Vamos falar sobre nossos maiores defeitos enquanto
mediadores? Este texto é para você, especialmente para você, aquele que não
deixou de ser um simples e mero humano apesar de ter se tornado mediador.
Por mais vergonhoso que seja admitir, nós mediadores
cometemos erros – vergonhosos, escabrosos e cabeludos. Daquele tipo de erro que
nos deixa até envergonhados de escrever no diário e coramos para nós mesmos na
frente do espelho. Hoje, trago uma coletânea dos deslizes mais comuns entre os
mediadores.
Antes de mais nada, queria ressaltar que desses
pequenos – às vezes grandes – deslizes, os mediadores mais experientes não
estão vacinados.
Então...
OPS!
Nessa categoria, há os deslizes mais comuns na vida
de um mediador – que não queremos que nossa coordenadora saiba – mas Eileen,
ops!
1) Ops-Esqueci
que tinha mediação hoje. Às vezes, o despertador não toca, a rotina muda
inesperadamente e ops!
2) Ops-Escolhi
o livro de última hora e deu ruim. Já aconteceu comigo e provavelmente já
aconteceu com você... Um dia escolhemos o livro de última hora – tipo 5 minutos
antes da contação. Ou mais vergonhoso, até escolhemos o livro antes, mas não o
lemos com antecedência e chegamos na
contação com um enorme de um kinder-ovo.
Não sabemos que intervenções fazer nem o que
perguntar... Eita, e quando é livro rimado? Falta prosódia, ritmo e
musicalidade. Vejo que esse tipo de erro causa tanta vergonha que é extinto
depois de uma ou duas vezes.
3)
Ops-Eu segui ao pé da letra as dicas de alguém e fiz perguntas em todas as
páginas e uma criança gritou para mim: PÁRA DE PERGUNTAR, TIA, EU QUERO OUVIR A
HISTÓRIA! É... temperança é uma virtude trabalhosa, mas
desejada aos mediadores.
4)
Ops-Eu fiz uma contação no automático... Esta é escandalosa!
Estou até com vergonha de escrever. Em dias cansativos, engatamos no automático
e narramos simplesmente a história. O maior do pecados é quando deixamos
escapar um “qual a moral da história?”
5) E o clássico... Ops-até
hoje não aprendi o nome das crianças... nem da professora. SEM COMENTÁRIOS!
NÃO REGISTRAMOS!
O maior deslize que cometemos é que simplesmente não
compartilhamos e divulgamos a Leitura Dialógica do jeito que ela merece. Não
fazemos bom uso de nossas ferramentas, como este blog. As melhores experiências
muitas vezes não chegam até aqui por que não fazemos registro delas. Essa é
hora de nossos leitores darem um grito e brigarem conosco.
Vocês e a LD merecem o melhor de nós.
CIÚMES e POSSESSIVIDADE
O ciúmes patológico é frequente em três situações:
1) Em um dia ensolarado, você fez uma contação
perfeita: o livro perfeito, as intervenções perfeitas com as crianças
perfeitas, tudo se encaixou. A experiência foi tão única, tão soberba que você quer manter ela só para você. E
você quer atear fogo na pessoa que ousar fazer mediação desse livro,
principalmente por que ela pode fazer uma contação melhor do que você...
2) Um dia você encontra, na estante de um
sebo/livraria aquele livro, aquele livro especial que foi feito para você, fala
da sua história. Você compartilha sobre ele... mas essas coisas da alma se
incendeiam feito faísca em palha. E quando você vê, 35 mil pessoas também acham
o livro o máximo. Ele de repente não é mais exclusivo, nem tão especial.
3) Sentimos ciúmes de nossa turminha. Nossa turminha
é a mais inteligente, esperta, alegre, divertida, espontânea... E ai do nosso
colega que defenda que é a dele. Vixi, e quando pedimos para um colega nos substituir e na semana seguinte as crianças dizem que ele é muito mais legal do que você... Ai, meu coração!
MAS...
Olha, a editora
pediu para eu colocar um mas e
terminar com um tom mais otimista.
Mas.. não vou mentir, se você pecou assim, você
provavelmente perdeu seu lugar no céu dos mediadores. O lado bom é que... há
tempo para redimir, salvar sua alma e quem sabe frequentar o lugar onde estão
os maiores contadores de histórias.
A receita é simples. Faça mais mediações! Pode parecer paradoxal, mas a ordem médica é dobre os seus erros e multiplique em 100 seus acertos. Não é
nada fácil ser um mediador.
Quando estamos em roda com as crianças, elas, suas
histórias e suas perguntas é o que há de mais importante, por isso não tenha
dúvida, a leitura dialógica exige 100% de nossa atenção e afeto. Não tenhamos medo de errar e estar cada vez mais
próximo e presente das crianças. Sabendo ouvi-las, sabendo provocá-las e sabendo
mediar sua relação com a literatura da forma mais amorosa possível.
Com
certeza, você já passou por isso compartilhe com a gente – ainda que de modo
anônimo - qual foi seu maior erro durante uma contação. Qual foi seu maior deslize?
Nenhum comentário:
Postar um comentário