Olá, leitores!
Vocês tem acompanhando nossas postagens da revista digital? Fica o lembrete para quem está buscando por dicas de leituras e mediações!
Apresentamos a vocês na última quinzena duas obras que podem despertar discussões sobre diversidade, mudanças e imigração!
1) Selvagem de Emily Hughes: http://www.revistalivrosabertos.org/#!Selvagem-Emily-Hughes/cu6k/5741cf9b0cf2d0f13cec4af6
2) Eric de Shaun Tan: http://www.revistalivrosabertos.org/#!Eric-Shaun-Tan/cu6k/5759ae9d0cf2b2ec5182a320
Compartilhem conosco sua experiência de contação e nos deixem sugestões para as próximas postagens!
quinta-feira, 9 de junho de 2016
sexta-feira, 6 de maio de 2016
O Mundo no Black Power de Tayó - Um livro sobre raízes, cultura e afeto
Na última reunião com nossos mediadores, fomos apresentados ao livro O Mundo no Black Power de Tayó. Escrito por Kiusam de
Oliveira, ilustrado por Taisa Borges e vencedor do Prêmio ProAC de Cultura
Negra em 2012, o livro é um convite para refletir sobre as raízes culturais,
nossa identidade e nossa relação afetiva com nossa própria história.
Tayó é uma menina de 6 anos e em seus cabelos crespos e
cheios ela ostenta toda a sua cultura e sua identidade, ela é encantadora e
radiante, merecedora de seu nome (Tayó significa alegria). Logo nas primeiras
páginas do livro, vemos a mais profunda expressão poética da autora para falar
da beleza da protagonista, fazendo que os leitores logo se enterneçam ao
conhecer uma menina tão bonita, espontânea e poderosa. Trata-se de uma história profunda de afeto e empoderamento.
Muitas atividades e brincadeiras podem ser feitas com as
crianças a partir do livro para aprofundar as reflexões:
1) Pedir para que tentem ser reconhecer, apenas tocando o
cabelo uma das outras.
2) Eles podem se observar e criar versos para exaltar a
beleza uns dos outros. Exemplo: Marta tem olhos marrons como terra fértil.
3) Pedir para que as crianças pesquisem mais sobre a história do Brasil e do povo brasileiro.
4) Pedir para que as crianças investiguem sua própria história familiar.
5) Contar sua própria história sob a perspectiva de seus cabelos.
6) Quando Tayó se percebe como uma princesa e sua mãe como uma rainha, podemos pedir para que as crianças se desenhem como realezas e propor que reflitam suas diversas características (como lealdade, gentileza, coragem) que as tornam tão nobres e únicas.
5) Contar sua própria história sob a perspectiva de seus cabelos.
6) Quando Tayó se percebe como uma princesa e sua mãe como uma rainha, podemos pedir para que as crianças se desenhem como realezas e propor que reflitam suas diversas características (como lealdade, gentileza, coragem) que as tornam tão nobres e únicas.
7) Propor que as crianças criem enfeites de cabelo e
presenteiem umas as outras.
A última foi proposta as mediadoras que estavam na reunião,
foi um momento de intimidade, troca, entrega e carinho.
Livros Abertos sugere:
O episódio de Livros Animados, programa do Canal
Futura, em que há a contação e reflexões sobre esta obra, você pode encontrar
no link: https://youtu.be/w2c4KVTowSg.
Confira nossas dicas de mediação na nossa revista:
http://www.revistalivrosabertos.org/#!O-Mundo-no-Black-Power-de-Tayó-Kiusam-de-Oliveira-e-Taisa-Borges/cu6k/572cee670cf2094051e6ecc3
http://www.revistalivrosabertos.org/#!O-Mundo-no-Black-Power-de-Tayó-Kiusam-de-Oliveira-e-Taisa-Borges/cu6k/572cee670cf2094051e6ecc3
Ficha Técnica:
Título: O Mundo no Black Power de Tayó
Autor: Kiusam de Oliveira
Ilustração: Taisa Borges
Editora: Editora Peirópolis
Edição: 1
Ano: 2013
Ilustração: Taisa Borges
Editora: Editora Peirópolis
Edição: 1
Ano: 2013
Marcadores:
cultura negra,
diário do contador,
dicas de mediação,
diversidade,
empoderamento,
O Mundo no Black Power de Tayó,
princesas
sexta-feira, 15 de abril de 2016
Pescar e mediar é só começar
Ontem eu revisitei um dos meus contos favoritos, trata-se de uma história de um povo de uma terra fria e foi apresentado e analisado por Clarissa Pinkola Estés, psicóloga de abordagem análitica junguiana. A cada vez que releio, tenho um sentimento profundo de empatia e carinho pela figura sofrida da Mulher Esqueleto, contudo, dessa vez ao ler o conto, me senti pescador.
