolerância ou a falta de empatia. O que mais choca em Extraordinário é a incapacidade humana de lidar com o medo e o estranho. Nosso primeiro impulso diante do desconhecido e do não estético é de fugir, excluir, evitar, não olhar e não pensar sobre.

Não fomos ensinados a tolerar tudo; não é da nossa cultura. Durante anos famílias esconderam o que nossa sociedade não aceitava publicamente. Em Extraordinário, a família tenta quebrar paradigmas e participa do processo de transição da sociedade. Eles buscam a inclusão, a aceitação e a mudança de visão cultural a respeito de pessoas diferentes.

Para ler tal livro para crianças de 6 anos de idade, tive que fazer algumas adaptações. Escolhi o primeiro capítulo, narrado por August, Comum. É um capítulo de uma página apenas, mas extremamente interessante. É onde o menino de rosto deformado fala que gostaria de ser reconhecido como uma criança comum – porque é o que ele é. Uma das intervenções que utilizei no início da leitura foi perguntar para as crianças o que elas achavam que significava “comum”.

Como o livro tem pequenas ilustrações no começo de cada capítulo, deixei que eles folheassem o livro e parassem para comparar cada rosto que encontravam. August, o personagem principal, sempre é retratado como um rosto de um olho só e uma orelha. Isso chamou atenção das crianças e foi o que elas usaram para definir a palavra “comum”: é o que não é normal.

Aproveitando as ilustrações, também pedi para que desenhassem uma pessoa que eles achassem que representasse a palavra “comum”. Durante essa atividade, perguntei se eles se achavam comum e se eles se sentiam parecidos com outras crianças. A ideia era eles reconhecerem suas diferenças e semelhanças entre si. Também perguntei a eles se eles me achavam comum, e a resposta foi unânime: ''não, tia, você não é comum, é normal''.

No fim da atividade expliquei que comum e normal eram palavras sinônimas. Eles não se importaram muito; estavam mais entusiasmados com os desenhos que tinham feito. E como não ficar entusiasmado? Ficaram lindos!



Daniele não assinou sua arte!





Escrito: por Tanize




Ficha Técnica:

Extraordinário

Autora: R. J. Palacio

Tradutora: Rachel Agavino

Editora: Intrinseca 

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