sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Crianças: O presente futuro e o presente bem presente

 
Imagem extraída de: http://www.educacao.al.gov.br/comunicacao/sala-de-imprensa/noticias/
2012/maio/alagoas-recebera-novo-material-didatico-para-alfabetizacao-de-criancas

Além de sentir-se humanizada e ter injeções de esperança ao estar em contato direto com as crianças no projeto Livros Abertos, as reuniões semanais de equipe são um ambiente interessante de interação do grupo e de compartilhamento de experiências, conselhos e questionamentos.

Preciso admitir que a leitura dialógica é um campo bastante desconhecido para mim, pois sempre fui contadora de histórias para ouvintes; é tudo muito novo quando as próprias crianças interpretam e montam juntas o significado da história.

No intuito de promover um ambiente livre de barreiras para o questionamento e a interação das crianças com o livro e as questões que dele advêm, a ideia do projeto oferece uma infinidade de possibilidades que a própria criança protagoniza.

Muito além da ideia tradicional de ensino, a leitura dialógica transcende padrões convencionais. De fato, nosso projeto trabalha com o ensino; o objetivo ali é ensinar apenas o que concerne à abertura de mente, ao desenvolvimento do senso crítica e à interpretação do texto, com perguntas frequentemente direcionadas pelas próprias crianças.

Reitero, então, a diferença: a criança como protagonista.

Em nossas reuniões semanais, sou instada a sair da caixinha mental de ver os pequenos como “páginas brancas” com muito a aprender. A este pensamento é acrescida a ideia de que eles também têm muito a ensinar. “Deixe a criança te guiar” e quebre todos os seus paradigmas.

Surpreendo-me com a riqueza das observações dos pequenos, que enxergam muito além do que nossas próprias ideias pré-concebidas. Daí lembramo-nos que as nossas ideias um dia não estavam ali; um dia eu era justamente como eles, livre para não descartar os pensamentos “fora do limite do razoável” que viessem a mim.

E ao abrir-me para esses pequenos e para os livros cheios de ideias fantasiosas que há muito não povoam minha mente, abro-me também para a realidade que não há futuro sem presente. E que essas crianças são hoje o que serão, são hoje o que estão se tornando. Despojo-me de qualquer ideia messiânica de ajudar, igualo-me aos pequenos e vejo que eles não são o futuro do país, mas o presente bem presente, que molda também a mim.

Deborah C. R. Ribeiro.

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