A importância das ilustrações para a imaginação e a cognição infantil
Por Tabata Gerk [1]
[1] Texto produzido durante a disciplina Tópicos Especiais em Aprendizagem
no Segundo Semestre de 2011 na Universidade de Brasília
O
mundo de uma criança possui milhares de fantasias e imaginações. Muitas não
podem ser traduzidas em palavras, mas as ilustrações podem representá-las, dar
vida a elas e ajudar a criar outras tantas. Os desenhos muitas vezes conseguem
traduzir pensamentos de uma forma mais complexa e ampla do que as palavras.
As imagens
também têm um caráter democrático: podem ser lidas pelos que não sabem ler
palavras. Esse aspecto abrange crianças que ainda não chegaram à idade de
alfabetização. Nessa fase elas começam a fervilhar de interesse e curiosidade,
e estão muito entretidas com toda a imaginação e fantasia que criam, o que
torna as ilustrações dos livros um estímulo super efetivo para ajudá-las em
novas descobertas, novos pensamentos e reflexões conceituais, e incentivando
sua criatividade. Para as crianças que ainda não sabem ler as palavras, os
livros não possuem só a história escrita que lhes é lida, e sim muitas
histórias diferentes inventadas por eles mesmos com as ilustrações ali
expostas.
Crianças
adoram ilustrações! Mesmo quando aprendem a ler, a ilustração continua ganhando
espaço de destaque nos livros. Elas começam a conseguir conectar as imagens com
as palavras escritas, e raciocinar sobre essa relação, o que continua mantendo
a importância das figuras nos livros.

Isso
é um triste fato de se pensar, que fomos tomados do direito de aprimorar nossas
habilidades de imaginação e reflexão abstrata para levar uma enxurrada de
números complexos e textos científicos no lugar. Não que eles não sejam
importantes para crescermos e aprendermos mais coisas, esse é o curso mais
natural da aprendizagem na lógica capitalista em que vivemos (estudar cada vez
mais para conseguir empregos cada vez melhores para ganhar cada vez mais
dinheiro). Agora, tirar a magia da fantasia das nossas cabeças chega a ser
cruel. Como é que adultos desacreditados da fantasia, que foram ensinados que é
uma perda de tempo, vão conseguir ensinar seus filhos a acreditarem nela?
O
papel das ilustrações é claro para a formação da imaginação e da cognição das
crianças, mas elas estão aos poucos sendo banidas do nosso cotidiano. Foram
substituídas pelas imagens nos programas de televisão e no computador, alguns
podem argumentar. Mas não é a mesma coisa. Uma imagem que passa rapidamente,
sem necessidade árdua de interpretação e crítica, não é igual a outra que
possui elementos simbólicos que precisam ser refletidos e relacionados com o
que se conta na história. Agora caímos numa pergunta mais difícil ainda: por
que então a televisão e o computador são tão aclamados atualmente, e um livro
ilustrado começa a ser considerado perda de tempo para crianças que já
começaram a estudar? Não sei se encontraria a resposta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário