Na última contação de histórias,
ocorrida na semana passada, li um livro para as crianças ao qual
tenho um forte apego sentimental e que já havia um tempo que queria lê-lo para
elas. O livro Marcelo, Marmelo, Martelo,
de Ruth Rocha, foi um dos livros que li na minha
infância e que nunca esqueci. Lembro-me como se fosse hoje da empolgação que
tomava conta de mim ao lê-lo e relê-lo.
A primeira vez que o vi na
biblioteca da escola, foi quase dois anos atrás: vi-o na estante, em meio a
tantos livros! Peguei-o e brotou um grande desejo de lê-lo para as crianças,
mesmo que tivesse que esperar algum tempinho (ou alguns aninhos) até que elas
pudessem estar na faixa etária para compreender o livro (na época, eles tinham
3 anos e 4 anos de idade, agora têm 5 e 6 anos).
Então a hora chegou! Peguei o
livro e o li e fiquei impressionada em saber que mesmo depois de tantos anos
aquele livro ainda despertava em mim sentimentos de prazer, de empolgação e de
muitas risadas. Comecei a mediação de leitura como sempre: os grupos de 4
crianças sentam-se ao redor do livro e comunico “ Vamos ler hoje um livro muito
especial para a Tia Barbara, que ela gosta muito, se chama: Marcelo, Marmelo, Martelo” e com um
grande barulho, vi os seus rostos com grandes sorrisos, gargalhando porque “ o
nome do livro é muito engraçado, tia!”.
Comecei a ler. Marcelo realmente
era um menino diferente, pois questionava tudo! Questionava principalmente o por quê
das coisas se chamarem como são. Por que eu me chamo Marcelo e não Martelo? E
por que martelo não se chama marmelo? Por que o mar não derrama? Por que
cadeira se chama cadeira? Deveria se chamar sentador! Todas essas perguntas eu
fiz para as crianças e perguntei também o que elas achavam do Marcelo
“ Ele é um bobo!”.
“Se me encontrasse com ele diria
que ele é um bobão! Cadeira é cadeira, ué!”.
“O
Marcelo não entende nada!”.
Perguntei a eles: “Ué, mas vocês
não acham que a cadeira não deveria se chamar sentador já que sentamos nela?” Todos me olharam e um dos meninos
disse “É verdade, tia, e escola deveria ser aprendedor!”,
outro menino seguindo a abertura que o amigo havido feito falou que caderno é
que deveria se chamar aprendedor. Daí
por diante foi uma explosão de nomes, significados, neologismos pra todos os
lados! Colher era mexedor, parede era segurador de teto, mesa era apoiador...
“Ahhhh
tia! E livro é trazedor de imaginação!”
“ Trazedor de imaginação?”.
“É! Ele traz muitas imaginações!
Eu adoro as histórias, pena que a gente tem que esperar a semana inteira para
escutar...”.
Bom, neste momento nem preciso
dizer quão comovida fiquei, na verdade
foi um mix de emoções, com alegria, orgulho e tristeza. .Não consegui dizer nada
para o menino no momento, mas me fez refletir e trazer novamente a certeza de estar
no Projeto e de como amo ser mediadora de leitura! O menino que disse isso a
mim fez exatamente aquilo que todos nós do Projeto tentamos fazer com que eles
tenham: o amor à leitura.
A contação acabou e eu fui para
casa com um sentimento de reciprocidade, um sentimento de compreensão e agora
entendo o que era. Neste dia, compartilhei o meu amor pela leitura na forma de
um livro e as crianças compartilharam o seu amor pela leitura utilizando o que
o livro proporcionava e agora estou compartilhando com todos vocês o meu amor somado
com o amor das crianças fazendo assim uma grande corrente de “amor literatural”!
E você? Também ama a leitura como
eu e as crianças do Projeto? Se sim, compartilhe conosco, se não, não perca
tempo, conheça a leitura (a leitura é prazerosa sim), pois como diz o ditado
“ninguém ama aquilo que não conhece”.
2 comentários:
♡♡♡♡♡
Nossa!! Que linda sua vivência e que bela história se tornou...adorei!!
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