Da paginação
(Mário Quintana)
“Os livros de
poemas devem ter margens largas e muitas páginas em branco e suficientes claros
nas páginas impressas, para que as crianças possam enchê-los de desenhos –
gatos, homens, aviões, casas, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis,
cachorros, cavalos, bois, tranças, estrelas – que passarão também a fazer parte
dos poemas...”
Este poema do Mário
Quintana exemplifica, lindamente, o que é a leitura dialógica, pois é
exatamente isso o que fazemos: enchemos as narrativas de “buracos”, para que as
crianças os preencham com suas próprias impressões e experiências. No fim, o
que elas guardam da sessão de leitura é justamente a síntese do que elas
ouviram (do livro e das/os colegas) relacionado ao que já vivenciaram ao longo
de suas vidas.
Pelas publicações das/os
minhas/meus colegas no blog, dá pra perceber claramente o quanto as crianças
tem se envolvido cada vez mais nas leituras compartilhadas, mas também, se
trocar uma ideia com alguém depois de ler aquele livro maravilhoso já é super empolgante,
imagina fazer isso enquanto ainda estamos lendo tal livro??? Eu me amarro e, garanto,
as crianças também. Então pra quem tá chegando agora no blog do Livros Abertos
e não está entendendo nada sobre essa tal de LEITURA DIALÓGICA, resolvi
repassar algumas dicas de como praticá-la:
- O óbvio: Se você quer compartilhar a leitura de um livro, é importante que você goste dele, para que assim consiga envolver as outras pessoas na leitura;
- Se a leitura é dialógica, você não tem que se incomodar com as intervenções das/os ouvintes, pelo contrário, deve estimulá-las e desenvolvê-las, principalmente com crianças e como fazer isso? Comece com perguntas objetivas: o que; quem; onde ou peça a opinião; como elas resolveriam tal problema; como elas se sentiriam no lugar da personagem; se já passaram por aquilo, etc;
- Olhe de novo para as ilustrações, acho que você deixou passar alguma coisa, não? Muitas vezes as ilustrações contém informações importantes e que não estão no texto, encontre-a e ao final da leitura tudo fará mais sentido;
- O que fazer quando terminar de ler? Bom, se a leitura rendeu, isto é, as crianças se expressaram, criticaram a história, perguntaram, conheceram palavras/lugares/pessoas/coisas novas e pediram para ouvir mais histórias, então o que mais você quer delas? Deixe que se expressem como quiserem, mesmo que elas queiram sair correndo dali.
É isso mesmo, não cobre nada e nem tente medir “o quanto que entenderam da história”, afinal
cada um tem um tempo e um jeito de refletir sobre o que ouviram e como que elas vão pôr, tudo o que passou
por suas cabeças, no papel? Acho que teriam um trabalhinho para garimparem da
imaginação o que poderia caber em algumas linhas, só pra satisfazer o
interesse de outra pessoa, pois pra elas a rodada de leitura já é o bastante e os frutos disso elas vão colhendo no dia-dia, ao repetirem as palavras que aprenderam ou citarem a história quando ouvir algo que a lembrasse.
Pra mim “leitura dialógica” também era uma novidade, e foi na prática, experimentando no dia-dia junto aos pequenos da Escola Classe 415 Norte, que me rendi a esta forma incrível, mas nem tão conhecida de ler e ouvir estórias.
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