"Tia, ela é mágica!"
Com as festas finais nós começamos a dar adeus ao ano que
está acabando e estendemos os braços para outro período de 365 dias. O mês de
dezembro é o mês não só das festividades, mas também das reflexões pessoais
sobre o ano que está se esvaindo, e dentre uma divagação e outra
consequentemente nos perguntamos: será que fiz a diferença esse ano?
Fiz essa pergunta hoje de manhã, entre um pão com manteiga e
café quente, me preparando para meu último encontro com as crianças da escola
em que sou mediadora de leitura pelo Projeto.
Pensei nisso em todo o caminho até meu destino e encontrei
várias respostas, positivas e negativas, mas só quando me deparei de frente
para o portão da escola eu percebi uma coisa e em seguida auto questionei-me:
Será que fiz a diferença para essas crianças nesse ano?
O barulho e a empolgação das crianças para a festinha de
encerramento da contação em minha turma abafou os meus pensamentos e os
esqueci. Enquanto todos estavam em suas mesas já servidos com seus bolos e
copinhos com pipoca e fui conversar com duas alunas que estavam pintadas com
maquiagem rosa. “ Nossa que bonitas estão com essa maquiagem! – eu disse” , uma
das alunas voltou seus olhos para mim e disse “ a maquiagem é minha tia! – e de
repente com olhos arregalados e dando um sinal com a mão para que eu chegasse
mais perto ela falou – Ela é mágica tia! Shhhhhhhhh é segredo, não pode contar
pra ninguém ! ”
Naquele momento minhas reflexões vieram à tona como um
grande clarão em minha mente e percebi que aquelas palavras eram a minha
resposta. Aquela aluna me mostrou com a sua sinceridade, inocência e fé, que
ela acredita no irreal, acredita que aquela maquiagem fará coisas que esse
mundo não fará por ela. Ela me mostrou um dos maiores dons do ser humano, o dom
da imaginação. E qual mediador de leitura não quer que a criança acredite no
fantástico?
Depois dessas palavras uma crise de riso brotou em mim
seguidamente de uma sensação de orgulho
por pensar que eu contribui por meio das histórias que eu contei durante
o ano para que aquela criança continuasse a ser criança. Pode ter sido muito
pouco mas a diferença é exatamente criada quando há mudanças, mesmo não sendo
perceptíveis.
E agora eu te
pergunto leitor, será que você fez, mesmo que pouco, a diferença nesse ano? Se
sim, parabéns e continue crescendo ainda mais. Se não.... Bom, o ano ainda não
acabou! Pegue um pouco de determinação e vontade, junte os dois e você se
surpreenderá com os resultados!
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