quarta-feira, 29 de março de 2017

O Acervo Indica: Os Novos Clássicos II

Chegamos a última postagem de nosso especial e queremos saber dos leitores... Quais de nossas indicações vocês gostariam de ver mais profundamente no blog ou quais deles vocês gostariam de ver em nossa revista digital!

Escreva nos comentários!
As obras mais votadas vão ganhar novos especiais! =)

Mas, sem mais demora, vamos as últimas indicações dos Novos Clássicos, aqui você vai encontrar obras impressionantes para fechar com chave de ouro nosso especial!


5) Eloísa e os Bichos de Jairo Buitrago e Rafael Yockteng

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Semelhante a um dos livros que já passou pelo nosso especial - Extraordinário - este livro magnífico pode ser uma porta que nos convida para pensar sobre adaptações, mudanças e transformações.

Eloísa se muda com seu pai e o lugar é muito esquisito! Ela se sente tão estranha e inadequada e esse estranhamento todo chega até a gente por meio de ilustrações sensíveis - e ao mesmo tempo poderosas.

Sem dúvida é um excelente livro para se mediar, mas antes disso um excelente livro para se desfrutar, ao seu tempo, do seu jeito, lembrando-se daquelas vezes que você já se sentiu como Eloísa durante sua vida.


Confira algumas dicas de mediação  dessa obra incrível! >>> http://livrosabertosaquitodoscontam.blogspot.com.br/2014/10/sobre-se-sentir-um-bicho-estranho.html?m=1

Ficha Técnica
Eloísa e os bichos
Texto: Jairo Buitrago
Ilustrações: Rafael Yockteng
Tradução: Márcia Leite

Editora: Pulo do Gato



6) A sombra do vento de Carlos Ruiz Zafón

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O mistério que este livro contém nos invade por todos os sentidos. Nossa cognição já se perde em pensamentos mirabolantes a partir do título - como pode o vento ter sombra? A ilustração da capa nos causa um arrepio, para onde vão o homem e a criança no meio de tanta neblina?

O cenário desse romance é envolvente, ora nos vemos nas ruas de Barcelona, ora estamos entre estantes de livros. A descoberta do amor, a relação entre pais e filhos, a amizade são temas que perpassam uma história que nos provoca para pensarmos a relação entre criação e criador.

A narrativa de Carlos Zafón é marcante, misteriosa e marcou leitores de diferentes idades. Encontramos aqui um clássico que marcará a geração de muitos jovens.

Ficha técnica
Título: A sombra do vento 
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma Letras
Ano: 2007

7) A invenção de Hugo Cabret de Brian Selznick

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Este é mais um dos livros de nossa lista que já foi adaptado as telonas de cinema. E nos vemos diante de uma ironia, pois o livro que fala sobre a história de um cineastra francês... mas nós só descobrimos isso no desfecho desse grande mistério.

Órfão, abandonado por seu cuidador, Hugo Cabret vive a duras penas na estação de trem. Sabe que eventualmente será descoberto pelo inspetor da estação e que será mandado para o orfanato. Mas antes disso acontecer Hugo tem que fazer funcionar o autômato que seu pai deixou para trás.

Ele não sabe que com isso ele desvelará segredos de família e descobrirá um mágico cineastra onde só via um azedo vendedor de brinquedos. As ilustrações dessa obra são tão importantes e intensas quanto ao texto escrito, não perca a oportunidade de embarcar nesse mistério.

Ficha técnica
Título: A invenção de Hugo Cabret
Autor: Brian Selznick
Editora: Edições SM
Ano: 2007


8) Coração de Tinta de Cornelia Funke

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Havia muito tempo que eu não lia por prazer. Minhas leituras estavam resumidas a textos técnicos. E mesmo a literatura do projeto, ainda que aconchegante, se tornou obrigatória. Diante dessa situação, procurei por um livro que em transportasse para outro mundo. Algum que me fizesse viajar em sua história e me apaixonar por seus personagens.

Escolhi Coração de Tinta. Um livro onde o que eu procurava realmente acontece! E assim como Elinor, tenho certeza que todo bom leitor muitas vezes desejou (ou ainda deseja) “entrar dentro de um dos seus livros favoritos”. Mas, será que já desejaram que ao ler as palavras tomassem formas e se transformassem em realidade?!

