segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Diário de campo – Raquel


Olá novamente! Há muito tempo não escrevo neste blog...

Meu nome é Raquel e participei do projeto Livros Abertos de 2011 a 2016. Estou de volta, agora na mediação de leitura no contexto da educação de jovens e adultos (E.J.A.).

A leitura sempre fez parte da minha vida, mas não diria que era uma constante em todos os momentos. Em alguns, os livros, apesar de grandes companheiros, criavam algum peso ou distância que não sei explicar tão bem. Acho que Daniel Pennac pode explicar melhor ao falar sobre o dogma “É preciso ler”, em seu livro “Como um Romance” (1992). No próximo post, vou explorar esse livro, por enquanto fica a sugestão de leitura! ;)




Quando entrei para o curso de psicologia na UnB, no terceiro semestre estava em um momento assim de distanciamento e peso...e eis que apareceu o Livros Abertos, projeto por o qual me apaixonei e permaneci até o final do curso. Gosto até de brincar que foi minha segunda graduação rs.

Início do blog (2011).
Semana universitária (2015).

Quase dois anos depois de formada, recebo uma ligação que se apresenta como um novo começo nesse antigo caminho.

Novamente em um momento em que a leitura tem sido estritamente acadêmica e “obrigatória” para os estudos, a literatura me abraça e traz essa experiência tão mágica que é ler junto, discutir e curtir esses momentos que só uma roda de leitura pode proporcionar. Ainda mais com o desafio de ler com adultos, público novo para mim na leitura dialógica. Mas na breve experiência que tive, no início dessa aventura, vi que o encantamento e troca nesse espaço são universais e o brilho no olhar (mesmo que cansado depois de um dia de trabalho) se mostra muito parecido com o das crianças ao vislumbrar um novo mundo no livro.

Durante essa experiência vamos ler o livro “A Bolsa Amarela” de Lygia Bojunga. A escolha do livro me toca particularmente. A protagonista dessa história coincidentemente se chama Raquel, é a caçula de quatro irmãos (assim como eu) e tem algumas vontades guardadas (assim como eu).  Uma das minhas vontades vou libertar aqui: é a de ler junto, de compartilhar ideias e criar espaços dialógicos na educação.


A bolsa amarela - tem post do livro no blog!

Muito obrigada por essa oportunidade! Vamos lá! Ao longo desse projeto vou dando notícias e fazendo algumas reflexões por aqui! Não percam, no próximo post temos o livro “Como um Romance” de Daniel Pennac. 

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Página de um diário inacabado


No dia 1º de agosto do ano passado eu vivia uma das maiores perdas da minha vida. Praticamente no exato momento em que eu me despedia da minha mãe, em um hospital, eu recebia por mensagem via celular um convite da querida amiga Eileen Flores, que nada sabia sobre o que eu estava passando. Ela estava me convidando para substituí-la temporariamente, por três meses, na coordenação do projeto de extensão “Livros Abertos: aqui todos contam!”, do qual eu já era admiradora.

Naquele turbilhão de emoções, como é do meu feitio, encarei o convite como um presente, da Eileen e do destino. Eu não queria achar que era só uma coincidência, mas que seria uma oportunidade para me fortalecer. Dias depois conversamos pessoalmente e eu decidi abraçar a oportunidade, ciente de que não seriam dias fáceis os que eu viveria naquele momento – não pelo projeto, mas pelo meu luto.

Assumi a coordenação, substituindo quem é insubstituível, ocupando uma função sabendo que viriam resistências, comparações, mas também viria acolhimento e aprendizagem.  E foi tudo isso mesmo. Fizemos inúmeras reuniões previstas no cronograma do projeto, pensamos em pautas, recebemos convidados. Eu adiei alguns dos meus planejamentos para o grupo, não consegui visitar escolas ou realizar mediações. Planejamos e realizamos eventos diversos, incluindo a programação da Semana de Extensão e dialogamos, tanto quanto possível, sobre o que estávamos fazendo bem e o que poderíamos melhorar. Conheci inúmeras histórias infanto-juvenis, mas muitas outras das pessoas que estavam ali, toda quinta-feira ao meio-dia.

Chegou o dia, então, de me despedir. Em dezembro preparei uma mediação para a última reunião em 
que eu participaria e compartilho a poesia que escolhi, a seguir:

Sentirei Saudades

Do pátio escuro,
Do cinzento do muro
Eu sentirei saudades...

Da briga das tias,
Da alegria dos colegas,
Sentirei saudades...

Das salas arejadas,
Do quadro verde como a grama,
Sentirei saudades...

Das novas lições
E das provas bimestrais,
Sentirei saudades...
Dos lanches gostosos,
Das serventes amorosas,
Sentirei saudades...

Do Ginaldo engraçado,
Da diretora alegre,
Do apoio pedagógico,
Sentirei saudades...

