Há muita novidade vindo por aí!
Gostaria de compartilhar a primeira delas.
Fizemos a primeira contação do ano com os pais e responsáveis em um evento na escola (Dia da Família).O livro escolhido, sugerido por uma de nossas mediadores, foi A Árvore Generosa, de Shel Silverstein. Escrito em 1964 (e muito bem traduzido por Fernando Sabino), o clássico conta a história de amor entre uma árvore e um menino ao longo dos anos. Trata-se de uma história atemporal que evoca e provoca diversas reflexões e sentimentos.
Verdade seja dita, o livro puxa tanta conversa que poderia ser distribuído em festas constrangedoras e em happy hours sem assunto. Desenvolvimento sustentável, vida urbana x vida rural, conflitos de gerações, materialismo, a inocência da infância, os ciclos de vida, cidadania... são só exemplos de assuntos que são despertados pelo livro.
Ao longo do tempo, as nossas relações com o mundo e as pessoas mudam e se transformam. Com o menino, que tanto amava a árvore e que tanto era amado por ela, acontece o mesmo. Seus desejos e vontades moldam sua relação, indo da mais terna infância à terceira idade, passando pela adolescência, pela idade adulta e pela crise dos 40. Conforme os anos vão passando, o desejo da árvore permanece o mesmo: fazer o menino feliz, custe o que custar. Assim, ela dá tudo de si: as maçãs para nutrir, os galhos para construir, o tronco para viajar... e o menino aceita sempre o que ela oferece, sem nunca dar nada em troca, a não ser sua presença e companhia.
Ao final da contação, imperou um grande silêncio entre os participantes, um misto de tristeza com alegria e nostalgia.
Houve aqueles que se identificaram com o menino, i com sua história, percebendo que, ao longo da vida, nos afastamos e nos reaproximamos de nossas raízes, do lugar que nos nutre, nos protege e nos anima.
Houve aqueles que se identificaram com a árvore, que, como mãe, pai ou todo aquele que cuida e nutre, doa tudo de si para que sua criança prospere, tenha sua casa e siga pelos próprios caminhos.
Houve aqueles, que como eu, identificam-se com um sentimento de tristeza. Em toda família há a pessoa com o papel de cuidador, aquela pessoa que sempre vai sempre dar tudo de si para a família, com o desejo de que eles sejam felizes... mas quem é que está cuidando, regando e protegendo a pessoa cuidadora?
Este é um daqueles livros que merece ser lido e relido diversas vezes, pois, a cada momento de nossa vida, será capaz de contribuir com uma nova reflexão. A simples existência de obras como essa justificam o nosso trabalho e aquilo que almejamos no Projeto Livros Abertos, seja com as crianças, seja com os familiares, seja com os leitores de nosso blog e de nossa revista.
No final das contas, sejamos quem sejamos, árvore e menino, macaco e leão, ficam os votos para que possamos refletir e cuidar sempre mais de nós e de nossa(s) árvore(s).
Ilustração da obra A Árvore Generosa, de Shel Silverstein |
Escrito por: Júlia Gisler
Ficha técnica do livroTítulo: A Árvore Generosa
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradutor: Fernando Sabino
Editora: Cosac Naify
As imagens utilizadas foram retiradas do livro.
Nossa Revista com dicas de mediação de vários livros bacanas pode ser vista aqui
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