Pois isso é possível para Mortimer Folchart (Mo, para os íntimos). Mo, através de sua língua encantada, “preenchia o silêncio com palavras. Ele as atraia para fora das páginas, como se elas estivessem esperando apenas por sua voz – palavras longas e breves, altivas e ternas, ronronantes, rumorejantes. Elas dançavam pelo quarto, pintavam imagens de vidro colorido e faziam cócegas na pele”.

Coração de tinta é só o começo. Cornelia Funke, autora e ilustradora desse magnífico conto, nos presenteou com a trilogia Mundo de Tinta; repleta de aventuras, coragem, reviravoltas, afetos e vida! (literalmente).

Como se toda essa magia não fosse suficiente, o livro, bem como suas lindas epígrafes, faz referência a outras obras muito conhecidas e a personagens famosos da literatura; como: Pippi Meialonga, Alice no País das Maravilhas, Os contos das mil e uma noites, Peter Pan, ursinho Pooh e muitos outros.

Desfrute dessa história e permita que ela te guie para um lugar inusitado e tenha encantamentos à flor da pele! E lembre-se: “o bom dos livros é justamente isto: podemos fechá-los quando quisermos” (embora, eu espere que você, caro leitor desse blog, tenha sede por abrir cada vez mais livros!).

Ficha técnica
Título: Coração de tinta 
Autor: Cornelia Funke
Editora: Seguinte
Ano: 2006


Nossas indicações terminam por aqui!
Agradecemos por todos que nos acompanharam neste caminho.
Acompanhem nossas postagens, há muita novidade chegando por aqui.
Escrito com carinho por Rafaella, Eileen e Júlia

segunda-feira, 27 de março de 2017

Ah! A primeira vez!

A minha primeira vivência da leitura dialógica aconteceu recentemente. Nessa estréia, eu estava como platéia, junto de outros colegas que também ingressavam no projeto. A experiência veio a somar muito, pois pude me pôr no lugar de espectadora, imaginando como as crianças que futuramente me ouvirão e conversarão comigo irão se comportar. Além disso, pude esclarecer algumas duvidas do que seria a leitura dialógica na prática.

Me senti todo o tempo a vontade para opinar e fazer reflexões sobre o que eu via e escutava. Acredito que essa liberdade para a expressão de nossas próprias interpretações seja a maior riqueza do Projeto. Porque, além de alimentar a nossa criatividade e percepção do enredo, ainda somos despertados para perceber outras visões e contextos que são proporcionados pelos colegas.

O livro escolhido foi Aves, um texto riquíssimo, que provocou nossos conceitos de antropocentrismo, por meio de textos pequenos e ilustrações, que ocasionavam várias interpretações. Afinal, a representação dos personagens do texto é feita pela humanização de animais, no caso pássaros. Este ponto que me deixou muito intrigada, pois a todo momento nós - platéia- tentávamos encontrar mais e mais traços humanos na história. 

Eu não conseguia ver a narrativa simplesmente como de pássaros - com roupas - e a descrição de suas próprias vidas, pelo contrário! Não sei se os autores fizeram isso propositalmente, mas em seus pássaros, eu enxergava a representação da humanidade. Humanidade essa marcada pelo egoísmo, pela vaidade, pela busca exacerbada do "progresso", pela busca de facilidades. De modo a chegar até mesmo ao ponto de perder o discernimento do quanto esse contexto de busca insaciável nos faz mal.

O livro se torna complexo no que diz respeito as temáticas, pois cada um dos pontos abordados proporciona grandes interpretações do que é, ou poderá se tornar a humanidade. Senti meu cérebro borbulhar de idéias, foi um momento muito rico e instigante para o início no Projeto.


Escrito por: Ana Paula Laforga
Ficou com também com o cérebro borbulhando de idéias também?
Não perca a postagem da semana que vem sobre o livro Aves!

Ficha técnica
Aves
Autores: María Julia Díaz Garrido e David Daniel Álvarez Hernández 
Editora: Kalandraka

quarta-feira, 22 de março de 2017

O Acervo Indica: Os Novos Clássicos I

Livros que em breve serão clássicos no Brasil.
Fizemos uma seleção de novidades e de livros que chegaram há pouco tempo nas estantes das bibliotecas do Brasil.