Vamos para a história... A Mulher Esqueleto e o Pescador Mediador.
![]() |
http://stellamaximo.com.br/imagens/2015/10/stella-maximo-conto-mulher-esqueleto.png |
Um dia, um pescador se dirigiu a uma enseada mais distante para trabalhar. Muitos pescadores da região não frequentavam aquela área, alegando que ela era assombrada, mas o homem que há muito tempo estava isolado do convívio de sua comunidade desconhecia daquelas crenças. O pescador preparou sua isca e jogou-a no mar, deu as costas para a proa e cuidou de desenrolar sua rede.
O anzol foi descendo, descendo e finalmente fisgou algo. O Pescador ficou muito entusiasmado! O dia seria bem proveitoso! Podia imaginar o quão grande, o quão saboroso seria esse peixe, quantas pessoas seriam alimentadas por ele! Um verdadeiro banquete!
Mas não foi um peixe que caiu sobre a proa do seu barco, era um esqueleto! Uma mulher esqueleto.
- AHHHHGGGGGGG !!!- Gritou o homem assustado, tamanho foi seu susto que desequilibrou e caiu, enredando-se em sua linha.
Aquela criatura era horrível, havia crustáceos em suas órbitas vazias, corais em seus dentes, não havia um fio de cabelo em sua cabeça. O Pescador tratou de pegar seus remos e disparar em direção a terra. Mas ela o seguia!
-AHHHHHHGGG!!!!! Tamanho era seu medo que não percebera que tanto ele quanto ela estavam pressos e enrolados na mesma linha!
-AHHHHHHHHGGGG!!! - Urrou o Pescador, apavorado! Mas quanto mais ele fugia, mais próxima a Mulher Esqueleto se aproximava. Chegou a terra tropeçando, atrapalhado, aterrorizado e meteu-se no seu iglu, arrastando-se de quatro. No escuro de seu lar, respirando ofegante, ele acreditou que estava seguro, mas então percebeu que ela estava lá, bem perto dele.
Sua pose era bizarra, joelho sobre a clavícula, braço sob as costelas, o quadril descolocado.
Aos poucos, sua respiração se tornou mais suave, o Pescador tomou coragem e usou uma mecha do próprio cabelo para acender sua pederneira e iluminar sua casa.
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http://26.media.tumblr.com/tumblr_ldhyp5PPpS1qa26auo1_400.jpg |
O Pescador então se aproximou dela, e cuidadosamente começou a desprendê-la da linha de pesca. Puxava a linha com cautela, falando palavras carinhosas, sussurradas, como uma mãe fala com seu filho, se pegou cantado e ninando.
- O na na na. - Ele cantava e suas mãos dançavam harmoniosamente, como as mãos de uma tecedeira.
- O na na na. O na na na. - Quando terminou, o Pescador envolveu a Mulher Esqueleto com seu cobertor de pele macia. Quando a luz se extinguiu do aposento, o Pescador deitou ao seu lado e dormiu.
Quando ele acordou, encontrou uma mulher feita, com pele macia, seios fartos, cabelos longos e brilhosos, mãos fortes e macias. Eles estavam novamente unidos, dessa vez de um jeito bom e duradouro, pela linha do afeto e do cuidado.
Eles viveram juntos pelo resto de suas vidas e nunca mais faltou peixes na rede desse pescador.
Na leitura dialógica, nós mediadores somos como esse pescador. Preparamos nossas intervenções esperando fisgar as crianças, suas emoções, crenças e opiniões. Desejamos peixinhos coloridos, peixões encorpados. Esperamos que o vier alimente novas discussões e nutra nossas relações.
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http://www.abi.org.br/wp-content/uploads/images/Araquem_pescador.jpg |
Mas... de tempos em tempos, das águas de nossa contação emergem coisas pavorosas e inesperadas, coisas feias e sombrias, coisas sofridas, tabus. Ás vezes, fisgamos uma dor, um trauma, um mito familiar. Abusos psicológicos, preconceitos, violência familiar. Que susto nos levamos! Que vontade nos dá de correr para longe, nos esquivar nos esconder, mas já é tarde, estamos enredados na mesma linha.
Como mediadores, temos que respirar fundo, e olhar o esqueleto com ternura. Como o pescador que doa seu cabelo para trazer luz, doamos de nossa energia para acolher o que estava escondido. Puxamos cuidadosamente a linha das narrativas, a linha das histórias de nossas crianças. Reorganizamos, recriamos, desembaraçamos e arranjamos um lugar seguro para aquele esqueleto se mostrar. Acionamos a rede de apoio da criança, conversando com professores e coordenadores, protegendo-a. Deitamos ao seu lado, expondo também nossa vulnerabilidade "o mundo pode ser duro, mas não estamos sós", "há coisas que não entendemos ainda, mas juntos podemos tentar amenizar a dor"', o na na na, o na na na.
