quarta-feira, 6 de julho de 2011

Dia do Escritor



          Hoje, no café da manhã, meu filho de sete anos comentou repentinamente:
- Dia do escritor... Humpf... Não gosto de ler...Detesto escrever e detesto ler.
          Fiquei muito espantada. De onde teria saído isso?
- Filho, tenho que gritar para você tirar o nariz dos gibis e ir tomar banho, escovar os dentes...nem comer você quer quando está lendo, que história é essa?!
- Gosto de gibis. Mas odeio ler. Pronto.
         Meu Deus, pensei, será que aquela professora  de minha infância estava certa? Veio-me a imagem de seu semblante severo e de sua mão ossuda retirando delicadamente um dos volumes de Asterix de minhas mãos. Será que ler quadrinhos vicia e a pessoa nunca irá ler outra coisa?  Será que não devo mais concordar quando ele me pedir o último número da Turma da Mônica na banca?
- Mas filho... Isso é ler...
- Não gosto de ler.
        Fiquei triste. Que estranha metamorfose havia se operado em meu filho durante a noite?
- Quer dizer que você não gosta quando lemos juntos seu volume dos contos de Andersen, à noite, antes de dormir? Não gostou quando lemos, capítulo por capítulo, A Fantástica Fábrica de Chocolate? Não vai querer continuar lendo A Mulher que Matou os Peixes???
- (com tom impaciente) Claro que gosto, mããããeeee...Claro que querooo... Mas odeio ler. E odeio escrever.
- E outro dia, que você deitou no sofá com seu livrão sobre animais e ficou um tempão lendo? E o Alice no País das Maravilhas, que curtimos tanto juntos? E... e...?
        Meu filho não me respondeu mais, ocupado com coisas mais importantes do que tentar explicar o óbvio à sua mãe que aparentemente havia sofrido algum tipo de torpor cerebral matutino. Foi brincar com seu navio-pirata e me deixou sozinha em minha aflição.
       Sobre a mesa, deixou para trás aquilo que, aparentemente, havia motivado sua primeira fala: numa folha de papel timbrada da escola, lia-se:
“Hoje é o dia do escritor. Leia abaixo o texto informativo sobre o ofício de escritor. Copie um dos parágrafos.”
         O resto da folha estava em branco e o lápis jazia ao lado, sem ponta. Do quarto, vinham estouros de canhões e exclamações de marujos.  

(Texto ficcional - Qualquer coincidência é mera semelhança).
Eileen Pfeiffer Flores

2 comentários:

Wellington Britto/ Vugo thertwit-well disse...

Oi eu me chamo Wellington e eju estou muito interessado em participar desse projeto na verdade eu preciso de um projeto e me passaram esse pra procurar, onde posso falar com a coordenadora?

Katsumi Takaki disse...

Olá, Wellington! Tudo joia?
Bacana você estar interessado! Seguinte: nós temos as nossas reuniões semanais com a Eileen, coordenadora do projeto. Você gostaria de participar como ouvinte? Não sei como ela está nesse final de semestre, então você pode conversar pessoalmente com algum de nós que participa do projeto. O que acha? Qualquer coisa, entre em contato comigo: kakatakaki@gmail.com
=D