1) Contos de Lugares Distantes de Shaun Tan


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Shaun Tan é um autor desbravador, dotado de muitos talentos. É capaz de mover grandes porções de afetos de maneira sutil, mas poderoso como o movimento tectônico.

Ele mergulha no fantástico e faz respigar e refrescar quem está ao seu redor. Exatamente como uma criança faz no verão, quando salta como uma granada na piscina da avó.

Esse livro parece ser um diário do escritor em suas viagens, uma grande colcha de retalhos com reflexões e aventuras, cada destino tem suas próprias cores e estilo. Lembra uma coleção de postais ou um scrapbook feito com carinho e pensado em cada detalhe. 


Se a curiosidade já te encontrou, leia sobre alguns dos contos fantásticos que você vai encontrar nesse livro:

Ficha técnica do livro
Contos de lugares distantes
Autor e ilustrador : Shaun Tan
Tradução: Érico Assis
Editora: Cosacnaify
Ano: 2013

2) Extraordinário de R. J. Palacios

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Não só crianças e adolescentes têm de ler, mas todos, todos mesmo! Se você é um ser humano sobre a terra, faça o favor de ler! 

É uma questão de se sensibilizar com o outro, com as diferenças, com a singularidade de cada um. A linguagem é gostosa, o livro é bem escrito. É contagiante! 

Não faltaram afeto, exclamações e superlativos para fazer a indicação desse livro, que nos instiga a ser o seu melhor para o outro. Muitos mediadores já falaram que este é um livro que vai ler para suas crianças!

P.S.: Vocês sabiam que a escritora de Extraordinário é uma brasileira?

Ficha Técnica
Título: Extraordinário
Autor: R. J. Palacios
Editora: Intrinseca


3) A história de Júlia e sua sombra de menino de 

Christian Bruel, Anne Galland e Anne Bozellec

https://static.wixstatic.com/media

Muit@s d@s mediador@s de nosso projeto se emudecem diante desta obra. Eu me vejo juntando-me ao coro do silêncio que contempla uma obra tão magnífica e sensível. Muitas histórias se encontram na história de Júlia e acredito que seja esse processo de identificação que torna esta obra tão magistral.

Levante da cadeira agora aquele que alguma vez foi impedido de brincar de algo porque era apenas para meninos; aquele foi impedido de usar uma roupa ou uma cor, porque rosa e saia são vetados para rapazes. Aquele que já foi foi calado pelos pais, aquele que já foi devastado pela dor de não atender as expectativas de familiares.

E se algum de vocês leitores, ainda está sentado, tenho certeza que você ainda vai se emocionar com as história dessa menina atormentada pela própria sombra.

Confira sem demora nossas dicas de mediação: https://www.revistalivrosabertos.org/single-post/2016/06/29/A-Hist%C3%B3ria-de-J%C3%BAlia-e-sua-Sombra-de-Menino-Christian-Bruel-Anne-Galland-e-Anne-Bozellec

Ficha Técnica
Título: A história de Júlia e sua sombra de menino
Autores: Christian Bruel e Anne Galland 
Ilustradora: Anne Bozellec
Editora: Sipcione
Ano: 2015

4) O livro de todas as coisas Guus Kuijer

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Este livro já passou por aqui em uma edição especial do Acervo Indica. Ele começa de forma metalinguística. Thomas já adulto, bate a porta do autor e fala que gostaria de contar sua história.

Como o nome sugere, trata-se de um livro que aborda todas as coisas do mundo! Como isso? Ora, em uma vida vemos todo o tipo de coisa, e isso é verdade para sobre infância de Thomas, que não foi feliz. Neste livro, a realidade e a imaginação se misturam, afinal Thomas era capaz de ver coisas que ninguém mais via. Ele também questionava o que ninguém questionava: por que o mundo dos adultos é tão confuso? Por que há tantas incoerências e desencontros entre o falar e o agir?

É impossível não se inquietar com os sonhos e os pesadelos que Thomas teve que enfrentar. A narrativa de Guus é familiar e saborosa, parece mesmo que foi feita à frente da lareira junto com Thomas. É um livro tão surpreendente e tão rico, que hoje encontrei vinte e um reais quando o abri. Hahaha!