Alguns esqueletos voltam para o mar quando nossa contação acaba, outros se tornam companheiros e transforma nossa relação com as crianças, com afeto e cuidado, nos unimos de maneira boa e duradoura.
![]() |
http://jornalacorda.com.br/wp-content/uploads/2016/03/pescador-de-almas.jpg |
Escrito por: Júlia Gisler
Ficha técnica:
Mulheres que correm com lobos
Autora: Clarissa Pinkola Estés
Editora: Rocco
Ano de publicação: 1992
sábado, 9 de abril de 2016
A Árvore Generosa, de Shel Silverstein: Reflexões sobre parentalidade, vida e ciclos.
É com grande entusiasmo que as mediações do nosso projeto foram retomadas!
Há muita novidade vindo por aí!
Gostaria de compartilhar a primeira delas.
Fizemos a primeira contação do ano com os pais e responsáveis em um evento na escola (Dia da Família).O livro escolhido, sugerido por uma de nossas mediadores, foi A Árvore Generosa, de Shel Silverstein. Escrito em 1964 (e muito bem traduzido por Fernando Sabino), o clássico conta a história de amor entre uma árvore e um menino ao longo dos anos. Trata-se de uma história atemporal que evoca e provoca diversas reflexões e sentimentos.
Verdade seja dita, o livro puxa tanta conversa que poderia ser distribuído em festas constrangedoras e em happy hours sem assunto. Desenvolvimento sustentável, vida urbana x vida rural, conflitos de gerações, materialismo, a inocência da infância, os ciclos de vida, cidadania... são só exemplos de assuntos que são despertados pelo livro.
Ao longo do tempo, as nossas relações com o mundo e as pessoas mudam e se transformam. Com o menino, que tanto amava a árvore e que tanto era amado por ela, acontece o mesmo. Seus desejos e vontades moldam sua relação, indo da mais terna infância à terceira idade, passando pela adolescência, pela idade adulta e pela crise dos 40. Conforme os anos vão passando, o desejo da árvore permanece o mesmo: fazer o menino feliz, custe o que custar. Assim, ela dá tudo de si: as maçãs para nutrir, os galhos para construir, o tronco para viajar... e o menino aceita sempre o que ela oferece, sem nunca dar nada em troca, a não ser sua presença e companhia.
Ao final da contação, imperou um grande silêncio entre os participantes, um misto de tristeza com alegria e nostalgia.
Houve aqueles que se identificaram com o menino, i com sua história, percebendo que, ao longo da vida, nos afastamos e nos reaproximamos de nossas raízes, do lugar que nos nutre, nos protege e nos anima.
Houve aqueles que se identificaram com a árvore, que, como mãe, pai ou todo aquele que cuida e nutre, doa tudo de si para que sua criança prospere, tenha sua casa e siga pelos próprios caminhos.
Houve aqueles, que como eu, identificam-se com um sentimento de tristeza. Em toda família há a pessoa com o papel de cuidador, aquela pessoa que sempre vai sempre dar tudo de si para a família, com o desejo de que eles sejam felizes... mas quem é que está cuidando, regando e protegendo a pessoa cuidadora?
Este é um daqueles livros que merece ser lido e relido diversas vezes, pois, a cada momento de nossa vida, será capaz de contribuir com uma nova reflexão. A simples existência de obras como essa justificam o nosso trabalho e aquilo que almejamos no Projeto Livros Abertos, seja com as crianças, seja com os familiares, seja com os leitores de nosso blog e de nossa revista.
No final das contas, sejamos quem sejamos, árvore e menino, macaco e leão, ficam os votos para que possamos refletir e cuidar sempre mais de nós e de nossa(s) árvore(s).
Título: A Árvore Generosa
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradutor: Fernando Sabino
Editora: Cosac Naify
As imagens utilizadas foram retiradas do livro.
Nossa Revista com dicas de mediação de vários livros bacanas pode ser vista aqui
Há muita novidade vindo por aí!
Gostaria de compartilhar a primeira delas.
Fizemos a primeira contação do ano com os pais e responsáveis em um evento na escola (Dia da Família).O livro escolhido, sugerido por uma de nossas mediadores, foi A Árvore Generosa, de Shel Silverstein. Escrito em 1964 (e muito bem traduzido por Fernando Sabino), o clássico conta a história de amor entre uma árvore e um menino ao longo dos anos. Trata-se de uma história atemporal que evoca e provoca diversas reflexões e sentimentos.
