quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Papai e eu, às vezes - Uma história sensível

Venho hoje compartilhar minha experiência de mediação com o livro Papai e eu, às vezes de María Wernicke.


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À priori, o título pode parecer assustador para alguns mediares e contadores, que temem trazer a tona questões pessoais das crianças e despertar alguma ansiedade. Curiosamente, é justamente o título que nos permite abarcar a diversidade dos arranjos familiares. É justamente este conjunto de momentos, estes diversos às vezes, que constitui a história de nossa relação.

Não importa se venho de um lar de pais separados e que more com minha mãe e tenha que visitar meu pai em outra cidade, não importa se moro com meus pais, não importa que more com meus avós e só encontre com meus pais no final de semana, não importa se meu pai já é falecido... A verdade é há momentos em que estamos juntos e há a presença do meu pai, e em outros momentos há a ausência.

Para aqueles que já são pais e mães, este livro é uma excelente ferramenta para nos sensibilizarmos e sensibilizarmos nossos filhos para uma questão, nem sempre estamos disponíveis afetivamente, assim como nem sempre eles estarão para nós. E é exatamente sobre esses encontros e desencontros entre desejos e afetos, prazeres e obrigações que este livro retrata.

Ele é um convite para um novo olhar sobre nossa relação com nossos pais e nossos filhos, um olhar sincero e sensível, que compreende a diversidade de momentos que vamos construir. É um momento para compartilhar as coisas gostosas que dividimos e fazemos com nossos pais, as coisas incríveis que aprendemos com eles, mas também compartilhar os sentimentos que nos invadem quando recebemos um não, ou quando nós mesmos recusamos um convite.

Não foi com essa reflexão que eu cheguei para a contação, na verdade, eu cheguei um pouco ansiosa.

Minha ansiedade diminuiu com o primeiro grupo, como eu, ninguém morava com seus respectivos papais, todos os ali tinham visto o divórcio dos pais, e uma de nossas pequenas tinha perdido um dos pais, mas descoberto muito carinho com seu padastro "é meu segundo, pai, tia". Neste grupo não faltou acolhimento, não faltaram histórias, não faltaram lembranças e não faltaram intrigas. Cada página era um lembrete e porta de partida para novos momentos.

No segundo grupo, eu era a única que tinha os pais separados, a maioria deles moravam com seus pais, alguns deles (seja por conta do trabalho dos pais, ou seja pela distância da escola e da casa) só viam seus pais no final de semana. Os às vezes, tiveram outro sentido para este grupo, não era uma questão de proximidade física, mas de disponibilidade afetiva, às vezes nós dois estamos em casa, mas não conversamos e não queremos brincar juntos.

Foi muito rico viver este momento e compartilhar dessas histórias, sou grata pela experiência que María Wernicke nos possibilitou com esta obra de arte, que tem uma dose maravilhosa de sua própria história.

Indicamos este livro de afeto e sensibilidade a todos os públicos! =)
Escrito por: Júlia Gisler

Ficha técnica
Título: Papai e eu, às vezes
Escritora: María Wernicke
Tradutora: Carla Caruso
Ano de edição: 2010.

Gostou? Confira nossas dicas de mediação dessa obra em nossa revista digital!
http://www.revistalivrosabertos.org/single-post/2016/11/10/Papai-e-eu-%C3%A0s-vezes-Mar%C3%ADa-Wernicke

Um comentário:

Nailda disse...

Esse tipo de leitura permite que os alunos se deparem com realidades próximas das duas o que, com certeza gera uma certa calmaria no coração de cada um. Agreda valor identitario e contribui na relação familiar. Entende-se que esse não é o objetivo do projeto. Porém, é necessário saber e entender que essas relações fazem parte de número significativo de estudantes. Párabens aos alunos e à Equipe!