Na minha última contação com as
crianças do 1º período (4 e 5 anos), resolvi deixar de lado um dos meus receios
e utilizar um livro que se chama “A Caixa de Lápis de cor”, do Maurício Veneza.
Bom, o desafio é que o livro é composto por uma história contada apenas por
meio de imagens, o que exigiria uma participação bastante ativa das crianças. Nessa faixa etária, os pequenos costumam ser muito atentos as figuras dos
livros, sempre explorando cores, objetos, quantidades, letras, pois estão na
etapa inicial da alfabetização escolar, mas eu ainda tinha dúvidas se
conseguiríamos atribuir uma continuidade à história apenas por meio das
imagens. O fato é que ao final das contas, essa foi a contação do ano em que eu
obtive 100% de participação das crianças em todos os grupos que me acompanharam
nessa descoberta.
A história se passa em uma cidade grande em que uma criança,
um menino engraxate, ao conseguir abordar um senhor e engraxar seu sapato,
recebe como pagamento uma caixa de lápis de cor. O menino então começa a fazer
desenhos tão coloridos e vívidos que ele mergulha na figura passando para a
outra dimensão do papel. Ao voltar do desenho, o
garoto continua colorindo
pássaros que saem da folha e ganham vida, colorindo a cidade e trazendo alegria
para os transeuntes. Dessa maneira, vários aspectos podem ser explorados,
alguns dos quais listados abaixo:
1) As
cores da cidade mudam entre o início e o fim do livro. No início os prédios, o
céu eram meio marrons, meio cinzas e ao final passam a ser coloridos. Uma
intervenção possível é de chamar a atenção das crianças para as cores já no início
da história e ao final resgatar o que mudou, voltando as páginas para que elas
possam perceber a mudança.
2) Assim
como as cores da cidade, mudam também as expressões no rosto dos transeuntes.
No início estes pareciam estar indiferentes na cena e ao final eles parecem
estar interagindo. Além de chamarmos a atenção das crianças, convidado-as a
perceber essas mudanças, podemos explorar junto a elas o que as ocasionou,
assim como quais sentimentos são despertados nas primeiras imagens e nas
últimas.
3) Podemos
explorar quais poderiam ser as falas dos personagens nas cenas retratadas,
quais seriam seus sentimentos, suas relações (parecem amigos, parentes, parecem
tristes, felizes, pensativos).
4) Diante
das dúvidas das crianças: “isso é verdade tia? Ele entrou mesmo na folha?”
podemos também conversar sobre mentira, verdade, imaginação, fantasia.
5) Convide
as crianças a contarem a história, explore elementos que não estejam em
primeiro plano na figura.
6) A
mediação é sempre algo muito dinâmico. Dessa forma, as próprias intervenções
das crianças geram novos diálogos, novas possibilidades. Importante é não
perder esses momentos, não devemos ficar presos ao que planejamos, estando
sempre abertos para as surpresas que surgem a partir das diferentes
interpretações.
7) Cada
grupo irá reagir diferentemente ao livro, às imagens a à mediação.
Liberte-se de
seus medos e receios, experimente livros com diferentes formatos, de diferentes
gêneros e compartilhe suas experiências com a gente : )
Isabella Brandão.
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