Ficha Técnica
Título: O livro de todas as coisas
Autor: Guus Kuijer
Tradutora: Mirella Traversin Martino
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2011

Já tiveram oportunidade de conhecer essas obras?
Voltaremos com outras dicas de livros semana que vem,
Nos vemos lá.
Com carinho,
Eileen, Tanize, Monique e Júlia

segunda-feira, 20 de março de 2017

Você precisa conhecer Pippi Meialonga

Pippi Meialonga (nome completo Pippilotta Comilança Veneziana Bala-de-Goma Filhefraim Meialonga) tem nove anos e é a menina mais forte do mundo. Tem duas tranças cor de cenoura e o rosto todo salpicado de sardas. Seu vestido é feito por ela mesma e todo cheio de retalhos coloridos. Pippi mora na Vila Vilekula, uma casinha situada numa cidadezinha muito, muito pequenina,  com o Sr. Nilson (um macaquinho) e um cavalo que fica no terraço. Ninguém mais. Muito melhor assim, pois "ninguém vinha dizer a ela que estava na hora de ir para a cama no exato instante em que ela estava se divertindo mais, e ninguém a mandava tomar óleo de fígado de bacalhau quando ela estava com vontade de chupar uma bala".

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Seu pai, Efraim Meialonga, é um capitão que navega os sete mares. Sua mãe está no céu. Seus vizinhos Aninha e Tom são duas crianças muito certinhas, penteadas e limpinhas para quem, depois que fazem amizade com Pippi, a vida nunca mais será igual. Pippi tem uma árvore que serve limonada geladinha (que os pequenos leitores rapidamente desconfiam ser colocada no oco da árvore pela própria Pippi), uma gaveta cheia de maravilhas trazidas de suas viagens com o pai que prontamente compartilha e mil aventuras malucas na manga. Divertida e nunca igual, não leva desaforo para casa, enfrentando valentões de todo tipo (inclusive dois policiais muito agressivos e cínicos terminam sendo lançados ao telhado da casa após testar continuamente a paciência de nossa heroína). Pippi dorme com os pés no travesseiro, organiza aventuras sensacionais, faz faxina patinando com dois escovões no pé e aproveita cada momento da vida com um entusiasmo contagiante. Faz as coisas do jeito dela, sempre causando o maior estranhamento, ao que responde, invariavelmente, com uma história fantástica sobre um lugar distante que ela teria conhecido em que as pessoas fazem as coisas exatamente assim, deixando Tom e Aninha (e os pequenos leitores) com a pulga atrás da orelha e pensando que, sim, as coisas podem ser diferentes em outros lugares e tempos e as convenções não são eternas nem imutáveis.  

Assim como para Tom e Aninha, minha vida mudou quando Pippi fez sua entrada triunfal em meu coração. É tão difícil escolher um trecho, dentre tantos maravilhosos, para mostrar o quanto essa menininha nos arrebata com sua espontaneidade e perspicácia. O trecho que escolhi expressa o amor-próprio da menina, relacionado a uma característica que, na época em que se passa a história, era considerada um grande defeito estético, que exigia tratamentos cosméticos prolongados. As três crianças estão passeando e Pippi vê algo na vitrine de uma perfumaria:


"A vitrine mostrava um grande pote de creme anti-sardas e, ao lado do pote, uma tabuleta com a pergunta: "VOCÊ SOFRE DE SARDAS?".
- O que está escrito ali - quis saber Pippi. Ela quase não sabia ler, pois não queria ir à escola como as outras crianças.
- Está escrito: "Você sofre de sardas?"- disse Aninha.
- Ah, é? Interessante… - disse Pippi, pensativa. - Bem, uma pergunta educada exige uma resposta educada. Vamos entrar!
A menina empurrou a porta e entrou, seguida de perto por Tom e Aninha. Atrás do balcão estava uma senhora de certa idade. Pippi foi direto para ela.
- Não! - disse, em tom decidido.
- O que você quer? - perguntou a senhora.
- Não! - repetiu Pippi.
- Não entendo o que você está tentando me dizer - disse a senhora.
- Não, eu não sofro de sardas - disse Pippi.
Agora sim, a senhora entendeu. Mas, depois de dar uma olhada para Pippi, ela comentou:
- Mas minha querida menina, seu rosto é completamente coberto de sardas!
- É mesmo! - respondeu Pippi. - Mas eu não sofro com elas. Eu gosto delas! Até logo!
Quando chegou à porta, Pippi olhou para trás e gritou:
- Mas se aparecer algum creme que aumente as sardas, por favor, mande entregar sete ou oito potes lá em casa!".


