domingo, 25 de setembro de 2011

Diário do Contador por Natália de Oliveira

               
             A parte que tive mais dificuldade na minha primeira contação foi antes mesmo dela começar.
            Qual livro escolher? Só tinha uma certeza: Queria uma história curta o bastante para terminá-la no primeiro encontro e conhecer todas as crianças e suas preferências. Não podia ser uma história complicada, com muitas palavras novas ou compridas (era só uma aquecimento), mas também não queria que as crianças se sentissem subestimadas contando uma “história se bebezinho”, afinal, trata-se de crianças bem grandinhas dos seus 4 ou 5 anos. Depois de muito pensar, peguei um livro emprestado da coleção de infância de um amigo, “O Esquilo Esquecido”, de Angelo Machado.
            O livro conta a história de um esquilo que, preocupado com o dia de amanhã, esconde uma castanha embaixo de uma árvore grande na floresta. No outro dia, quando vai procurar sua refeição, não acha por nada nesse mundo. Pede ajuda para a libélula, para o macaco, para o jabuti e para o tatu, mas ninguém viu onde o pobre esquilo escondeu sua castanha. Até que o esquilo, esquecido mas não menos esperto, quebra a “quarta parede” e resolve perguntar para os meninos e meninas que estavam prestando atenção na história desde o início: “Ei! Você aí! Pode me dizer onde eu escondi minha castanha?”. Nessa hora as crianças participaram como nunca, todos os grupos tentaram ajudar nosso herói da forma mais atenciosa que puderam. Mesmo assim, ele não encontrou sua castanha, e ainda por cima sofreu muito depois que uns homens cortaram todas as árvores da floresta, o que o obrigou a se mudar de lá junto com os outros bichos. Vários anos depois, de passagem por seu antigo endereço, o esquilo acha a castanha, mas agora na forma de uma grande e frondosa árvore de castanhas. Nem todos entenderam de primeira que o esquilo plantou a árvore sem querer, mas logo alguns de seus amigos encarregaram-se de explicar tim-tim por tim-tim.
         O melhor de tudo foi conhecer cada criança e observar como agiam a cada abertura da história para que contassem junto comigo. Uns gostaram, outros, nem tanto, outros até me mostraram na hora do parquinho que iam plantar uma árvore que nem o esquilo esquecido da história.
A contação dialógica ainda é uma novidade pra mim e acho que o livro me ajudou no sentido de que a própria história, mesmo em uma contação tradicional, demanda das crianças um diálogo com o personagem principal. Recomento a leitura.

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