terça-feira, 28 de julho de 2015

Somos tudo ao mesmo tempo!

Nova postagem na Revista Livros Abertos!

Muitas vezes, dizemos às crianças coisas como: "Você é tão lento!" ou "Por que você se agita tanto?" ou "Você é mesmo muito levado!" ou "Você é mesmo bravo, heim?" Com isso, não notamos que estamos cristalizando momentos que são muito dinâmicos. Afinal, quem nunca ficou triste como um basset, ou alegre como um passarinho? Quem nunca foi suave como um gatinho, brincalhão como um macaqunho? Quem nunca se sentiu pequeno como uma joaninha ou enorme como um elefante? Somos tudo ao mesmo tempo e mudamos de acordo com as circunstâncias, e esta obra nos lembra essa verdade simples que tantas vezes esquecemos. Na Revista Livros Abertos, trazemos várias dicas para a leitura dialógica deste livro encantador.  A obra faz parte do PNBE 2010, portanto, você poderá achá-la na biblioteca de sua escola! Confira nossa Revista e comente se as dicas de mediação dialógica foram úteis para você. Boa leitura!!


quinta-feira, 9 de julho de 2015

De Animais a Leitores

Olá Leitores! Leitores de blog, leitores de comentários longos do Facebook, leitores de trilogias em uma sentada só, leitores de 6 em 6 meses, leitores de panfleto de rodoviária, etc. Estive nesses últimos dias passeando pelas minhas redes sociais e me deparei com um conjunto de imagens que me fez   pensar em vocês, isso mesmo, vocês.

Esses são os nossos últimos dias de atividade do semestre e queria falar um pouco sobre reações das nossas crianças nas nossas rodinhas de leituras dialógicas. (qualquer semelhança com você, NÃO É, mera coincidência =])

Primeiro nós temos crianças vivazes. Elas quando estão conosco na leitura dialógica são cheias de fulgor e vitalidade. Elas têm energia de vasculhar os quatro cantos da página por qualquer detalhe, qualquer vírgula não percebida. Adoram perguntar mil vezes e cada vez que a gente responde geram-se mais mil perguntas. E em várias da contações se não fosse a falta de tempo, elas falariam por horas sobre todas as coisas incríveis que a história fez ela lembrar e das aventuras que elas mesmas já fizeram. É um entusiasmo contagiante.
Eu gosto como os golfinhos saltam com tanta vivacidade.

Segundo tipo de criança que chega até nossos grupos de contações são mais graciosas. No grupo elas não são sempre as primeiras as falarem, as vezes não falam nada, mas estão lá, e quando acham oportuno sempre tem um comentário sobre a beleza da obra, e de sua opinião refinada sobre um ponto de vista que para todos não era significante, ela viu quão necessária era esses detalhes sobre o conjunto da obra. Grupos com crianças encantadoras cheias de poses, que vão as belas princesas, até os malvados piratas.

Baleias saltam com tanta graça.

Terceiro grupo geralmente estão intitulados como os mais bagunceiros, porque sua leitura é de pura força. Sutilezas passam por cima da cabeça delas, e elas atacam com intensidade e poder, as personagens, os heróis, os vilões, nada está fora do alcance da sua crítica e do seu gosto. São leitores intensos que geralmente fazem a gente sair da contação exaustos e descabelados.

Já os tubarões saltam com poder.

E por último, mas não menos importante, nossas crianças que quando se deparam com o livro, com a história, elas são como foguetes, voam longe, usam todas as forças da imaginação para serem carregadas pela história, como se estivessem sempre buscando o céu, o melhor, o mais alto sentimento. Daí a gente que está do lado de fora vendo a criança, acha que ela está mais perdida do mundo, que nem está prestando atenção, e enquanto a gente que é chato ficou na terra, ela já se foi embora, para um universo muito mais possível, muito melhor.   

E temos as arraias.


E você, como tem se deixado levar pelas histórias? Comenta aí em baixo para a gente saber.



