Se você quiser ver uma baleia, do
que vai precisar? Esse é o ponto inicial de uma viagem poética de delicada beleza. Como deve ser em
um bom livro-álbum, ilustrações e texto dialogam para nos encantar, nesta obra de Julie Fogliano e Erin E. Stead, em uma bela tradução de Celina Portocarrero, que também é poeta.
Neste livro, muitas vezes, é no contraponto entre
imagem e texto que o todo poético se forma. O não-dito se mostra, por exemplo, nas páginas mostradas a seguir, em que a recomendação explícita (“se você quiser ver uma baleia, vai ter que ignorar as
rosas”) se contrapõe à imagem, onde a beleza toda-envolvente da rosa domina
o garotinho e seu cão.
Oferecemos, a seguir, algumas sugestões
para a leitura dialógica deste lindo álbum ilustrado:
10 DICAS DE LEITURA DIALÓGICA:
ANTES:
1) Prepare sua leitura. Leia para
você mesma. Sinta a musicalidade do texto. Grave sua voz e se ouça, aprende-se muito assim!
Verifique onde, na narrativa, há
pausas naturais para o diálogo. (Às vezes, não há. Nesse caso, planeje uma
leitura sem pausas, mais performática, seguida de uma segunda leitura com diálogo).
2) Aprecie as imagens. Detenha-se
nelas. Anote suas reações: o que mais lhe chama a atenção? Por que? Você gostou das ilustrações? O que achou mais interessante, encantador? Como o texto é colocado, em relação às ilustrações? (Você vai ver que o texto não está sempre no mesmo lugar e nem do mesmo jeito e não serve apenas para contar a história, tendo também seu lugar de elemento gráfico dentro da ilustração).
3) Veja se consegue descrever os objetos representados nas ilustrações e, se necessário, pesquise (as
crianças perguntam muito “O que é isso?”, e é bacana podermos aproveitar essas
oportunidades de ampliação e vocabulário). Por exemplo, uma criança poderá perguntar o que é isto (você sabe?):
4) Pesquise sobre autora, ilustradora e tradutora. Você poderá falar delas com as crianças, mostrando a elas que o livro é obra de criação de pessoas de verdade e que elas também podem criar seus textos e suas ilustrações.
DURANTE A LEITURA:
5) Apresente o livro. Deixe que as crianças explorem os elementos do objeto-livro. Agora ou ao final, fale dos envolvidos na criação da obra.
Antes de abrir o livro, inicie uma conversa a partir do título e da ilustração de capa, de modo a encorajar a curiosidade e o envolvimento delas com a história que vai ser contada.
- Você já viu uma baleia?
- Se você quiser ver uma baleia, o que você acha que precisa fazer?
6) Ao fazer a leitura, mantenha o
ritmo natural da história. Incentivos à participação não devem ser feitos em
qualquer lugar, pois interrompem a musicalidade do texto e o fluxo da narrativa
texto-imagem. Detenha-se um pouco mais nas páginas que permitem naturalmente uma
pausa (ao se preparar, você poderá planejar essas pausas).Veja, por exemplo, as páginas
reproduzidas a seguir. Elas formam um todo que não deve ser interrompido, mas, depois delas, pode-se fazer uma pausa para conversar um pouco.
7) Saiba aproveitar as participações espontâneas: Quando pausar para o diálogo, siga o
interesse das crianças. Elas irão apontar para certas figuras e nomeá-las ou
comentá-las. A partir das participações
espontâneas, "pegue o gancho". Por exemplo, veja o que acontece entre estas duas
páginas:
A criança poderá perguntar: “Tia,
o que aconteceu? É outro barco?” ou “São piratas?”. Devolva a pergunta para
elas: "O que vocês acham?" Deixe que elas elaborem suas hipóteses e
encoraje-as a se ouvirem e a trocarem opiniões.
8) Dê sua opinião também. Reaja de forma
autêntica à obra e externalize o que está pensando ou sentindo, inclusive suas dúvidas. Isso é muito
importante, pois oferece um modelo de leitor ativo para as crianças.
9) Trabalhe o vocabulário de maneira
natural. Por exemplo, se a criança diz: ”Uma vez eu fui num negócio desses e
caí na água!”, responda usando o vocabulário novo, por exemplo: “Sério? Você estava
num píer igual a esse? E como caiu?”
10) Incentive a leitura das imagens, indo além da mera representação. A imagem é poesia! Nas páginas abaixo, por
exemplo, repare como a ilustradora brinca com as convenções da representação bidimensional: uma
linha contínua assume funções diferentes em um lado e outroda página (o fio, onde o passarinho pousa, transforma-se na superfície da água):
.
.
Se você quiser ver uma baleia, deixe a imaginação fluir! Boa leitura!
(Texto de Eileen Pfeiffer Flores)
Dados da obra:
Título: Se Você Quiser Ver uma Baleia
Autora: Julie Fogliano
Ilustrações: Erin E. Stead
Tradução: Celina Portocarrero
Editora: Pequena Zahar
Ano: 2013
Veja o trailer do livro aqui:
2 comentários:
Olá. Parabéns pelo seu trabalho.
Quanto ao "Se você quiser ver uma baleia", tudo bem, concordamos: o livro é ótimo, a autora também, as ilustrações idem. Mas se não fosse a tradução, as crianças brasileiras não o leriam, não é?
Então, que tal um credito para o(a) tradutor(a)?
A classe agradece.
Obrigada, Anônimo, pelo toque.
Críticas construtivas são sempre bem-vindas. Não há necessidade de permanecer anônimo e agradeceríamos se contribuísse com um comentário específico acerca da qualidade desta tradução em particular, para que não tenhamos que nos limitar a citar o nome do tradutor.
Abraços,
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