Da secretária amiga,
Das horas cívicas bonitas,
Sentirei saudades...

Se eu me esqueci de alguém,
Desculpe-me...
Mas de tudo sentirei saudades.

Após a leitura, perguntei: por quem essa poesia parece ter sido escrita?

Vários extensionistas, para minha surpresa, tiveram a impressão de que ela teria sido escrita por uma pessoa adulta ou idosa, lembrando-se de uma escola da qual havia se despedido em algum momento de sua vida.

Por que me surpreendi? Porque essa poesia foi escrita por uma criança, aos dez anos de idade, quando se despedia da escola em que havia estudado por cinco anos (da antiga pré-escola à 4ª série do ensino fundamental).

Conversamos um pouco e revelei ao grupo que essa “criança-autora” ou “criança-poetisa”, havia sido... eu!

E então, como toda mediação literária, veio o mais interessante. Eu compartilhei o quanto esta poesia foi importante para mim, acredito que como forma de lidar com as dificuldades de mudança de escola que eu vivia no momento, mas também como elaboração escrita. Lembro-me o quanto ela foi valorizada na escola, na minha família. Essa primeira produção poética me fez acreditar que eu podia me atrever com as palavras escritas e ela me levou adiante. Enfatizei o que o trabalho dos mediadores do projeto podem estar possibilitando para inúmeras crianças e adolescentes, mesmo sem que percebam este alcance.

Conversamos um pouco mais também sobre os estilos diversos de escrita. Como é difícil conciliar esse gosto ou facilidade por escrever poeticamente, ou em prosa, ou em crônica, quando estamos na academia e somos chamados a responder a partir da literatura científica, técnica. Um eterno dilema, uma luta diária que travo comigo mesma.

Perguntaram se eu ainda escrevo poesias. Fiquei envergonhada! Sim, ainda escrevo, muito timidamente, em relação à quantidade e divulgação. Acredito que transferi minha experiência poética para o interesse em relação à brincadeira infantil, atividade que me apaixona e que não me deixou amarras quanto à timidez. Sou capaz de teorizar, estudar, observar a brincadeira e ainda brincar! 

Nesta reunião eu agradeci a oportunidade de ter estado com o grupo naquele semestre tão difícil. Tive certeza de que a coordenação não foi um trabalho a mais diante do luto, mas foi um dos elementos que me tirou da possibilidade de me ver vencida pela dor que eu sentia.

Em reunião posterior com a Eileen eu compartilhei com ela um pouco de tudo isso e pedi para ficar, de alguma forma. Assim, estou aqui, neste momento, cumprindo a promessa de escrever este texto para o Blog e acompanhando, ainda que de longe, graças à tecnologia, discussões, organizações, movimentos de resistência e beleza.

Semestre que vem me reaproximarei.

Obrigada, Eileen! Obrigada, Livros Abertos!

Vocês me ajudaram a lidar com uma saudade sem fim.

P.S. 1- A Poesia foi escrita quando eu ainda me chamava Gabriela Sousa de Melo
P.S. 2 – Eu ainda tenho o original, escrita com minha letra cursiva e um desenho de coração ao fundo.

Escrito por Gabriela Sousa de Melo Mieto





sexta-feira, 1 de junho de 2018

Sobre retalhos, histórias e afeto

Minha mãe não me deu meu nome, Alice, assim, sem mais nem menos. Criou-me só, e em nosso País, as Maravilhas eram as Histórias que eu encontrava em cada canto de nosso pequeno apartamento. Mamei ouvindo cantigas misteriosas sobre um lugar chamado Roça e um Papão que rondava, mas minha mãe estava ali, bem do meu ladinho, ainda bem. Engatinhei rodeando pilhas de livros e revistas e um dia descobri que tinha força para derrubar aquelas torres cambaleantes, que se esparramavam em um fascinante leque arco-íris.

Ilustração de John Tenniel

Todas as noites, um ritual: a colcha de retalhos, que eu queria comigo, mesmo quando fazia calor. No começo era a voz. Ritmo que acalenta, música das músicas, histórias sem palavras. Ao longo dos anos, a música foi ganhando letra: bruxas, fadas, dragões, navios em viagens perigosas. Espelhos mágicos, pássaros falantes, palácios de açúcar. Macacos espertos, onças egoístas, amores impossíveis. O caminho que dá medo, a ajuda de quem menos esperamos, a coragem de continuar.

Um dia, fiz minha primeira aventura solo pela floresta densa que circundava nosso mundo. Tinha medo, claro, das bruxas e dos ogros que poderiam estar à espreita, mas também tinha a pedra mágica que minha mãe havia me dado, para o caso de eu precisar. Por isso não chorei quando, com uma mão segura pela cuidadora da creche e a outra envolvendo firmemente meu talismã, vi minha mãe se afastando e olhando para trás de vez em quando, com um sorriso encorajador que hoje não sei se era só para mim ou também para ela.

