domingo, 23 de dezembro de 2012

Diário do Contador: Barbara Araujo


                                                    "Tia, ela é mágica!"

Com as festas finais nós começamos a dar adeus ao ano que está acabando e estendemos os braços para outro período de 365 dias. O mês de dezembro é o mês não só das festividades, mas também das reflexões pessoais sobre o ano que está se esvaindo, e dentre uma divagação e outra consequentemente nos perguntamos: será que fiz a diferença esse ano?
Fiz essa pergunta hoje de manhã, entre um pão com manteiga e café quente, me preparando para meu último encontro com as crianças da escola em que sou mediadora de leitura pelo Projeto.
Pensei nisso em todo o caminho até meu destino e encontrei várias respostas, positivas e negativas, mas só quando me deparei de frente para o portão da escola eu percebi uma coisa e em seguida auto questionei-me: Será que fiz a diferença para essas crianças nesse ano?
O barulho e a empolgação das crianças para a festinha de encerramento da contação em minha turma abafou os meus pensamentos e os esqueci. Enquanto todos estavam em suas mesas já servidos com seus bolos e copinhos com pipoca e fui conversar com duas alunas que estavam pintadas com maquiagem rosa. “ Nossa que bonitas estão com essa maquiagem! – eu disse” , uma das alunas voltou seus olhos para mim e disse “ a maquiagem é minha tia! – e de repente com olhos arregalados e dando um sinal com a mão para que eu chegasse mais perto ela falou – Ela é mágica tia! Shhhhhhhhh é segredo, não pode contar pra ninguém ! ”
Naquele momento minhas reflexões vieram à tona como um grande clarão em minha mente e percebi que aquelas palavras eram a minha resposta. Aquela aluna me mostrou com a sua sinceridade, inocência e fé, que ela acredita no irreal, acredita que aquela maquiagem fará coisas que esse mundo não fará por ela. Ela me mostrou um dos maiores dons do ser humano, o dom da imaginação. E qual mediador de leitura não quer que a criança acredite no fantástico?
Depois dessas palavras uma crise de riso brotou em mim seguidamente de uma sensação de orgulho  por pensar que eu contribui por meio das histórias que eu contei durante o ano para que aquela criança continuasse a ser criança. Pode ter sido muito pouco mas a diferença é exatamente criada quando há mudanças, mesmo não sendo perceptíveis.
 E agora eu te pergunto leitor, será que você fez, mesmo que pouco, a diferença nesse ano? Se sim, parabéns e continue crescendo ainda mais. Se não.... Bom, o ano ainda não acabou! Pegue um pouco de determinação e vontade, junte os dois e você se surpreenderá com os resultados!

domingo, 9 de dezembro de 2012

Diário do Contador: Gabriel Januário


Sobre mentiras e fábulas


Aconteceu algo interessante durante uma mediação de leitura com alunos do quinto ano, que contarei para vocês. Eu estava lendo um livro sobre as aventuras de Marco Polo, antes de começar a leitura deste livro, eu falei um pouco de quem foi Marco Polo: disse que ele realmente existiu, que viajou muito pelo mundo e que nesse livro iríamos conhecer um pouco das suas aventuras nessas viagens. Até que em uma das leituras na qual Marco Polo viajava, ele encontrou um gigante de um olho só! As crianças na hora perguntaram se aquilo era verdade, se ele realmente tinha existido? Se eu havia mentido pra elas. Uma das próprias crianças respondeu algo nesse sentido: que ele não tinha encontrado mesmo um gigante, já que eles de fato não existem, mas aquela história era a forma como ele viu as coisas, a forma como ele quis representá-las. Concordei e completei dizendo algo no sentido de que a gente pode dizer as coisas de várias formas. Fiquei bastante surpreso com a resposta. Marco Polo realmente viveu grandes aventuras e eu mesmo tinha achado estranho essa mistura de fatos e fábulas. O que acham? O que a resposta dessa criança diz a vocês? Como vocês encaram as mentiras na vida de vocês?