James Joyce para crianças? Sim, isso mesmo! Numa nova edição da Cosac Naify, com caprichada tradução da premiada Lygia Bojunga e com ilustrações maravilhosas, em aquarela, do quadrinista, também premiado, Marcelo Lelis, somos brindados com a curiosa história de como uma ponte foi construída sobre o rio mais largo da França em uma única noite. Onde entram o diabo e o gato nessa história? Só lendo para descobrir!
Nas ilustrações de Lelis, o diabo é inofensivo e lembra... quem?... deixo para vocês descobrirem.
Gente, o mais bacana dessa história deliciosa é que ela foi, originalmente, uma carta que James Joyce escreveu para seu neto Stephen. Isso se nota na linguagem, que é simples e fala ao coração de uma criança de oito anos. Li com pessoas de várias idades e todos adoraram! Uma ótima opção para a leitura dialógica, para a qual oferecemos algumas sugestões a seguir:
Sugestões:
1) Detenha-se na capa, explorando-a. Acolha as reações das crianças e discuta-as. Pergunte o que elas acham que vai acontecer.
2) Explore bastante as imagens, dá para se deliciar um tempão em cada página. Pergunte onde eles acham que acontece a história. Pode levar um globo ou mapa e mostrar, perguntar o que eles já ouviram falar sobre a França, etc.
3) Por motivos religiosos e culturais, é possível que algumas crianças fiquem assustadas ou chocadas com a presença do diabo, mas logo irão se tranquilizar e se divertir bastante com o desenrolar da história, pois este é um diabo nada assustador e que acaba tendo que aceitar que os habitantes da cidade foram mais espertos que ele. O diabo é presença comum também no folclore brasileiro, onde, assim como na história contada por Joyce, é frequente que seja vencido pela esperteza do homem do povo e, derrotado, retorne furioso ao lugar de onde veio.
4) Explore o tema da correspondência por cartas. Pergunte, no início da história, quem eles acham que está falando ou escrevendo, e quem eles acham que é o destinatário.
5) Aproveite sempre para ampliar o vocabulário das crianças a partir das imagens , usando perguntas abertas, como
a. O que vocês acham que está acontecendo aqui?
b. Me contem o que estão vendo nesta ilustração.
6) Se houver uma palavra, expressão, etc. que você acha que as crianças provavelmente não conhecem, pergunte a elas o que elas acham que é, mas nunca de forma descontextualizada. Não interrompa a leitura para perguntar o significado de uma palavra. Termine o trecho e depois pergunte o que eles entenderam. Use o contexto para ajudar, quando cabível, ou o mesmo explique o significado de forma natural, dentro do fluxo da conversa.
7) Incentive as crianças a imaginarem o que vai acontecer em seguida na história e a colocar-se no lugar dos personagens (“O que você acha que vai acontecer agora?”; “O que você faria se fosse o prefeito?”
8) Converse com eles sobre o autor. Pergunte, ao fim da história, se eles acham que a carta foi uma carta verdadeira ou não. Leia para eles o que o neto, destinatário desta encantadora história, escreveu sobre seu avô James Joyce (veja em http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?tag=o-gato-e-o-diabo).
9) Após a leitura, pode-se brincar de inventar novos desenlaces para a história, desenhar e pintar novas ilustrações, encenar a história, organizar uma correspondência por carta com outras crianças para discutir o livro, enfim, a imaginação é que vai mandar.
Importante: Não basta fazer perguntas. É fundamental ouvir de verdade as crianças e reagir às suas falas, confirmando-as, comentando-as, ampliando-as, problematizando-as , levando as crianças a leituras cada vez mais ricas. Isto, com certeza, é a essência de uma leitura realmente dialógica.
Boa leitura e, se desejar, conte para nós depois como foi!
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