segunda-feira, 2 de junho de 2014

Imagens são para serem lidas!

Depois de uma discussão com o grupo, algumas semanas atrás, sobre o potencial que imagens têm na construção de um livro, meu mundo tomou asas novas.

Figuras precisam ser sempre infantis? Elas são necessariamente menos importantes do que o texto escrito?

Surpreendi-me com a constatação (um tanto óbvia) de que quanto mais velhos ficamos, menos desenhos encontramos nos livros que lemos. É claro, então, que desaprendemos a ler e interpretar peças tão belas!
Desde então, passei a ver as imagens dos livros com muito mais carinho e interesse.

Resolvi ter duas experiências de contação dialógica utilizando apenas imagens.

O primeiro livro lido foi Onda, da coreana Suzy Lee, publicado pela Cosacnaify.



O segundo, Onde vivem os monstros, do americano Maurice Sendak (que nos deixou para ir voar com outros passarinhos no ano retrasado) e publicado pela HarperCollins. Eu já era apaixonado por esse livro e, depois, quando aprendi que, sim, imagens importam, e comecei a apreciar essa maravilha; esse livro passou a ser forte concorrente ao posto de meu livro favorito.
Apesar de ser um livro que contém palavras e ilustrações, eu quis contá-lo com as crianças olhando apenas para os desenhos.


Os dois pontos que percebi nessas contações foram:
     As crianças gostaram muito mais, participaram muito mais e criaram muito mais com esses livros apenas com imagens do que o faziam quando a história não tinha imagens, ou elas não eram tão importantes. (Não estou dizendo que livros que tenham palavras sejam menos valiosos ou piores para contações! Vamos valorizar todos que devem ser valorizados.)
     Nós, mediadores de contação dialógica, também participamos da contação! Sim, nós também criamos, imaginamos, lemos! Quando, em mais de um grupo, crianças pararam o que estavam falando para me perguntar "E você, tio, o que imaginou nessa parte da história?", foi um baque. BAQUE! Nossas opiniões e histórias pessoais também importam. A leitura dialógica é dialética! Quem diria, não é?

Convido você, então, a olhar. Pode começar pelo espelho. Contenha o desejo quase irrefreável de ler a palavra que fica escrita no cantinho do espelho. Olhe para você. E para o que mais está à sua volta!
Pronto, agora é só aplicar isso ao resto do mundo. Ele é feito de mais do que palavras.
É só ver.

Thomaz Offrede (Tom)

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