O tempo passou, da creche passei a ir à escola. Os dias passavam depressa no redemoinho de cadernos, areia, lápis de cor, as letras da cartilha, bola de meia e amarelinha. Fiz muitos amigos, mas não ouvi muitas histórias. O recreio era curto, nossas fantasias não cabiam nele, quando nosso mundo estava ficando bom, tocava o sinal e voltávamos para um deserto. Palavras sedentas nos imploravam pela água do sentido, mas só nos era permitido repetir seu nome, e elas secavam até morrer.

Minha mãe chegava para me buscar com o olhar um pouco perdido, me abraçava cansada e íamos para casa fazer a janta e preparar tudo para o dia seguinte. Eu ainda era pequena, mas ajudava em tudo que minha idade permitisse para terminarmos logo as tarefas e podermos, juntas, continuar lendo “nosso livro”. Líamos juntas um conto indígena, um mito grego ou uma lenda africana. Poemas, crônicas, um capítulo de algum romance “ainda muito difícil para você” (mas eu não me importava, achava até bom sentir que não entendia tudo, que leituras e releituras me revelariam novos segredos).

Mas nossas mil e uma noites não estavam salvando minha mãe dos monstros do dia-a-dia. Cada noite, via seu olhar mais velado, mais cansado. De um capítulo, passamos para algumas páginas, de algumas páginas a algumas linhas. Até que uma noite, minha mãe adormeceu no sofá antes de nossa sessão de histórias. Cobri-a com minha velha colcha e abracei-a com força, cantando baixinho uma de nossas cantigas. Contei-lhe uma história que começava num lugar encantado, sobre uma rainha que criava uma filha só, entrelaçando histórias em seus cabelos, dando-lhe forças para enfrentar o mundo. Um leve sorriso se desenhou em seus lábios. Murmurou algo que não entendi bem, sem acordar, mas parecendo mais tranquila. Ajeitei sua colcha, dei-lhe um beijo na testa e fui dormir. 

Para todas as mães e filhas contadoras de histórias.


Escrito por Eileen Pfeiffer

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Rodas dialógicas com jovens surdos: relatos de uma mediadora de leitura.




                Ok, sejamos francas: eu não entrei no Livros Abertos pensando em contar para adultos, minha vontade mesmo era estar junto das crianças. Mas aceitei o desafio e acabei parando no grupo de mediadores da Educação de Jovens e Adultos. Já na primeira visita à escola, outro desafio: mediação com jovens surdos. E por duas novatas que não sabem Libras. Vish, será que vai dar certo?
                Se você leu esse post aqui viu que isso não era exatamente uma novidade para o projeto. Ana Paula e Raphaella já haviam tido uma experiência no semestre passado e nos garantiram: “É ótimo! Eles adoram! Eles vão nos ajudando na comunicação!”. 
                Ainda assim, a insegurança batia forte, enquanto tentava convencer a mim mesma: “Vai ser uma experiência única, vou aprender pra caramba!”. Era o que eu repetia toda vez que alguém me perguntava: “E aí?”.
                Na primeira semana, levamos a Rapha com a gente e lemos Ana, Guto e o Gato Dançarino. Contávamos com uma professora intérprete. Mas saí de lá com um sentimento estranho, “É... foi legal... mas eles não participaram muito”. Ainda estávamos nos conhecendo.
                No segundo encontro, levamos O Pato, a Morte e a Tulipa, que eu e Tauane estávamos namorando há semanas. Aí eu pude perceber a diferença de se mediar um livro que você leu e releu, observou cada detalhe e se permitiu sentir. Foi realmente uma experiência diferente, a nossa conexão com a obra favoreceu a nossa conexão com os estudantes e deles também com a própria história. Podia ver eles engolindo seco (SPOILER) com a aproximação da morte do nosso amigo.
                Apesar de ter saído com a sensação de dever cumprido, por algum motivo não estava totalmente convencida. Não estava empolgada, como gostaria de estar.  Ao me perguntar o que estava me impedindo de me conectar verdadeiramente com essa experiência, logo respondia: “Ah, mas é porque a gente perde muito, tem um obstáculo na nossa comunicação, eu não sei LIBRAS”, “Sempre se perde algo na interpretação”, “Nosso diálogo não é fluido”.
                Pois bem, no encontro seguinte decidimos fazer algo totalmente diferente. Levamos um livro só de imagens (lindíssimo, por sinal, vale a pena conferir as imagens oníricas deste belíssimo livro-álbum):  A Bruxa e o Espantalho. Digitalizamos, preparamos um apresentação de slides e sugerimos: “Vamos construir juntos essa história?”.
E não poderia ter sido melhor! Eles super toparam, participaram, se empolgaram. Fluiu, foi natural. A imagem nos uniu, porque ela é uma linguagem que compartilhamos, ao contrário do Português e e de Libras, que apenas eram compreendidos por um ou outro dos lados. 
Era incrível como eles percebiam cada detalhe, um dos alunos inclusive se levantou várias vezes, para mostrar algo que havia observado. Todos nos divertimos muito, mediadoras, estudantes de EJA e professoras.
Detalhe de A Bruxa e o Espantalho, de Gabriel Pacheco.
Essa foi para mim uma noite muito especial. Foi quando eu confirmei que a leitura dialógica não tem limites. Basta que se esteja verdadeiramente aberta ao diálogo (perdoem-me a repetição, mas não há qualquer sinônimo à altura), buscando livrar-se de julgamentos e permitindo-se estar presente. 
É claro que as dificuldades surgem, assim como os incômodos, principalmente nas primeira experiências, mas se eu posso te dar um conselho, não tente afastar essas dificuldades à força, elas se vão naturalmente à medida que você conhece o seu grupo.
Agora, cá estou com o coração partido porque só voltarei a vê-los daqui um mês.  


