Num momento de reflexão pós palestra do professor José Pacheco (para quem não sabe, ele é um dos criadores da Escola da Ponte de Portugal), me ponho a pensar...
Estou na biblioteca de uma escola, na hora do intervalo, pronta para iniciar mais uma contação dialógica para um grupo de crianças.
E me ponho a refletir... A questão é que sempre temos alguma imagem em nossas mentes. Algo que já foi construído e que muitas vezes encontra-se dicotomizado. Eu já possuo uma ideia do que seria um grupo "bom" e do que seria um grupo "ruim" para a contação. Como na frase de Wittgenstein "os limites da minha linguagem, denotam os limites do meu mundo", eu não fico contente em ter tais limites dicotomizantes. Não fico contente também em pensar transformar as crianças para que possam compor um grupo "eficiente". Tal linguagem impõe limites de uma maneira que me incomoda.
É como ler um livro que não nos acrescenta, que não nos surpreende com o enredo. Portanto, o que me conforta dentro desse incômodo é ter a consciência de tais limites. Apenas assim, serei capaz de desconstruí-los.
Estou em uma escola que apesar de ter caráter homogeneizante, apesar de estar cheia de limites, formados tanto pelos muros quanto pelo próprio modo de funcionamento, cheia de defeitos, é um local que circulam pessoas. Pessoas como eu, que podem não percebê-la da mesma forma que eu, mas que continuam a ser pessoas! E que possuem um universo de possibilidades em sua existência. Pensar nesse vasto universo fez com que as paredes criadas por mim aos poucos se desmanchassem e aos poucos o que era incômodo tornou-se apenas uma das muitas possibilidades, tornou-se apenas um nome.
Ver a todos como seres de linguagens ilimitadas me possibilitou abrir mais uma porta para o reencontro com o encantamento. Me possibilitou ver a cada um como um livro novo, cheio de histórias, encantos e possibilidades!
Nenhum comentário:
Postar um comentário