Às vezes ficamos tanto tempo sem nos dedicarmos a leituras
livres e descompromissadas, que quando temos essa oportunidade ficamos sem
saber o que ler. Iniciar um romance? Ler crônicas que são rápidas? Escolher um
bom livro de poesias e aproveitar algumas reflexões sutis?
Na verdade, eu tenho algumas preferências, que dependem do
momento, do tempo disponível e do local. Se as minhas férias são grandes
prefiro iniciar um livro com narrativa extensa, porque não consigo continuar um
livro desse tipo se ele tiver sido abandonado por mais de três semanas. Uma
mania bem esquisita, na verdade, é que inicio novamente o livro se o prazo de
continuação expirou.
Quando estou no meio do semestre prefiro as crônicas, porque
são essas que eu leio em pé no metrô, no intervalo de uma aula para outra, um
pouco antes de dormir ou minutos antes de sair de casa. Na verdade, sempre tenho
um livro de crônicas por perto. Atualmente levo comigo “Terra de Ninguém” de
Contardo Calligaris. Um livro que apesar de permitir uma leitura fluida, gera
algumas reflexões profundas sobre aspectos diversos desde a venda do quarto livro
da saga Harry Potter até às guerras que envolvem os EUA.
Para um feriado prolongado, prefiro um livro de poesias;
porque para essas eu realmente preciso de um tempo muito particular. É o tipo
de texto que eu necessito da casa em silêncio e das cortinas da sala fechadas.
Com todas essas peculiaridades de escolha, fico pensando se
as crianças para as quais faço leitura dialógica também não precisam desse
momento de escolha. Talvez a leitura dialógica não seja o momento exato para
fazer isso, visto que lidamos com um grupo. Mas talvez seja possível permitir a
variação de textos, se for de interesse das crianças. Contadores que utilizam
um livro com uma narrativa extensa podem intercalar alguns contos/fábulas
curtas entre as contações.
Acredito que isso seria melhor aplicado se pudéssemos nos
dedicar mais tempo à contação e fazer quem sabe duas visitas à escola em uma
semana, sendo que o decorrer de uma semana inteira já cria uma ansiedade para o
próximo capítulo ou episódio. Imagina se fossem duas! As crianças poderiam recorrer
ao desinteresse como acontece comigo quando abandono um livro por muito tempo.
Talvez uma saída alternativa fosse a parceria com os/as
professores/as a fim de que eles também fizessem contação dialógica com tipos
variados de texto, dessa forma esse tipo de contação poderia tanto estar
presente mais vezes na semana das crianças como poderia ser trabalhada com
diferentes tipos de narrativa.
De qualquer forma, essas são apenas ideias; porque a maioria
das vezes, quando estou na posição de leitora, penso nas crianças com as quais
faço a leitura dialógica. Assim como quando planejo as intervenções que serão
tentadas na contação.
Um comentário:
Oi Nathália!
muito obrigada pelo post! Com certeza, o ideal seria haver leitura todos os dias, de formas variadas, e que a dialógica fosse pelo menos três vezes por semana, feita pela professora em sala!
Sobre a escolha, concordo que crônicas e contos são realmente excelentes opções para nossa atividade. Na próxima reunião, gostaria inclusive que você colocasse estas questões da escolha para nossa discussão. Um grande abraço e obrigada novamente!!
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