BoscoJoão ;D

terça-feira, 7 de julho de 2015

O machismo e a gordofobia nos quadrinhos da Turma da Mônica

Já debatemos a respeito de diferenças aqui no blog utilizando a Turma da Mônica como referência, a HQ Tina, o triângulo da confusão indicada para debater a diversidade sexual na literatura infantil. Hoje, ainda no gancho de debate acerca da literatura infantil e suas abordagens sobre diferenças, faço uma crítica aos materiais que acompanhei, desta vez focando na perpetuação machista através da gordofobia indicada em alguns quadrinhos.

"Baixinha, dentuça e gorducha", esse não seria o bordão do Cebolinha? Todos rimos quando nossa protagonista corre atrás de um dos personagens mais amados da famosa HQ que carrega em suas costas 50 anos de tiragem. Cada particularidade, piada, a taxação de cada característica que torna o quadrinho mais divertido. Mas e quando a série, de forma inconsciente, passa uma mensagem negativa em um dos seus quadrinhos como por exemplo uma menina de oito anos que se diz insatisfeita com o próprio corpo? Quando ser gordo deixa de ser característica divertida entre duas crianças e passa a ser repúdio disfarçado em piada em um dos cartuns? Quando essa particularidade de ser gorda que é o que torna a nossa Mônica singular e divertida vira um problema a ponto de ser mudado quando passamos para a adolescência, introduzindo-a até a sexualização infantil(lolismo)?

Começamos com a história "Vai que cola" do personagem Piteco no almanaque "Uma aventura no parque de diversão da Mônica".



Piteco, uma caricatura de homem das cavernas, no quadrinho salva uma garota e ela o beija como agradecimento. A garota é aparentemente bonita, conforme os padrões de HQ americano, extremamente sensualizada. Ele gosta da recompensa e passa a salvar todas as garotas que consegue, sendo beijado por cada uma delas, amando receber essa troca. De repente, Piteco salva uma moça gorda de um urso, ela, como todas as outras garotas, o beija como recompensa. Piteco aparenta não gostar muito do beijo, quando ela "ameaça" dar mais um, ele sai correndo gritando por socorro.


Contrário do sutil machismo de mulher que troca proteção de um homem por favores sexuais, a gordofobia é gritante. Ele não só recusou a recompensa como se apavora com a ideia. Qual é o humor da tira? Em que ele se aplica? É engraçado demonizar uma mulher gorda? Mulheres gordas são feias? Mulher pode ter dois papéis, o de objeto de desejo e o de objeto de zoação? Mulheres "feias" são inferiores a mulheres bonitas? É o tipo de humor que uma criança apreciaria? A criança gorda ficaria chateada? E a moral da história seria meninas doutrinadas a precisarem de proteção, meninos doutrinados a proteger as meninas visando sexo em troca? Os meninos vão tratar as meninas assim e as meninas vão achar natural serem tratadas assim?

Aparentemente a gordofobia nas histórias da personagem carismática por ser gorda não para por aí. Até porque, Mônica, uma criança de oito anos, detesta o fato. Sim, a edição "O segredo de comer e não engordar" mostra isso.


Vamos fazer uma curta análise multimodal com essa linda capa. O almanaque é da nossa personagem Magali, normalmente voltado para o público infantil feminino. Veja, o nome desta edição está do lado esquerdo, destacado com bordas azuis e letras de fonte arredondada. Segundo o livro "Introdução a multimodalidade" de Josênia Vieira, quando uma propaganda possui o texto do lado esquerdo, significa o foco idealizado, o que se deseja ao possuir o produto; se o texto estiver na parte inferior da imagem, é o real, o que realmente está sendo vendido; letras arredondadas atingem o público que possui mais contato com manuscrito; a cor varia conforme a cultura, e na nossa, o azul em propaganda predomina "sede de conhecimento", "sabedoria", por isso os logotipos das livrarias normalmente são azuis. Levando em consideração que o público da revista são meninas de aproximadamente oito anos, ou seja, ainda estão em período de alfabetização(escrevem muito, tem muito contato com manuscrito para aprender), "O segredo de comer e não engordar" está minimamente destacado para atingir seu público, como se o segredo de comer e não engordar interessasse muito crianças de oito anos. A história resumida se dá em uma mulher que persegue Magali com uma mosca-câmera para descobrir a fórmula de emagrecimento dela. Logo que essa nutricionista é pega pela Turma enfurecida por estar perseguindo e gravando a privacidade da amiga, enquadram ela aborrecidos até que tudo se ameniza, por parte de Mônica, quando a mulher revela o mistério do por que estar perseguindo a Magali. Veja o texto:


