terça-feira, 25 de julho de 2017

Confessionário

Vamos falar sobre nossos maiores defeitos enquanto mediadores? Este texto é para você, especialmente para você, aquele que não deixou de ser um simples e mero humano apesar de ter se tornado mediador.

Por mais vergonhoso que seja admitir, nós mediadores cometemos erros – vergonhosos, escabrosos e cabeludos. Daquele tipo de erro que nos deixa até envergonhados de escrever no diário e coramos para nós mesmos na frente do espelho. Hoje, trago uma coletânea dos deslizes mais comuns entre os mediadores.

Antes de mais nada, queria ressaltar que desses pequenos – às vezes grandes – deslizes, os mediadores mais experientes não estão vacinados.
Então...

OPS!
Nessa categoria, há os deslizes mais comuns na vida de um mediador – que não queremos que nossa coordenadora saiba – mas Eileen, ops!

1) Ops-Esqueci que tinha mediação hoje. Às vezes, o despertador não toca, a rotina muda inesperadamente e ops!

2) Ops-Escolhi o livro de última hora e deu ruim. Já aconteceu comigo e provavelmente já aconteceu com você... Um dia escolhemos o livro de última hora – tipo 5 minutos antes da contação. Ou mais vergonhoso, até escolhemos o livro antes, mas não o lemos  com antecedência e chegamos na contação com um enorme de um kinder-ovo.

Não sabemos que intervenções fazer nem o que perguntar... Eita, e quando é livro rimado? Falta prosódia, ritmo e musicalidade. Vejo que esse tipo de erro causa tanta vergonha que é extinto depois de uma ou duas vezes.


3) Ops-Eu segui ao pé da letra as dicas de alguém e fiz perguntas em todas as páginas e uma criança gritou para mim: PÁRA DE PERGUNTAR, TIA, EU QUERO OUVIR A HISTÓRIA! É... temperança é uma virtude trabalhosa, mas desejada aos mediadores.

4) Ops-Eu fiz uma contação no automático... Esta é escandalosa! Estou até com vergonha de escrever. Em dias cansativos, engatamos no automático e narramos simplesmente a história. O maior do pecados é quando deixamos escapar um “qual a moral da história?

5) E o clássico...  Ops-até hoje não aprendi o nome das crianças... nem da professora. SEM COMENTÁRIOS!

NÃO REGISTRAMOS!


O maior deslize que cometemos é que simplesmente não compartilhamos e divulgamos a Leitura Dialógica do jeito que ela merece. Não fazemos bom uso de nossas ferramentas, como este blog. As melhores experiências muitas vezes não chegam até aqui por que não fazemos registro delas. Essa é hora de nossos leitores darem um grito e brigarem conosco.
Vocês e a LD merecem o melhor de nós.

CIÚMES e POSSESSIVIDADE



O ciúmes patológico é frequente em três situações:

1) Em um dia ensolarado, você fez uma contação perfeita: o livro perfeito, as intervenções perfeitas com as crianças perfeitas, tudo se encaixou. A experiência foi tão única, tão soberba que você quer manter ela só para você. E você quer atear fogo na pessoa que ousar fazer mediação desse livro, principalmente por que ela pode fazer uma contação melhor do que você...

2) Um dia você encontra, na estante de um sebo/livraria aquele livro, aquele livro especial que foi feito para você, fala da sua história. Você compartilha sobre ele... mas essas coisas da alma se incendeiam feito faísca em palha. E quando você vê, 35 mil pessoas também acham o livro o máximo. Ele de repente não é mais exclusivo, nem tão especial.



3) Sentimos ciúmes de nossa turminha. Nossa turminha é a mais inteligente, esperta, alegre, divertida, espontânea... E ai do nosso colega que defenda que é a dele. Vixi, e quando pedimos para um colega nos substituir e na semana seguinte as crianças dizem que ele é muito mais legal do que você... Ai, meu coração!

MAS...

Olha, a editora  pediu para eu colocar um mas e terminar com um tom mais otimista.

Mas.. não vou mentir, se você pecou assim, você provavelmente perdeu seu lugar no céu dos mediadores. O lado bom é que... há tempo para redimir, salvar sua alma e quem sabe frequentar o lugar onde estão os maiores contadores de histórias.

A receita é simples. Faça mais mediações! Pode parecer paradoxal, mas a ordem médica é dobre os seus erros e multiplique em 100 seus acertos. Não é nada fácil ser um mediador. 

