Por Maria Freire[1] e Eileen Pfeiffer Flores
Olá, caros leitores! A
leitura está, realmente, na pauta do dia. Hoje estamos
festejando o Dia de Monteiro Lobato e o Dia Nacional do Livro Infantil. Ao
mesmo tempo, em comemoração aos 52 anos de Brasília, a cidade está sediando, desde 14 de abril, a 1ª
Bienal Brasil do Livro e da Leitura, com o compromisso de transformar Brasília
na capital do livro e da leitura. Vale a
pena conferir a programação, que tem muita coisa interessante,
entre seminários, palestras, lançamentos, bate-papos com escritores, música,
poesia e performances. Um dos focos da Bienal é a questão das políticas para
ampliação do acesso aos livros e a formação de novos leitores.
Como sabemos, em nosso país, para muitas
crianças, o ato de ler só
se inicia na escola, a qual teria a função de estimular o prazer de ler e a
busca pelo saber, oferecendo meios que viessem a seduzir o aluno e despertar
seu desejo pela busca dos livros e da leitura. No entanto, os últimos
resultados da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro[2],
foram muito desanimadores, indicando que 55% dos entrevistados não leram nenhum
livro nos últimos meses (nem inteiro, nem em partes, e incluindo a Bíblia e os
livros didáticos!!). Essas pessoas incluem tanto estudantes quanto pessoas
formadas. Como isso é possível? O que está fazendo com que a escola, muitas
vezes, afaste as pessoas da leitura, em vez de aproximá-las?
No
sábado, dia 14, tivemos a
oportunidade de assistir "A
mediação da leitura" com representantes do PROLER, MEC e Programa Arca das
Letras/MDA. A grande questão que surgiu durante o debate foi a questão
do mediador de leitura. Para muitas crianças, os professores seriam os
principais mediadores de leitura e a escola, o primeiro contato com livros. Mas
o que se percebe é que no processo de leitura, a
literatura, bem como toda a cultura criadora e questionadora, não está sendo
explorada como deve nas escolas. A formação acadêmica, infelizmente não dá
ênfase à leitura. É verdade que, para o leitor em formação, a aprendizagem da
leitura não cabe apenas a escola, mas também a família. Mas, insistimos, a
escola pode ser a primeira oportunidade de contato com o mundo da leitura para
a maioria das crianças no Brasil. Se a escola não der início ao processo e não
incluir a família e a comunidade, como poderá ocorrer a mudança? E, conversando
sobre o seminário depois, surgiu a questão: como os professores podem ser
mediadores que façam diferença se não forem, eles mesmos, leitores? Continuarão
a considerar a leitura como mero entretenimento ou como pretexto para tarefas
escolares.
Finalizamos com uma citação do homenageado de hoje que expressa com
perfeição o que está a nos inquietar:
A inteligência só entra a funcionar com prazer,
eficientemente, quando a imaginação lhe
serve de guia. A bagagem de Julio Verne, amontoada na memória, faz nascer o
desejo do estudo. Suportamos e compreendemos o abstrato só quando já existe
material concreto na memória. Mas pegar de uma pobre criança e pô-la a decorar
nomes de rios, cidades, golfos, mares, como se faz hoje, sem intermédio da
imaginação, chega a ser criminoso. É no entanto o que se faz!... A arte abrindo
caminho à ciência: quando compreenderão os professores que o segredo de tudo
está aqui? (Monteiro Lobato, 1923).[3]
Programação da Bienal: http://www.bienalbrasildolivro.com.br/programacao
[1]
Estudante de Letras na UnB e mediadora de leitura do Projeto Livros Abertos.
[3] Citado em Bignotto, C.C. (s.d.) Monteiro Lobato e a infância na república
velha. Disponível em: http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/RepublicaVelha.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário