Dia 29 de agosto foi
meu primeiro dia em contato com as crianças.
Fui
conhecê-las e de cara já tive a missão de contá-las uma história.
Queria
dizer que foi tranquilo, todas sentaram e participaram, prestaram muita atenção
e se encantaram com o livro.
É,
não foi beeeem assim... Mas vamos primeiro às apresentações formais.
A
turma que realizo o projeto é o 2º período. São pequeninos de 5 e 6 anos, e, ao
conhecer toda a turma, contabilizei que aproximadamente 3 sabiam ler, de 24
alunos.
Sempre
gostei muito de crianças e sempre gostei muito de ler. Vi no Livros Abertos uma
oportunidade fabulosa pra juntar essas duas coisas, já que nunca tive
experiência parecida.
O
primeiro contato despertou curiosidade. Os olhinhos deles de "olha, tia
nova" me deixaram feliz.
Eles
já conheciam a minha parceira de contação, tia Elioenay, então, ao chegarmos,
alguns já falaram com ela, pularam, sorriram, e disseram: "Quero ir com
ela!". Hahaha. Já fui intimidada nos primeiros 60 segundos!
Depois
do primeiro olhar dos pequenos, Bárbara, uma aluna de 6 anos, veio até a mim e
me deu um abraço. Isso se repetiu na manhã inteira, com muitos outros aluninhos,
e percebi que se apegam muito a quem lhes dão atenção, e é preciso cuidado ao falar, agir, qualquer coisa, perto deles. Tudo tem um impacto.
O
livro que escolhi para realizar a contação foi: "Quem soltou o Pum?".
É uma história breve sobre o dilema de quem soltou o cachorro de um menino que
escolheu esse nome peculiar para seu mascote.
Perguntei
o nome, idade, e qual seria um nome diferente que eles dariam a um cachorro.
Depois disso, tive a missão de contá-los a história. Repito, missão.
Depois
de procurar um lugar para ficarmos, sentamos no palco da escola. Acontece que
tudo o que os pequenos queriam fazer era qualquer coisa, menos ler a história.
Até me perguntaram: "Mas vamos só ler?? Ahhh..."
Lemos
aos trancos e barrancos, com pernas pra cima, todos querendo me contar uma
história diferente ao mesmo tempo, muitos pedindo pra beber água e ir ao
banheiro no meio da contação, sentando no meu colo, mexendo no meu cabelo, me
perguntando se podiam ver meu celular, que estava guardado na minha bolsa...
Minha cabeça estava a mil! Eu pensei: "Caramba, devo ser muito ruim
nisso!". Depois de conseguir terminar de ler a história, me rendi e fui
brincar com eles.
Eu
não tive pulso firme, não tive muita noção de como deixá-los quietos, nem como por
uma moral básica pra eles sentarem e ouvirem a história atentamente... Mas
confesso que foi engraçado. Foi um cenário muito louco pro meu primeiro
dia de contação, eles rolando no chão, deslizando, se molhando, pisando na
terra, me contando mil coisas ao mesmo tempo. "Tia, olha o que eu consigo
fazer!", "Tia, meu tio tem um cachorro que...", "Tia, ele
triscou em mim!!"...
Saí
meio perdida dessa primeira experiência, foi uma sensação... diferente, hahah.
Mas deixa eu contar também que cada vez é um aprendizado.
Já
da próxima vez fui mais confiante, demarquei um local para ficarem pelo menos
até a história acabar, e os mantive longe do palco, o que foi uma maravilhosa ideia. Os pequenos da minha turma realmente não podem ficar perto do palco,
hahaha. Aprontam demais!
Queria
contar mais mil coisas, como eles são, do que gostam, suas particularidades,
pois me encantei com todos, todos têm algo que me chamou atenção. Mas finalizo
compartilhando algo que estou aprendendo: não é necessário desanimar, nem achar
que não dá conta por um simples dia de "loucura". Aos pouquinhos, a
cada vez que vamos visitá-los, vamos descobrindo como fazer dar certo, como
chamar a atenção dos pequenos, como escolher livros ideais para realizar a
contação, como dizer "não" ou como se render à loucurinha que faz
parte de cada um, porque convenhamos... ninguém é muito normal,
né?
Por Raylane Marina
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