segunda-feira, 25 de março de 2013

Leituras dos mediadores por Suelem Jobim

Ler é muito bom e ler o que a gente bem entende é melhor ainda! Nós universitários e estudantes, em geral, temos muitas leituras obrigatórias que nem sempre são  agradáveis e fluidas. Por isso, desde que comecei a minha graduação aguardo ansiosa as férias (e quem não aguarda!!!) para descansar e ficar de pernas para o ar com um bom livro nas mãos. 
Tivemos uma greve na UnB ano passado, e nossas férias estão sendo agora em março. Então, faça de conta que estamos em pleno verão (e não no início do outono) que o ano está apenas começando, e cruze os dedos para que a chuva não atrapalhe os dias na praia! 
Estou lendo um romance incrível nessas férias! Tão incrível que pensei em deixá-lo em casa enquanto estou viajando para não me incomodar. Explico logo: um dos personagens é tão, mas tão irritante que tive receio de não conseguir descansar minha cabeça! É tão detestável que tenho vontade de jogar o livro na parede! Fora o medo que esse canalha se dê bem no final (ainda não acabei o livro, ele tem 333 páginas, e eu estou na de número 259). 
Mas é sempre assim quando leio algo desse autor. Ele revira os ânimos da gente, e quando percebemos estamos lendo a todo vapor, loucos para chegar no final. 
- Opa! Que nome estranho desse personagem...como é que se fala mesmo, é...Ah!!! Dane-se! O importante é avançar, é saber o que vai acontecer com esse miserável logo de uma vez! 
Estou falando do livro A aldeia de Stepántchikovo e seus habitantes de Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski, romance publicado em 1859, depois que o autor regressou de um exílio de dez anos na Sibéria. 
Antes do exílio ele chegou a ser condenado a morte, mas teve sua pena comutada no último momento (já pensou?! Hoje não teríamos Memórias do subsolo, O idiota, Os demônios, Crime e castigo, Os irmãos Karamazov, obras célebres da literatura mundial!). 


E qual foi seu crime? Participar do círculo literário de Petrachévski onde ele e mais um grupo de liberais liam e discutiam obras proibidas pela censura de Nikolai I. Segundo Joseph Frank, o maior estudioso de Dostoiévski, falecido no início desse mês, o real motivo é a participação do escritor na sociedade secreta de Spechniev, um grupo clandestino dentro do círculo maior de Petrachévski, cujo objetivo era incitar uma revolução dos camponeses contra a servidão. Quem quiser saber mais sobre a vida e obra do autor a editora EDUSP lançou recentemente os cinco tomos da biografia de Dostoiévski escritas por Frank ao longo de 30 anos. 
Mas voltando ao romance, A aldeia de Stepántchikovo e seus habitantes a princípio seria uma peça de teatro, segundo a correspondência da primeira esposa do autor com o grande teatrólogo russo Konstantin Stanislávski. Tempos depois, Dostoiévski escreve para seu editor dizendo que mudara de ideia, e que havia largado a forma da comédia e passado a escrever um romance cômico. 
Embora o livro faça parte do que a crítica chama de primeiro momento do escritor, e uma obra de transição, Dostoiévski em correspondência com seu irmão dizia ser esta sua melhor obra, onde havia colocado “sua alma, sua carne e seu sangue”. 
O personagem detestável que falei acima é Fomá Fomitch, uma espécie de Tartufo, o anti-herói de Molière, um grande hipócrita e parasita. 
Ele chega na propriedade do coronel Iegor Ilitch Rostániev como um mero vassalo e bufão, que a todo momento é humilhado e ofendido. Mas logo há uma reviravolta e Fomá torna-se um tirano que tortura todos os habitantes da casa, seus benfeitores, e até mesmo os mujiques da aldeia. 
Paro meu relato por aqui porque não quero tirar a graça da leitura com uma sinopse prolongada e nem descobrir, sem querer, outros detalhes da trama, pois afinal eu ainda não terminei o livro. 
Mas fica a dica de leitura deste livro genial! Tão genial que dá vontade de arremessá-lo na parede! 
Quem quiser mais dicas, ou se aprofundar na literatura russa eu gosto muito desse site http://www.literaturarussa.com.br/ 


A aldeia de Stepántchikovo e seus habitantes (das memórias de um desconhecido) de Fiódor Dostoiévski
Tradução de Lucas Simone
Desenhos de Darel
Editora 34, São Paulo - SP

segunda-feira, 4 de março de 2013

Refletindo sobre o futuro



Com certeza vocês já ouviram falar que no Brasil o índice de leitura é muito baixo. Eu de fato considerava isso uma realidade já que sabemos que a educação no nosso país é uma questão delicada. Fui procurar a constatação disso e encontrei muita dificuldade em encontrar dados que relacionassem os números dos leitores dos vários países. Na verdade encontrei muitos estudos sobre o assunto no Brasil, mas é difícil relacionar com dados de outros países. Por isso em um primeiro momento perdi o foco. Mas levando em consideração que de fato sejamos um povo pouco dado a leitura, vejo que incentivar a leitura é algo importante e comecei a perceber no projeto a possibilidade de criar leitores. Por que isso seria importante?Comecei a pensar que se houver um número maior de leitores haverá mais demanda por livros, jornais, meios de comunicação escrita em geral. Se tivermos essa demanda dos leitores cada vez maior, e, aos poucos cada vez mais exigente, haveria mais espaço para o desenvolvimento da comunicação escrita. Com isso, haveria um espaço maior para a multiplicidade infinita da criatividade humana. As informações que fossem apenas ralas ideias do que de fato acontece, não nos satisfaria mais. O jornalismo se desenvolveria cada vez mais, acompanharíamos de perto discussões de alto nível, sim, estaríamos no caminho de consolidar a nossa democracia, uma democracia que não permitiria tantos abusos. Num gesto não tão grande para mim, dedicar meu tempo a ler dialogicamente com o futuro do nosso país, numa tentativa de despertar e manter vivo o interesse pela leitura, não só nas crianças mas em mim mesmo, eis que reflito e vejo imensas possibilidades de transformar o mundo, um livro de cada vez.

Gabriel Januário - Mediador do Livros Abertos