sábado, 11 de outubro de 2014

Muito além de vampiros e bananas

Neste Dia da Criança, vamos olhar além da prateleira rosa e azul?


A capa não te chama com dragões, princesas nem jogos mortais. Não é cheia de cores nem de letras chamativas. O livro estava perdido na prateleira e acho que ninguém o havia sequer notado. Como um simples pedaço de cerâmica.


"O que pode haver de interessante numa história com um título desses? "

"Um pedaço de cerâmica"? Pensa-se num um caco, algo descartável... 
Descartável, assim como o garoto Orelha-de-Pau, que só tem direito a um "nome de órfão" e mora debaixo da ponte com o homem-garça, indigente que o adotou desde pequeno. 
Orelha-de-Pau conhece bem o lixo de cada casa da aldeia de Ch´ulp´o, na Coréia do Século XII.  Descobriu que, por ser órfão, criança e morar na rua, é invisível para os adultos. Por meio das mudanças sazonais do lixo de cada casa e das conversas dos que o ignoram, sabe muito sobre a fama dos ceramistas de sua cidade, peritos na fabricação de peças com a técnica do esmalte Celadon*. Conhece também suas rivalidades. Sabe dos altos e baixos nas encomendas que vêm de palácios longínquos.  
Orelha-de-pau tem um segredo: todos os dias, interrompe sua busca por restos de alimentos para observar, escondido, as atividades de Min, o melhor ceramista das redondezas, conhecido por suas obras de tirar o fôlego, mas também por seu mau humor e seu silêncio taciturno. A magia das formas dos vasos que surgem no torno faz com que Orelha-de-Pau até se esqueça de sua fome.
Mas a história começa mesmo no dia em que Orelha-de-Pau não resiste à tentação e invade a casa de Min para ver de perto as obras verdes-como-jade.

Se você acha que tudo terá um desfecho fácil e previsível, está muito enganada(o). 
Uma narrativa encantadora que faz pensar sobre viver à margem e sobre o valor da solidariedade, a dor das perdas e o difícil caminho do crescimento.


Que tal sair da mesmice  Dia da Criança, que também é o Dia Nacional da Leitura, e presentear as crianças que você ama compartilhando esta história maravilhosa?
Recomendamos!

Tradutor: Eneida Vieira Santos.
Editora: Martins Fontes
Obra vencedora da Newbery Medal.
Parte do acervo PNBE 2009.
Idade recomendada: aproximadamente 10 anos 
(Para leitores que já possuem mais autonomia na leitura, sendo que a idade poderá variar).





*Celadon: um esmalte bastante conceituado na história da cerâmica. Seu principal elemento corante é o óxido de ferro, responsável pelo matiz verde, cinza ou azul em vários tons.




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