A última contação trouxe à tona uma boa discussão com as crianças. Como de costume, levei três livros para que cada grupo escolhesse qual deles preferiam. Mas, quando lia com o primeiro grupo eles vieram com tantas idéias que decidi ler nos outros grupos também. Li o livro “O direito das crianças”, que foi escolhido pelos aniversariantes do dia, como decidido pelas próprias crianças. Achei engraçada a reação deles quando mostrei o livro, eles acharam um pouco estranho, fizeram uma cara de “hã, como assim?”. Isso representou bem pra mim a forma como lidamos com as crianças, deixando sempre bem claro os seus deveres, mas deixando de revelá-las também, que como qualquer outra pessoa, elas têm direitos. Dessa forma, podemos também nos questionar sobre como geralmente não trabalhamos de forma correta a autonomia.
Quando ainda apresentava o livro, perguntando o que eles achavam do tema e se eles sabiam alguns direitos que tinham, eles começaram um brainstorm que até me assustou. Resolvemos, então, fazer uma lista de direitos que eles tinham. Apareceu de tudo, desde “O direito a pedir presentes caros no Natal” até “o direito de mexer no computador do meu pai”.
E, então, surgiu outra questão: todas aquelas sugestões eram direitos? Comecei a debater com eles se tudo que gostaríamos de fazer era um direito. Alguns misturaram deveres com direitos também. No fim, não conseguimos chegar a um consenso, mas debater já é um começo.
O livro foi importante para direcionar o que eram esses tais direitos. Ao ler, eles tentavam descobrir, ao olhar as figuras, o direito que cada uma representava. Foi muito legal, porque em algumas figuras, eles descobriam outros direitos que não estavam no livro. Para complementar, eles ainda exerceram seus direitos ao escolher o lugar que gostariam de ler. Eles escolheram o parquinho. Tivemos que rever os direitos, porque eles se empolgaram muito com a idéia e esqueceram-se de alguns deveres. Mas, na medida do possível, tudo deu certo no final...
Nessa contação achei legal a forma como o livro possibilita que nós possamos tratar de temas que às vezes deixamos de lado, mas que são muito importantes.
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