"E não causou", afirmou Mônica que ao longo do texto concordou com a mulher o quanto também buscava emagrecer, o quanto ser magra era desejável por ela. A mulher que até então era vilã da história, torna-se a heroína por estar em busca do milagre que Mônica, uma menina de oito anos, sonhava. Emagrecer.

Em contrapartida, no almanaque da Magali, edição Reino das melancias, ser gordo é aceitável, sim. É algo até legal para o personagem Quinzinho. Sim, Quinzinho, um menino!



Com a moral da história "O que importa é beleza interior", meninas mostrando para meninos o quanto eles são maravilhosos até gordos, algo que até então era tratado com repúdio pelo autor, é do que a história se trata.

O quadrinho começa com as meninas falando sobre o Quinzinho. Inicialmente, vemos tons de deboche, claro, ver gordo sendo maltratado é engraçado, como aborda no quadrinho de Piteco. Então, Magali intervém como heroína, o que encanta o Quinzinho que está escutando lá atrás. Então, ela finalmente fala do quanto seria legal uma fada sugar uns dois quilos de gordura do menino.

Magali dizendo para a amiguinha bully - quase vilã na história - que prefere Quizinho mais magrinho.
Quinzinho, ao escutar aquilo que sua amada disse, fez uma repaginada completa no visual sumindo por uma semana. Comprou lentes azuis, uma peruca maneira e, claro, emagreceu! Para ser bonito para a pessoa amada, precisa ser magro, não é.
Observem que durante a história, Quinzinho vai ditando o que gosta ou não em uma mulher, e as meninas, claro, vão mostrando comportamento diferente do que possuem na tentativa de agradá-lo. Enquanto ele diz o quanto são vazias, o quanto elas são sem graça, o quanto não são originais, em contraponto, diz o quanto Magali é original, o quanto é legal, o quanto ela o merece. Observem então que as meninas que riram e zoaram de Quinzinho são apresentadas como pessoas ruins, como vilãs. Já Magali, que gosta dele, essa sim é maravilhosa.



Magali no primeiro quadrinho está com meninas que durante a história vão se mostrando "más", "vazias", "bullies", e adivinha? Elas não gostam do Quinzinho por ele ser gordo. A Magali não, ela é super legal durante os quadros, original, sincera, e oh! Ela prefere o Quinzinho gordo. Eu disse "prefere", ela não acha mais aceitável, ela acha melhor que.

Observem Quinzinho na Mônica Jovem.


Como característica dele no quadrinho, um menino robusto, mas galanteador para meninas legais como Magali.


Já a nossa baixinha, dentuça e gorducha, a personagem principal que tinha como particularidade principal ser gorda...

Mônica aos dezesseis anos. Magra, utilizando seu clássico vestidinho vermelho, aparentemente o mesmo de quando tinha oito anos, já que é tão pequeno que está até subindo

Mas por que nossa protagonista perdeu sua característica principal? Lembram-se do início, no quadrinho de Piteco que relata os dois papéis sociais da mulher? Ou ela é alvo de diversão ou objeto de desejo. E aqui temos Mônica adolescente e completamente sensualizada. Aos 14 anos!

Piadinha de mal gosto onde Mônica agradece Cebolinha o abraçando com o rosto do menino em direção aos seios ligeiramente avantajados para uma menina de quatorze anos.