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Quem me apresentou Pippi foi minha mãe (O livro foi publicado no ano em que ela nasceu: 1945). Lá em casa, toda a criançada já riu, se encantou e empoderou com as peripécias dessa grande menininha criada pela genial Astrid Lindgren (não é à toa que o maior prêmio mundial de literatura infanto-juvenil leva seu nome).

Quando eu ia dormir, pensava em Pippi, no silêncio da Vila Vilekula, com os pés no travesseiro, cantando melodias de ninar para si mesma. Eu, do outro lado desse sonho literário, com meus pais por perto, sentia um pouco de tristeza ao pensar em Pippi tão sozinha. Ao mesmo tempo, entendia, de alguma maneira, que há uma solidão que sempre irá nos acompanhar. Ainda bem que Pippi me ensinou que isso não precisa ser ruim e que, dentro de nós, podemos encontrar generosidade, alegria de viver e uma força descomunal que nem imaginávamos ser possível.


Escrito por: Eileen Pfeiffer
Ficha Técnica:
Título: Pippi Meialonga
Autora: Astrid Lindgren
Ilustrações: Lauren Child
Tradução do sueco: Maria de Macedo
Editora: Astrid Lindgren
Ano: 2008 (publicado pela primeira vez na Suécia em 1945).

quarta-feira, 15 de março de 2017

O Acervo Indica: Clássicos II

Continuamos nossa maratona pelos livros favoritos de nosso Projeto! Ansiosos pelas nossas dicas de leitura?


5) Bolsa Amarela de Lygia Bojunga

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Sabe aquelas três vontades secretas que provavelmente toda criança já teve? Se você não teve vai conhecer e vai se identificar. Em Bolsa Amarela, você conhece uma criança que tem certas vontades, que falam diretamente com você. Algumas você vai inevitavelmente realizar com o tempo, outras apenas se você perseverar. 

O grande dilema é o que fazer quando as vontades vão crescendo devagarinho e tomando todo o espaço a sua volta e te sufocando de tanta ansiedade, que é difícil conter. Do que você precisa para esconder um amigo brigão? Para enfiar aquelas histórias incríveis que não dá pra não contar pra todo mundo? Você precisa de algo grande, você precisa de algo bonito, Você precisa de uma bolsa amarela. Eu queria ter tido uma, ajudaria bastante a aliviar a tensão de ficar escondendo minhas vontades. Pouparia minhas pernas de todas as vezes que tive que sair correndo porque uma vontade estava crescendo e eu não podia deixa-la sair ali onde eu estava. Ah, como eu queria uma bolsa amarela...!

Ficou curioso (a)? Venha conhecer mais sobre essa obra de Lygia É uma das postagens mais populares em nosso blog, diga-se de passagem, acho que no fundo, todos gostaríamos de uma bolsa assim.
http://livrosabertosaquitodoscontam.blogspot.com.br/2015/11/a-bolsa-amarela-de-lygia-bojunga.html

Título: A Bolsa Amarela
Autora: Lygia Bojunga Nunes
Ilustradora: Marie Louise Nery
Edição: 35a (Primeira Edição em 1976)
Editora: Casa Lygia Bojunga (Rio de Janeiro)

6) Pipa Meialonga de Astrid Lindgren




Essa garotinha de tranças ruivas e sardinhas não pode faltar no universo literário das crianças. Criada por Astrid Lindgren em 1945, é considerada uma das personagens-meninas mais empoderadoras da literatura infanto-juvenil. Acontece que Pippi é a menina mais forte do mundo e enfrenta sem temor todo tipo de bullies, desde o bando de valentões que atormenta a vida de um menino, na razão de cinco para um até ladrões que entram em sua casa achando que será crime fácil, pelo fato de Pippi morar sozinha (sua mãe é um anjo no céu e seu pai é capitão dos sete mares). Mas Pippi se vira muito bem, do jeito dela, que é sempre o jeito mais divertido do mundo. Faz panquecas jogando ovos para o alto e, quando um deles cai em sua cabeça e se quebra, explica que há países distantes em que todo mundo faz assim, afinal, por que não? Inventora suprema de brincadeiras, inverte expectativas e cria mil aventuras maravilhosas. Como dizem seus (muito certinhos e tímidos) amigos e vizinhos Tom e Aninha, "Com Pippi, nunca dá para saber". Simplesmente imperdível!