Escrito por Júlia Di Flora


FICHAS TÉCNICAS DOS LIVROS CITADOS: 
Ana, Guto e o Gato Dançarino
autor: Stephen Michael King
ilustrador: Stephen Michael King
tradutora: Gilda de Aquino
editora: Brinque-book
ano de edição: 2004

O pato, a Morte e a Tulipa
autor: Wolf Erlbruch
ilustrador: Wolf Erlbruch
tradutor: José Marcos Macedo
editora: Cosacnaify
ano de edição: 2009

A Bruxa e o Espantalho
autor: Gabriel Pacheco
ilustrador: Gabriel Pacheco
editora: Jujuba
ano de edição: 2013

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Liberdade para Voar



“Tom tem o olhar parado no tempo”. É sob a perspectiva do irmão de Tom que somos convidados a compartilhar sua história. Uma história sobre reaprender a conhecer as pessoas que nos cercam. Sobre nos tirar do centro da narrativa de todas as histórias e perceber o outro a partir das suas experiências. O irmão de Tom talvez desconheça o que o torna tão diferente de si, talvez ninguém se incomode em explicar ou talvez não saibam também. Mas Tom vive em seu próprio mundo. Isso faz com que seu irmão se sinta confuso, sem saber o que fazer, com o coração calado”.
E o coração calado do irmão de Tom faz com que o nosso se cale também. Que fique pequenininho, apertado, partido. Porque, muitas vezes, quando temos alguém diferente, especial em nossas vidas, acabamos dando maior atenção a esse alguém e esquecendo que todos são especiais ao seu modo. E acabamos ignorando que todos precisam de atenção, todos precisam compartilhar momentos e histórias. E o irmão de Tom queria compartilhar aventuras, brincadeiras, sentimentos com Tom. Mesmo sem saber como. Ao longo da história desses dois irmãos percebemos a separação que existe entre eles. Uma separação emocional, afetiva. A vida acontece e Tom parece não percebe, acredita seu irmão. Só fica parado observando pássaros voando.
Enquanto toda a família é desenhada com traços mais humanos e com cores fortes, Tom é desenhado de forma peculiar, vazio, translucido, sem cores. Seus olhos são os olhos coloridos dos pássaros que ele tanto ama observar. Enquanto o gato da família tem traços realistas, os pássaros de Tom são traçados tais como origamis, dos mais diversos e coloridos.
O irmão de Tom se pergunta como alcançá-lo, como conversar com ele, entende-lo: “Onde será que Tom guarda todos os seus sonhos?”. Até que ele acompanha o irmão em seu amor pelos pássaros e percebe que ele tem sim uma vida própria, brincadeiras e sentimentos e isso acalenta seu coração. Só então, ele sente o som que vem do seu peito. Como se o mundo agora fizesse sentido e fosse possível sorrir e senti-lo.
É muito difícil quando temos que sair da nossa zona de conforto e nos aventurar nas experiências alheias. E aos nossos olhos, essas experiencias, por vezes, parecem confusas, sem significado, sem importância. Quando conseguimos diminuir os sons dos desconfortos que ecoam em nossas cabeças, conseguimos aproveitar as oportunidades de reaprender a enxergar o outro e, com isso, nos redescobrir também. Redescobrir nossos limites e potenciais, nossos sonhos. E você? Onde você guarda os seus sonhos? Já pensou em redescobri-los hoje?

Ficha técnica
Tom
Escritor: André Neves
Ilustrador: André Neves
Editora: Projeto
Ano de edição: 2012

Postagem escrita por Raphaella Christine Souza Caldas.