Então, categorizando, crianças de oito a dezesseis anos, se você for menina aprenda que existe dois tipos de mulheres, as gordas e as magras. As gordas são inferiores às magras, elas só servem para ser motivo de piada. Se ela for magra, ela é objeto de desejo, por isso não importa se ela tem quatorze anos, ela sempre vai oferecer sexo em troca, porque mulheres servem para isso segundo os quadrinhos citados, entretenimento masculino.

A doutrinação funciona quando se aborda um mesmo tema repetidas vezes, pregando como algo natural, como o caminho a se seguir. A partir do momento em que é abordado a menina que busca proteção masculina porque precisa ser protegida(como é o caso dos antigos desenhos da Disney), o homem busca em troca o afeto feminino por protegê-la ou o repúdio visando humor se ela não for o esperado. E se o menino não for o esperado - como o caso do Quinzinho, que era gordo -, caso não gostem dele por isso, a culpa é da mulher, que é superficial. Esses quadrinho estão levando a frente tudo que atualmente tentamos desconstruir. A Mônica que era legal por ser diferente do que normalmente era abordado nos contos de Princesa, era uma menina brava, que se defendia, era gorda, agora é uma menina magra, sensualizada. Não importa se ela tem oito anos e é voltada para o público de oito anos, ela está preocupada com estética, vaidade, ela quer saber o segredo de emagrecer e não engordar. Não importa se ela tem quatorze ou dezesseis anos, ela é vista sob uma abordagem lolista, fetichista. Enquanto eles "amadurecem" as meninas nos quadrinhos, os meninos permanecem usufruindo da infância, Cascão continua não tomando banho, Cebolinha ainda troca R por L de vez em quando(considerado até um charme por Mônica), Quinzinho continua gordo(por que Magali quando criança disse que prefere ele como é, a menina que tem que ser amadurecida, concedeu ao menino o direito de não se preocupar com essas coisas, até porque ele é criança e não precisa acelerar o amadurecimento porque é menino).

Que mensagem o autor quer passar com essas abordagens? Minha opinião está subentendida, mas qual será a dele? Qual é a opinião de vocês? Se incomodariam se crianças próximas de vocês tivessem acesso a esse conteúdo sem conversar com adultos antes? Qual seria a opinião das crianças sobre esses quadrinhos? E as meninas? E as meninas gordas?

Referências:
OLIVEIRA, EDSON. Gatilhos mentais. Mais persuasão, Brasil 2014 < http://maispersuasao.com.br/psicologia-das-cores >
SOUSA, MAURÍCIO. Magali: no reino das melancias. N° 73. São Paulo: Panini Comics, janeiro de 2013.(Série Mônica 50 anos)
 SOUSA, MAURÍCIO. Magali: o segredo de comer e não engordar. N° 38. São Paulo: Panini Comics, fevereiro de 2010.
SOUSA, MAURÍCIO. Turma da mônica, uma aventura no parque: o Cebolinha perdeu a memória. N° 40. São Paulo: Panini Comics, abril de 2010. (Série Parque da Mônica)
SOUSA, MAURÍCIO. Turma da Mônica Jovem: Quatro dimensões mágicas - Parte I. N° 1. São Paulo: Panini Comics. Agosto, 2008.

 Autoria: Amanda Barros

sábado, 4 de julho de 2015

Cincos livros infantis sobre cultura africana e escravagismo

Os donos da Bola de Jô Oliveira fala sobre Apropriação cultural (quem quiser saber mais sobre o tema confira os links anexados ao final do post). A origem do futebol como um jogo recreativo dos escravos. O que achei interessante na história foi retratar o escravo de forma diferenciada do que estamos acostumados, o mesmo dito sobre as próximas obras que falarei a seguir.