Em breve, teremos uma matéria um pouco mais longa sobre a Pippi, enquanto isso, por que não procurá-la na biblioteca? Não vai se arrepender! :)


Ficha Técnica: 
Título: Pippi Meialonga
Autora: Astrid Lindgren
Ilustrações: Lauren Child
Tradução do sueco: Maria de Macedo
Editora: Astrid Lindgren
Ano: 2008 (publicado pela primeira vez na Suécia em 1945).


7) Frankenstein ou o Prometeu Moderno de Mary Shelley


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Essa obra prima simplesmente não pode faltar na prateleira de adolescentes (e nem na dos pais). De uma riqueza estonteante, puxa para mil temas que instigam toda e toda(o) jovem, como os limites ou não da ciência, a paixão por saber sempre mais, a relação pais e filhos, a responsabilidade eterna por aquilo que criamos... Perguntas que jovens irão querer debater fluem muito naturalmente da leitura desta história, como "O que é de nossa natureza e o que é criação?" "Até que ponto a maldade é fruto da incompreensão dos demais?" "Estamos mais próximos de realizar o que Mary Shelley imaginou?". Se, como apontava Jean Piaget, adolescentes são filósofa(o)s apaixonada(o)s, nem por isso deixarão de simplesmente curtir o suspense e a emoção desta história maravilhosa.

Em uma próxima postagem, falaremos um pouco mais das razões pelas quais essa obra tem tanto apelo para jovens e também sobre o assunto da relação criador-criatura/pai-filho e sua centralidade na obra. Abraços monstruosos!


Ficha Técnica
Frankenstein ou o Prometeu Moderno
Autora: Mary Shelley
Foi editado muitas vezes, confira algumas editoras: Hedra, Penguin Companhia, Martin Claret.


8) Meu pé de Laranja Lima de José Mauro de Vasconcelos
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Para todos que já leram este clássico sabem que ele mexe profundamente, aos que pretendem ainda ler fica o aviso: lembre dos lencinhos!

Uma árvore confidente marca a infância de uma criança que carrega simultaneamente em sua alma diferentes cores. As cores eletrizantes e contagiantes, típicas do mais jovens, se revezam com os tons pastéis e sóbrios, comuns há aqueles que são antigos no espírito.

No inicio dessa semana fizemos uma matéria só para este clássico, se você ainda não leu, confira sem demora! >> http://livrosabertosaquitodoscontam.blogspot.com.br/2017/03/meu-pe-de-laranja-lima-de-jose-mauro-de.html

Ficha técnica
Meu pé de laranja lima
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Editora: Melhoramentos


O Acervo Indica volta semana que vem, 
com a lista de livros que serão os novos clássicos.
Escrito, com carinho, por: Sara, Eileen e Rafaella Christina. 

segunda-feira, 13 de março de 2017

Meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos


“Mas faltava qualquer coisa. Qualquer coisa importante que me fizesse voltar a ser o mesmo, talvez a acreditar nas pessoas, na bondade delas”. (Página 91)

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Basta apenas essa pequena frase para compreender um pouco da vida de Zezé, um garoto com um coração muito mais velho do que os seus cinco anos poderiam dar conta. Ter acesso à história desse garoto é entrar em um mundo de criatividade, de beleza, inocência... e ver esse mundo ser destruído em apenas 124 páginas.




Quem busca uma história tranquila, repleta de belas narrativas sobre a beleza da vida, a pureza da luz do sol e dos delicados arco-íris, ao se deixar atrair pelo título poético da obra de José Mauro de Vasconcelos, acaba percebendo que o sol nem sempre é para todos. Escrito em 1968, tendo sido traduzido para 52 línguas e adaptado para o cinema, a obra Meu pé de laranja lima abusa do realismo ao retratar a vida de milhares de crianças no nosso país e pelo mundo afora que não podem vivenciar plenamente a experiência de ser criança devido à pobreza, econômica e de espírito.

