segunda-feira, 9 de junho de 2014

Desenho: comunicação e liberdade

Olá, pessoal! Nesse último mês de aula de nossos queridos amiguinhos, fiz duas leituras distintas. Percebi que meus grupos apresentam interesses diferentes, sendo que o primeiro aprecia histórias de terror e de monstros, e o segundo está muito mais voltado para as imagens. No acervo do Projeto, escolhi dois livros incríveis que atenderam muito bem tais interesses. Foram eles Frankenstein, em formato de quadrinhos, e Zoom, que também trabalhamos em nossas oficinas. Ambos os grupos se envolveram de forma participativa nas leituras, empolgados para desvendar as histórias. Foi muito prazeroso para mim perceber que tipo de leitura os agradava, pois sua postura mudou: quiseram ler, ver personagens e imagens...

Propus que, ao final das leituras, produzíssemos desenhos livres. Podiam criar o que quisessem, desenhos de observação dos personagens, ou o que lhes viesse à cabeça. Houve todos os tipos de desenho, desde Frankenstein, palhaço assassino, até retrato de colegas. Mas o que me chamou mais a atenção foram as perguntas que a todo tempo faziam: "tio, posso fazer chifres?"; "tio, e cruz invertida?"; "pode ter sangue?". Então falei que sim e retruquei: "por que não?". Me responderam que a "tia" não gostava desses assuntos e que dizia ser errado. Estavam criando monstros e, para dar um aspecto dramático e assustador, precisavam usar tais elementos. Foi então que me fez pensar que ninguém estava "errado". Há assuntos que são tabus em nossa sociedade, principalmente aqueles ligados à religião.

O desenho foi uma das primeiras formas de comunicação dos seres humanos, vide os desenhos rupestres, que retratavam os animais, a si próprios e a seu meio. As crianças, em seus processos criativos, trazem ao desenho aquilo que veem em seu dia a dia, suas experiências e também o "surrealismo" da criação. O desenho é um texto! Um texto que pode ser lido, apreciado, amado ou odiado. Assim como o escritor se sente livre ao escrever seus contos, histórias e poemas, aquele que desenha deve ter sua liberdade assegurada. Liberdade de expurgar seus anjos e demônios, de retratar o filme que viu e que lhe causou grande pavor, aquele medinho que o perseguiu por dias ou mesmo um lindo e marcante dia de sua vida.

Por Sille Maciel

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