O Rei Preto de Ouro Preto de Sylvia Orthof é uma narrativa acerca de um rei que recebeu com hospitalidade homens brancos em seu reinado e em troca foi levado à força para um país diferente, onde não mais eta tratado como um rei. Depois de lutar muito pela liberdade, criou o Quilombo de Ouro Preto para escravos independente da origem - desta vez não importa se foi da nobreza ou da vassalagem, todos são bem vindos no Quilombo de Ouro Preto do Rei Preto. Aqui o escravo é retratado como herói que luta pela sua liberdade e pela emancipação de seus iguais. Sem contar que mostrar a história do negro antes de sair pra passear de barco, que é apenas a partir daí que nos apresentam, é importante para crianças terem o conhecimento de nossos ancestrais que não são apenas europeus que escravizaram "negros coitadinhos" e depois os "libertaram" de bom grado. 
Selecionado na lista de 2008 do Pnbe.


Zumbi dos Palmares de Renato Lima inicia-se com um menino nisei afrodescendente que tem como apelido de capoeira Zumbi. A história se trata de ele contando para uma colega quem foi Zumbi dos Palmares e como surgiu a Consciência Negra e sua importância até hoje. Zumbi é um grande símbolo de resistência negra, e, apesar de muitos outros heróis nacionais, temos poucos registros, e em maior parte oral - devido a grande queima de arquivo genocida de Rui Barbosa 1891 sob alegação de a escravatura ser uma "mancha histórica" - sobre o assunto. Por isso, Zumbi é um dos mais citados, e uns dos poucos que nos restaram informação. Logo, uma biografia de alguém tão importante na visão de uma criança para outras crianças torna a leitura obrigatória.

Quilombo Orum Aiê de André Diniz conta a história de um grupo de pessoas em busca do tão sonhado Quilombo Orum Aiê. O grupo se compõe em um muçulmano que não fala português, Capivara - um escravo vegetariano considerado mentor da expedição - um branco fugitivo da prisão que alega inocência e uma escrava considerada a paixão de Capivara. Nesta busca por este Quilombo descrito maravilhoso, o grupo enfrenta aventuras que são as descrições de problemas que os escravos fugitivos passavam quando em fuga e a mentalidade das pessoas inseridas no sistema escravagista, tendo esta como única forma de ver o mundo. Capivara, o protagonista, se destaca por ser apaixonado por filosofia e considerado inteligente, apesar de ser analfabeto. Uma leitura em quadrinhos divertida e extremamente tocante, que além de mostrar muito do choque da cultura africana com a européia e os problemas que os escravos passavam quando em fuga, também mostra a história do povo brasileiro sob o olhar do oprimido. 
Selecionado na lista de 2011 do Pnbe.

As tranças de Bintou de Sylviane Anna Diouf  trata-se de uma menina que sonha em ter tranças lindas como as de sua mãe, irmã, cunhada e avó, mas tudo que tem são birotes sem graças na cabeça. Aqui mostra um pouco da cultura africana que eu não conhecia: tranças na cultura de Bintou são como maquiagem para nós, um símbolo de vaidade de mulheres, logo Bintou não pode fazer tranças porque ainda é uma criança. Para as meninas: lembram-se quando brincávamos com as maquiagens, perfumes e sutiãs de nossas mães ou irmãs mais velhas e elas sempre nos diziam que apenas quando moças, poderíamos ter a vaidade que quisermos, e tínhamos que esperar para poder usar? E a gente contava as horas para crescer logo só pra poder usar batom nos lábios? A história se volta em torno disso, Bintou sonha em ser uma bela moça com tranças longas na cabeça enfeitadas de todas as maneiras que desejasse. De repente, acontece um evento em sua aldeia que faz com que Bintou seja reconhecida como uma moça. Finalmente Bintou teria encontrado sua tão procurada identidade?
Possui na lista de 2005 do Pnbe.