Zezé tem um passarinho dentro de si, um passarinho que canta, que cria, que ilumina uma vida cinza. Seu pensamento, simbolicamente representado pelo passarinho, voa livre, até que se concretiza na figura de uma árvore, um pé de laranja lima. Zezé não tem amigos a quem possa contar suas dúvidas, seus sonhos. E aquele pequeno pé de laranja lima, o Minguinho, assume, temporariamente, o lugar de instigador, de provocador, de incentivador.

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A história de José Mauro não te deixa vivenciá-la apenas enquanto uma história fictícia, ela te arrasta para uma reflexão acerca de um mundo acinzentado, o mundo que nos cerca, que nos prende quando deveria nos libertar. Um lugar que não permite que uma criança seja brincalhona, espertinha e traquina, ou seja, apenas uma criança. E por mais que a história possa parecer distante da nossa realidade, ela está ocorrendo agora mesmo, ao nosso redor, cada vez que nos exasperamos com uma pergunta “sem sentido” de uma criança, cada vez que dizemos que só há uma maneira certa de aprender, de brincar, de sentir, de se comportar.

Se há uma lição maior, dentre as tantas lições possíveis, que podemos tirar do livro Meu pé de laranja lima é a mudança de perspectiva sobre como lidar com as nossas crianças. Percebendo a importância de dar-lhes voz, atenção, direitos, permitir que sejam... crianças. Da forma como elas desejarem ser.


Escrito por: Raphaella 

Ficha técnica
Meu pé de laranja lima
Autor: José Mauro de Vasconcelos
Editora: Melhoramentos

quarta-feira, 8 de março de 2017

O Acervo Indica: Clássicos I

Fizemos uma pesquisa entre nossos mediadores e elegemos os livros que todos deveriam ler! =)
São verdadeiras riquezas literárias que não devem ser ignoradas nas estantes, ao longo do mês de março vamos compartilhar os favoritos de nossos mediadores!

=) Começamos com os clássicos mais votados:

1) Saga Harry Potter de J.K. Rowling


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O afeto de uma mãe pelo seus filhos gerou um universo inteiro, uma nova Inglaterra surgiu com mágica, inesperada e afetiva. E dentro da própria história, é o amor materno que gera uma proteção infalível uma das maldições imperdoáveis do mundo bruxo.

São muitas as jóias que ornamentam este mundo literário, personagens profundos e complexos; cores estonteantes; mistérios e segredos. Entre essas joias, está acompanhar o crescimento e amadurecimento de Harry e seus amigos Rony e Hermione ao longo de sete livros da saga.

Aliás, ano passado chegou aos leitores um oitavo livro, fizemos uma matéria sobre ele, que tal conferir?
http://livrosabertosaquitodoscontam.blogspot.com.br/2016/11/dica-de-leitura-harry-potter-e-crianca.html

Harry Potter
Autora: J. K. Rowling
Editora: Rocco


2) O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry

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Todo mundo comenta, é uma daquelas obras que tiveram muitas adaptações e muito merchandise, mas que pouca gente da geração atual leu. E é bom avisar: não é nada do que você imagina. 

Considerado o livro mais existencialista jamais escrito, O Pequeno Príncipe vai virar suas certezas de cabeça para baixo. Isso, claro, se você ainda conseguir ver a cobra que engoliu o elefante. Se você já é desses que só vê um chapéu... que pena!

Por isso é tão importante ler esta obra magistral na infância, ou então com seus olhos e sua alma de criança bem abertos.

Ficha Técnica
Autor e ilustrador: Antoine de Saint-Exupéry
Tradutor: Dom Marcos Barbosa
Editora: Agir
Edição/Ano de edição: 48/2006

3) As Crônicas de Nárnia de C.S. Lewis
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Sete dias compõem uma semana, sete notas musicais fazem infinitas músicas, sete cores formam o arco-íris e são sete as histórias passada por Aslam e os filhos de Adão. Todas as histórias são mágicas e simbólicas - desde O Sobrinho do Mago até A Última Batalha - e todas elas fazem a obra de C.S. Lewis imperdível. 

Nárnia foi um presente de C.S. para sua afilhada, mas esse presente não ficou somente na família, ao contrário, contagiou muitas gerações e se tornou herança literária para muitas outras famílias. 

