sábado, 19 de outubro de 2013

Reflexão sobre a prática da leitura dialógica

                                                                                                            Da paginação
(Mário Quintana)

“Os livros de poemas devem ter margens largas e muitas páginas em branco e suficientes claros nas páginas impressas, para que as crianças possam enchê-los de desenhos – gatos, homens, aviões, casas, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças, estrelas – que passarão também a fazer parte dos poemas...”

Este poema do Mário Quintana exemplifica, lindamente, o que é a leitura dialógica, pois é exatamente isso o que fazemos: enchemos as narrativas de “buracos”, para que as crianças os preencham com suas próprias impressões e experiências. No fim, o que elas guardam da sessão de leitura é justamente a síntese do que elas ouviram (do livro e das/os colegas) relacionado ao que já vivenciaram ao longo de suas vidas.

Pelas publicações das/os minhas/meus colegas no blog, dá pra perceber claramente o quanto as crianças tem se envolvido cada vez mais nas leituras compartilhadas, mas também, se trocar uma ideia com alguém depois de ler aquele livro maravilhoso já é super empolgante, imagina fazer isso enquanto ainda estamos lendo tal livro??? Eu me amarro e, garanto, as crianças também. Então pra quem tá chegando agora no blog do Livros Abertos e não está entendendo nada sobre essa tal de LEITURA DIALÓGICA, resolvi repassar algumas dicas de como praticá-la:

  1. O óbvio: Se você quer compartilhar a leitura de um livro, é importante que você goste dele, para que assim consiga envolver as outras pessoas na leitura;
  2. Se a leitura é dialógica, você não tem que se incomodar com as intervenções das/os ouvintes, pelo contrário, deve estimulá-las e desenvolvê-las, principalmente com crianças e como fazer isso? Comece com perguntas objetivas: o que; quem; onde ou peça a opinião; como elas resolveriam tal problema; como elas se sentiriam no lugar da personagem; se já passaram por aquilo, etc;
  3. Olhe de novo para as ilustrações, acho que você deixou passar alguma coisa, não? Muitas vezes as ilustrações contém informações importantes e que não estão no texto, encontre-a e ao final da leitura tudo fará mais sentido;
  4. O que fazer quando terminar de ler? Bom, se a leitura rendeu, isto é, as crianças se expressaram, criticaram a história, perguntaram, conheceram palavras/lugares/pessoas/coisas novas e pediram para ouvir mais histórias, então o que mais você quer delas? Deixe que se expressem como quiserem, mesmo que elas queiram sair correndo dali. 

É isso mesmo, não cobre nada e nem tente medir “o quanto que entenderam da história”, afinal cada um tem um tempo e um jeito de refletir sobre o que ouviram e como que elas vão pôr, tudo o que passou por suas cabeças, no papel? Acho que teriam um trabalhinho para garimparem da imaginação o que poderia caber em algumas linhas, só pra satisfazer o interesse de outra pessoa, pois pra elas a rodada de leitura já é o bastante e os frutos disso elas vão colhendo no dia-dia, ao repetirem as palavras que aprenderam ou citarem a história quando ouvir algo que a lembrasse. 



Pra mim “leitura dialógica” também era uma novidade, e foi na prática, experimentando no dia-dia junto aos pequenos da Escola Classe 415 Norte, que me rendi a esta forma incrível, mas nem tão conhecida de ler e ouvir estórias. 


Raíssa Dourado


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