Espero que tenham gostado das dicas, vou linkar arigos referentes aos livros. Beijos.
Embranquecimento da cultura negra para ser validada como cultura
http://blogueirasnegras.org/2014/07/10/ser-preto-ta-na-moda/
Cultura negra como tendência apaga a luta por trás.
http://blogueirasnegras.org/2015/02/18/a-cultura-negra-e-popular-mas-as-pessoas-negras-nao/
Símbolos de resistência negra sendo invalidadas por serem tratados como simples tendência e moda por brancos.
http://blogueirasnegras.org/2013/11/27/tirem-maos-simbolos-luta/

Para mais informações sobre o tema, existe uma tag chamada "Plano de Aula" no site Geledés que apresenta diversos artigos de discussão sobre racismo em sala de aula, ou como abordar consciência negra com crianças.
www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/educacao/planos-de-aula/#gs.1a6e1b4bcc5243628b598ad06b62f7a7

Vídeos interessantes
A dor dos judeus é motivo de comoção, a nossa é de piada.
https://www.youtube.com/watch?v=k-Nkz0pi50U
A pele que desumaniza até uma criança de cinco anos.
https://www.facebook.com/139591006142052/videos/648231081944706/

Fotos tiradas do site da Livraria Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/

Autoria: Amanda Barros

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Uma porta para a imaginação

Fonte da imagem: http://lelivros.red/book/download-o-meu-pe-de-laranja-lima-jose-mauro-de-vasconcelos-em-epub-mobi-e-pdf/

   Toda criança já teve algum grande amigo, seja ele real ou imaginário. E eu me lembro de que eu tinha uma grande amiga também, ela era uma fada, mas não era bem uma fada... Como posso explicar?
   Ela andava de patins, acho que os patins eram os pés dela, mas não posso afirmar nada com certeza. Tinha asas, e voava, mas era feita de folhas, mas tinha algumas penas... Acho que eram as folhas que pareciam penas, não me lembro bem. Talvez ela nem fosse uma fada, talvez fosse um passarinho cheio de folhas, mas não importa. O que importa era que eu gostava muito de brincar com ela. Pena que não recordo seu nome...
   Lembro-me também de um dos primeiros livros da minha infância, ”O meu pé de laranja lima”.  Um livro que era da minha mãe, e depois foi meu, quase considerado relíquia de família!


O melhor é eu tentando imitar a letra da minha mãe. Rss

 “O meu pé de laranja lima”, escrito por José Mauro de Vasconcelos, é um livro meio que biográfico, pois é o próprio autor contando a sua infância. E o mais interessante, é que ele narra o livro como se fosse criança outra vez! A história dele não é lá um conto de fadas. De família pobre, todos passavam por dificuldades, mas o legal do livro, apesar das passagens tristes que por vezes me fizeram chorar (sou muito emotiva), é que o Zezé, era uma criança que não se deixava abater pelos problemas. Era tido pela família, como sendo o mais sapeca, e às vezes sofria punições por isso (injustas, a meu ver).
     




      Este foi um livro excepcionalmente especial pra mim, talvez porque eu considerava este como sendo o primeiro livro “de verdade” que eu li (ele não tinha muitas gravuras, e eu me achava gente grande lendo um livro aos oito anos sem muitas gravuras). Mas acho que o real motivo era porque o melhor amigo do Zezé era (pasmem), um pé de laranja lima! Sim, o título do livro não é um mero acaso!
    Então eu percebi que eu não era a única que tinha amigos um tanto diferentes, e foi aí que eu pensei que talvez todos tivessem amigos diferentes, e que era normal ter amigos diferentes. Na verdade, até hoje eu tenho amigos um tanto diferentes, e isso não necessariamente é algo ruim (alguns até parecem passarinhos/fadas).


    Mas acho, acho não, tenho certeza, que um dos motivos de eu gostar tanto deste livro, e ainda guardá-lo na minha estante, mesmo ele estando tão velhinho, e com as páginas um pouco amareladas (e rabiscadas), é porque ele foi passado pra mim, como uma herança, pela minha mãe. Ele foi o trampolim que me fez querer devorar tantos outros livros quanto possíveis, que me fez perceber o quanto ler é algo rico e maravilhoso, e ainda hoje quando eu me lembro da história do Zezé, e quando lembro que o pequeno pé de laranja lima era o único que o escutava, eu também me lembro da minha amiga que tinha patins no lugar dos pés, e que isso é tão normal quanto falar com uma árvore. 

Escrito por: Paula Calazães.