Na dedicatória da segunda crônica, talvez a mais conhecida por causa do filme, O Leão, A Feiticeira e o Guarda-roupa, ele escreveu:

"Minha querida Lucy, 
Comecei a escrever esta história para vocë, sem lembrar que as meninas crescem mais depressa que os livros. Resultado: agora você está muito grande para ler contos de fadas; quando o livro estiver impresso e encadernado, mais crescida estará. Mai um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler história histórias de fadas. Irá buscar este livro em uma prateleira distante e sacudir-lhe o pó...".

Independentemente da sua idade, nosso conselho é pegue este livro solitário, seja na estante da biblioteca, do sebo ou da livraria, e sacuda o pó que tenta tirar o brilho de histórias sobre o fantástico. Bem-vindo a Nárnia, filhos de Adão e filhas de Eva.

Ficha Técnica 
As Crônicas de Nárnia
Autor e ilustrador: C. S. Lewis
Editora: Martins Fontes 
Ano de edição: 2002



4) Árvore Generosa de Shel Siverstein
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Esse é um dos livros que marcou a infância de muito de nossos mediadores, para alguns foi um livro importante para ter um contato primeiro com alguns valores. É um livro modelo para falar sobre o ciclo da vida, relacionamentos e envelhecimento. Um livro aparentemente simples, mas muito profundo e mobilizador, inegavelmente emocionante, do início ao fim.

É um livro que já foi contemplado mais profundamente por aqui também, confira: http://livrosabertosaquitodoscontam.blogspot.com.br/2016/04/a-arvore-generosa-de-shel-silverstein.html

Ficha Técnica 
A Árvore Generosa
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradutor: Fernando Sabino
Editora: Cosac Naify

A continuação da postagem na próxima quarta! 
Não perca!
Escrito com carinho por Eileen e Júlia.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Diário do contador: Extraordinário de R.J. Palacio

Extraordinário, de R.J. Palacio, não é um livro fácil. Ele aborda um tema muito delicado da humanidade, que não é exatamente o preconceito, a intolerância ou a falta de empatia. O que mais choca em Extraordinário é a incapacidade humana de lidar com o medo e o estranho. Nosso primeiro impulso diante do desconhecido e do não estético é de fugir, excluir, evitar, não olhar e não pensar sobre.

Não fomos ensinados a tolerar tudo; não é da nossa cultura. Durante anos famílias esconderam o que nossa sociedade não aceitava publicamente. Em Extraordinário, a família tenta quebrar paradigmas e participa do processo de transição da sociedade. Eles buscam a inclusão, a aceitação e a mudança de visão cultural a respeito de pessoas diferentes.

Para ler tal livro para crianças de 6 anos de idade, tive que fazer algumas adaptações. Escolhi o primeiro capítulo, narrado por August, Comum. É um capítulo de uma página apenas, mas extremamente interessante. É onde o menino de rosto deformado fala que gostaria de ser reconhecido como uma criança comum – porque é o que ele é. Uma das intervenções que utilizei no início da leitura foi perguntar para as crianças o que elas achavam que significava “comum”.

Como o livro tem pequenas ilustrações no começo de cada capítulo, deixei que eles folheassem o livro e parassem para comparar cada rosto que encontravam. August, o personagem principal, sempre é retratado como um rosto de um olho só e uma orelha. Isso chamou atenção das crianças e foi o que elas usaram para definir a palavra “comum”: é o que não é normal.

Aproveitando as ilustrações, também pedi para que desenhassem uma pessoa que eles achassem que representasse a palavra “comum”. Durante essa atividade, perguntei se eles se achavam comum e se eles se sentiam parecidos com outras crianças. A ideia era eles reconhecerem suas diferenças e semelhanças entre si. Também perguntei a eles se eles me achavam comum, e a resposta foi unânime: ''não, tia, você não é comum, é normal''.

No fim da atividade expliquei que comum e normal eram palavras sinônimas. Eles não se importaram muito; estavam mais entusiasmados com os desenhos que tinham feito. E como não ficar entusiasmado? Ficaram lindos!



Daniele não assinou sua arte!





Escrito: por Tanize




Ficha Técnica:

Extraordinário

Autora: R. J. Palacio

Tradutora: Rachel Agavino

Editora: Intrinseca