sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A Filha da Vendedora de Crisântemos (Dica de leitura - Acervo PNBE)


Esta é a cor bonina, de que Beatriz tanto gosta. É também a cor de suas sandálias e da capa do livro.

Autora: Stella Maria Rezende
Ilustrações: Andréia Resende.
Editora: Paulus
Ano: 2008
PNBE 2011

 Beatriz, uma adolescente alegre e cheia de vida, depara-se de repente com o desprezo e o afastamento de amigos da pequena cidade mineira onde vive:
- Beatriz, vê se me esquece, viu?
- Hem...?
- Tira o meu nome do seu caderno de recordação.
- Lélio, você...
- Acha que eu preciso dizer mais coisa?
- Não é possível...
- Me poupa, Beatriz. 
(...)
Desde o amado Lélio, até a amiga Joana, que nunca mais disse "Béa, nossa amizade vale ouro", todo mundo olha para o outro lado quando vê a Beatriz. E, nessa hora, nem suas sandálias boninas* parecem ajudar. A menina alegre, que anuncia à mãe que vai sair para "vesperar"** o passeio festivo do dia seguinte, se vê de repente à véspera... da tristeza. 

Porque a tristeza sempre vem.

Aos poucos, fica claro o que parece estar incomodando a todos:
Sua mãe, que vive de vender crisântemos para um moço que vem de Belo Horizonte.
Sua mãe, que prefere ser feliz.
Isso as pessoas não vão admitir. Onde já se viu? Essazinha aí vive de brisa... Essa, aquela... Ninguém mais chama a mãe pelo nome: Dona Geralda. 
A mãe que não faz questão de marido.
A mãe que namora o moço que vem buscar os crisântemos e que, ainda por cima, é lindo de morrer.
Aí não dá.
 "Onde já se viu uma mulher assim tão aliviada de vicissitude, ara mas tá. Ela pensa que pode plantar o que quiser, o quanto quiser e namorar um homem e ser feliz e para completar o homem é lindo?"

Sinais que Beatriz não notava antes, no meio da alegria e das cores das flores, revelam-se. A música preferida cuja letra a mãe, desolada, não consegue lembrar. A água que derrama perante o olhar vazio. O telhado nunca mais consertado.

E o não dito que rodeia tudo...
Por que o pai de Beatriz foi embora tão de repente, anos atrás? Por que ninguém explica nada?

Mas mesmo na tristeza e na véspera do desespero, Beatriz não vai desistir. Se até a Assombração da Lamparina, na velha casa abandonada, ela enfrentou, não é esse não-dizer  que  vai intimidá-la nem impedí-la de descobrir o que está acontecendo e enfrentar de frente o preconceito.

Uma bela história, repleta de brincadeiras com a palavra e a poesia, que faz pensar sobre  intolerância, coragem e transformação.

Recomendamos!


* Cor de uma flor muito comum em minas, um tom de rosa-violeta muito especial.
** Mistura de véspera e esperar, palavra inventada por Beatriz depois de ouvir a tia sempre repetir que "O melhor da festa é a véspera".

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