As Aventuras de um Contador
Não faz muito tempo que comecei a fazer leitura
dialógica para a turma do 4° ano A, desde o primeiro dia me surpreendi com a
recepção carinhosa de todos os alunos. Garotada animada e disposta a se
envolver na leitura.
Os pequenos ficaram muito curiosos para me
conhecer, saber por que eu estava no projeto, ficaram meio que impressionados
com um “homem” como mediador de leitura, todos estavam acostumados com mulheres
e moças, pessoas com as quais têm mais contado dentro da escola.
Desde o primeiro dia tentei ganhar a confiança
deles, conversando de maneira bem descontraída e estabelecendo regras nada
convencionais para estimular a liberdade de expressão e imaginação durante o
momento especial da leitura. Uma dessas regras era que todo mundo estava na
obrigação de não ter obrigação, ou seja, tudo era voluntário e todos eram
livres para participar ou não. Para minha surpresa, eles adoraram e me
questionaram se aquilo realmente eram regras, porque eram muito fáceis de
seguir, e riram bastante.
Nas semanas seguintes durante as leituras percebi
que foi se consolidando uma relação afetuosa entre nós (como mostra o desenho
do coraçãozinho feito por uma das crianças). Fiquei muito feliz por ter
cativado esse tipo de sentimento nas crianças através da mediação de leitura.
Espero que esse sentimento de carinho e confiança
que as crianças criaram por mim através da leitura dialógica possa ser
desfrutado também pelos pais e professores, para que eles também possam viver
as aventuras de um contador.
Um comentário:
É isso aí, Márcio, seu relato mostra a importância do vínculo para o trabalho de mediação. A "regra" que você combinou com as crianças é a mais importante de todas: ocupar o lugar de leitor, pois ser leitor é questionar, refletir, fazer perguntas. Sair do lugar que, infelizmente, é muitas vezes reservado ao "aluno": aceitar, repetir e responder.
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