terça-feira, 18 de julho de 2017

A rainha das cores contado por 3 princesas...

Esse é o relato compartilhado de uma contação feita para uma turma inteira no escuro!

Inicialmente, chegamos e nos organizamos conforme o combinado e utilizamos um projetor para facilitar a visualização das ilustrações do livro. Logo então, montamos uma roda com as crianças e conversamos sobre o que elas gostavam -só para quebrar o gelo-, desde animais, comidas, roupas, livros ou esporte, qualquer coisa que fosse!

Ao pensarmos nessa dinâmica, tivemos como objetivo trabalhar a questão do poder, que o tema iria sugerir. Afinal, ao se falar de reis e rainhas, geralmente é a primeira noção que nos vem à mente. E, por isso, levamos uma coroa dourada de plástico para que cada um colocasse na hora em que fosse falar perante todo o grupo. Isso foi feito para instigar uma percepção de como um objeto ou uma posição social podem impor tanto poder e, no contexto descrito, chamar ou prender a atenção. Todos tiveram um momento como “superior”, donos da palavra e do momento.

A partir daí, começamos a introduzir o tema e o livro daquele dia: A rainha das cores. Já de cara perguntamos se as crianças conheciam alguma rainha, esperando respostas como : “Sim, a rainha má da Branca de Neve”, ou seja, esperávamos rainhas de contos de fada e de estórias infantis. Porém, as crianças nos surpreenderam respondendo : “Sim, conhecemos a rainha da Inglaterra, por exemplo”. Superando assim nossas expectativas e trazendo todo um caráter político e mais real a estória do livro daquele dia.



Na narrativa de poucas frases, as cores representam os sentimentos da rainha, personalidade que manda e desmanda, mas que na estória se viu sem autoridade sobre as cores. Essas cores somem ao longo de algumas páginas, vindo a ocasionar uma grande tristeza para a rainha. Esse momento é descrito no livro como “momento em que tudo ficou cinza”. Quero destacar que, por coincidência, ao entrarmos nesse trecho do livro, uma chuva muito forte começou a cair. De uma forma, que em minutos a energia acabou. Um apagão geral que nos deixou sem projetor e portanto sem imagens ou boa iluminação.

O apagão acabou com o que estava planejado para o dia, ou seja, nosso “plano A”. Dessa forma, fomos forçadas a um improviso que na verdade saiu muito bom, pois aproveitamos o momento para tratar da metáfora “ficou tudo cinza”, justamente como nos encontrávamos em sala de aula, já quase no escuro. Portanto, retomamos a mediação e fomos mostrando o livro para que todas as crianças pudessem ver e inclusive aproveitamos um pouco da luz do entardecer todavia chuvoso para terminar nossa conversa.

Com isso, a história seguiu e páginas depois a rainha começou a chorar de tristeza e curiosamente suas lágrimas saíram todas coloridas. Ocorreu então a volta das cores ao seu reino! Uma alegria para todas as crianças que abriram um grande sorriso ao escutar essa parte.

Foi interessante observar que as crianças interpretaram o choro justamente como uma forma de expressar sentimentos sendo bons ou ruins e, consequentemente, um alívio. Inclusive, entenderam o choro como algo preciso e muitas vezes necessário sendo você um menino, uma menina ou até mesmo uma rainha.


Ficha técnica
A rainha das cores
Autora: Jutta Bauer
Editora: O bichinho de conto

Um comentário:

All you need is blog... disse...

Gente, adoro a Jutta Bauer! Parabéns pela bela mediação e pela improvisação, digna das verdadeiras contadoras de histórias!