Às vezes caímos na rotina...
e a
pior de todas não é das tarefas (essas são importantes para nossa organização e
tudo mais) o problema é a rotina de pensamentos, essa que prende a gente no que
pensar, sobre o que pensar, quando pensar! E sair dela é meio difícil, porque
você primeiro sai e depois percebe o que aconteceu.
Tudo começou quando eu estava no
banheiro da escola e no cantinho achei um papel velho, sujo, esquecido... Eu
o vi e não podia deixá-lo mais tempo no esquecimento, portanto comecei a ler e
me surpreendi, era um pedido de socorro! A história que ele trazia era bem
aterrorizante, tinha uma bruxa deformada, crianças feitas prisioneiras em
tubulações de esgoto, vingança...Vi que eu precisava contar para as
crianças, claro que fiquei um pouco receosa se seria “pesado” mas depois de
conversar com os outros membros do Livros Abertos chegamos ao consenso de que
seria tranqüilo. Sem contar que não poderíamos ser negligentes àquele grito de
socorro.
Assim, na segunda-feira fui à
escola preparada, levei uma colcha para cobrir a mesa, uma lanterna e um
isqueiro. Vocês entenderão o porquê dos elementos, mas vale dizer que todos são
necessários para criar o “clima” de terror. Primeiramente, alertei as crianças
de que teríamos uma história de terror e quem não gostasse poderia ir para
outra contação. Os corajosos que me seguiram, foram para debaixo da mesa,
conversamos sobre como imaginávamos aquela escola muitos anos antes. Mostrei a
carta que havia achado no banheiro e comecei a ler com a lanterna iluminando
meu rosto.
A história resumidamente é sobre
algumas crianças que pregaram uma peça na cozinheira e como castigo da mesma,
que era uma bruxa, foram condenadas a viver nos encanamentos das privadas.
Arrependida em seu leito de morte a cozinheira Tereza, também conhecida como
Bruxa Cereja devido a sua aparência causada por queimaduras em sua cabeça,
possibilitou que as crianças pudessem pedir ajuda (aí que entra a carta) mas
para que elas fossem libertadas seria necessário que realizássemos um ritual.
Existia uma observação na carta que pedia que fosse queimado o final, ao
passarmos o isqueiro surgiram algumas letras completando um “Por Favor” do
além. Perguntei se todos concordavam em realizarmos o ritual e, assim, libertar
as crianças, elas aceitaram. Fomos para o banheiro e seguimos à risca as
recomendações: dar descarga ao mesmo tempo e repetir as palavras:
Cereja
Cereja
Antes Tereza
Liberte
Liberte
As crianças fedidas
Mas arrependidas
Ao final um som fantasmagórico
preencheu o silêncio do banheiro.
Bem...foi assim minha última
contação graças à um achado mágico, mas não o papel! E sim minha vontade de não
estacionar no mais cômodo, a vontade de buscar inovar nas histórias e tornar as
semanas mais divertidas e memoráveis. Se você, por um acaso, estiver um pouco
cansado ou entediado sugiro que olhe bem nos cantos esquecidos pode ser que
encontre um pedido de socorro. =)
PS: Obrigada por todos que apoiaram
em especial aos que ajudaram na gravação de “fantasmas no banheiro” (Gustavo,
Thais e Matheus) a sonoplastia foi
essencial! ;)
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