Quando estamos em roda com as crianças, elas, suas histórias e suas perguntas é o que há de mais importante, por isso não tenha dúvida, a leitura dialógica exige 100% de nossa atenção e afeto. Não tenhamos medo de errar e estar cada vez mais próximo e presente das crianças. Sabendo ouvi-las, sabendo provocá-las e sabendo mediar sua relação com a literatura da forma mais amorosa possível.


Com certeza, você já passou por isso compartilhe com a gente – ainda que de modo anônimo - qual foi seu maior erro durante uma contação. Qual foi seu maior deslize?

terça-feira, 18 de julho de 2017

A rainha das cores contado por 3 princesas...

Esse é o relato compartilhado de uma contação feita para uma turma inteira no escuro!

Inicialmente, chegamos e nos organizamos conforme o combinado e utilizamos um projetor para facilitar a visualização das ilustrações do livro. Logo então, montamos uma roda com as crianças e conversamos sobre o que elas gostavam -só para quebrar o gelo-, desde animais, comidas, roupas, livros ou esporte, qualquer coisa que fosse!

Ao pensarmos nessa dinâmica, tivemos como objetivo trabalhar a questão do poder, que o tema iria sugerir. Afinal, ao se falar de reis e rainhas, geralmente é a primeira noção que nos vem à mente. E, por isso, levamos uma coroa dourada de plástico para que cada um colocasse na hora em que fosse falar perante todo o grupo. Isso foi feito para instigar uma percepção de como um objeto ou uma posição social podem impor tanto poder e, no contexto descrito, chamar ou prender a atenção. Todos tiveram um momento como “superior”, donos da palavra e do momento.

A partir daí, começamos a introduzir o tema e o livro daquele dia: A rainha das cores. Já de cara perguntamos se as crianças conheciam alguma rainha, esperando respostas como : “Sim, a rainha má da Branca de Neve”, ou seja, esperávamos rainhas de contos de fada e de estórias infantis. Porém, as crianças nos surpreenderam respondendo : “Sim, conhecemos a rainha da Inglaterra, por exemplo”. Superando assim nossas expectativas e trazendo todo um caráter político e mais real a estória do livro daquele dia.



Na narrativa de poucas frases, as cores representam os sentimentos da rainha, personalidade que manda e desmanda, mas que na estória se viu sem autoridade sobre as cores. Essas cores somem ao longo de algumas páginas, vindo a ocasionar uma grande tristeza para a rainha. Esse momento é descrito no livro como “momento em que tudo ficou cinza”. Quero destacar que, por coincidência, ao entrarmos nesse trecho do livro, uma chuva muito forte começou a cair. De uma forma, que em minutos a energia acabou. Um apagão geral que nos deixou sem projetor e portanto sem imagens ou boa iluminação.

O apagão acabou com o que estava planejado para o dia, ou seja, nosso “plano A”. Dessa forma, fomos forçadas a um improviso que na verdade saiu muito bom, pois aproveitamos o momento para tratar da metáfora “ficou tudo cinza”, justamente como nos encontrávamos em sala de aula, já quase no escuro. Portanto, retomamos a mediação e fomos mostrando o livro para que todas as crianças pudessem ver e inclusive aproveitamos um pouco da luz do entardecer todavia chuvoso para terminar nossa conversa.

Com isso, a história seguiu e páginas depois a rainha começou a chorar de tristeza e curiosamente suas lágrimas saíram todas coloridas. Ocorreu então a volta das cores ao seu reino! Uma alegria para todas as crianças que abriram um grande sorriso ao escutar essa parte.

Foi interessante observar que as crianças interpretaram o choro justamente como uma forma de expressar sentimentos sendo bons ou ruins e, consequentemente, um alívio. Inclusive, entenderam o choro como algo preciso e muitas vezes necessário sendo você um menino, uma menina ou até mesmo uma rainha.


Ficha técnica
A rainha das cores
Autora: Jutta Bauer
Editora: O bichinho de conto

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Intensiva: Não nos calemos!



Após algumas semanas fora do ar, os trabalhos em nossa revista digital foi retomado!
Confira nossa nova intensiva que trata sobre temas difíceis e crianças em situação de vulnerabilidade social.

"Há certas coisas que são inexplicáveis, guerras, brigas, violência, fome, desigualdade social, abandono. Nem sempre, nossa casa é um lar."

https://www.revistalivrosabertos.org/single-post/2017/06/01/Intensiva-N%C3%A3o-nos-calemos











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