Verdade seja dita, o livro puxa tanta conversa que poderia ser distribuído em festas constrangedoras e em happy hours sem assunto. Desenvolvimento sustentável, vida urbana x vida rural, conflitos de gerações, materialismo, a inocência da infância, os ciclos de vida, cidadania... são só exemplos de assuntos que são despertados pelo livro.
Ao longo do tempo, as nossas relações com o mundo e as pessoas mudam e se transformam. Com o menino, que tanto amava a árvore e que tanto era amado por ela, acontece o mesmo. Seus desejos e vontades moldam sua relação, indo da mais terna infância à terceira idade, passando pela adolescência, pela idade adulta e pela crise dos 40. Conforme os anos vão passando, o desejo da árvore permanece o mesmo: fazer o menino feliz, custe o que custar. Assim, ela dá tudo de si: as maçãs para nutrir, os galhos para construir, o tronco para viajar... e o menino aceita sempre o que ela oferece, sem nunca dar nada em troca, a não ser sua presença e companhia.
Ao final da contação, imperou um grande silêncio entre os participantes, um misto de tristeza com alegria e nostalgia.
Houve aqueles que se identificaram com o menino, i com sua história, percebendo que, ao longo da vida, nos afastamos e nos reaproximamos de nossas raízes, do lugar que nos nutre, nos protege e nos anima.
Houve aqueles que se identificaram com a árvore, que, como mãe, pai ou todo aquele que cuida e nutre, doa tudo de si para que sua criança prospere, tenha sua casa e siga pelos próprios caminhos.
Houve aqueles, que como eu, identificam-se com um sentimento de tristeza. Em toda família há a pessoa com o papel de cuidador, aquela pessoa que sempre vai sempre dar tudo de si para a família, com o desejo de que eles sejam felizes... mas quem é que está cuidando, regando e protegendo a pessoa cuidadora?
Este é um daqueles livros que merece ser lido e relido diversas vezes, pois, a cada momento de nossa vida, será capaz de contribuir com uma nova reflexão. A simples existência de obras como essa justificam o nosso trabalho e aquilo que almejamos no Projeto Livros Abertos, seja com as crianças, seja com os familiares, seja com os leitores de nosso blog e de nossa revista.
No final das contas, sejamos quem sejamos, árvore e menino, macaco e leão, ficam os votos para que possamos refletir e cuidar sempre mais de nós e de nossa(s) árvore(s).
Ilustração da obra A Árvore Generosa, de Shel Silverstein |
Escrito por: Júlia Gisler
Ficha técnica do livroTítulo: A Árvore Generosa
Autor e ilustrador: Shel Silverstein
Tradutor: Fernando Sabino
Editora: Cosac Naify
As imagens utilizadas foram retiradas do livro.
Nossa Revista com dicas de mediação de vários livros bacanas pode ser vista aqui
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
O feriado sem nome, de Shaun Tan (Diário do contador)
Estamos chegando ao fim de um ano letivo, e as crianças da
minha turminha fizeram um pedido especial, uma história sobre o natal. Lá fui
eu procurar contos natalinos... mas naqueles que eu achei faltava magia e
mistério, faltava poesia.
Foi então que me lembrei do conto de Shaun Tan, que compõe sua
obra Contos de lugares distantes. O feriado sem nome era mágico e misterioso,
tudo que as crianças tinham pedido, com exceção de um detalhe, trata-se de um
natal às avessas.
Shaun conta que há um feriado que ninguém conhece a origem,
mas que todos esperam com ansiedade essa solenidade, que pode acontecer em
agosto ou em outubro. O ritual se inicia quando a pessoa separa seus bens mais
valiosos e pelo que tem mais apreço, desses tesouros ela tem que escolher um,
justamente o mais amado. Fazendo essa escolha a pessoa tem que levar seu
tesouro para o telhado e o deixar ali, ao lado da antena de tv, que foi
previamente decorada com coisas brilhantes.
O resto da festividade consiste em
esperar ansiosamente, até que ela chegue na calada da noite.
Trata-se de uma graciosa rena, que escolhe dentre aqueles
objetos tão amados aqueles que farão mais falta, ela então os prende em sua
galhada e salta silenciosa, desaparecendo noite a fora.
O que afinal ela faz com aquele tesouro? “Ela dá para alguém
que precisa, tia”, ”ela ajuda o papai noel!”. No fundo, ninguém conhece este
mistério.
Perguntei para as crianças qual objeto precioso elas
escolheriam, pedi que elas desenhassem para que eu pudesse deixar no telhado lá
de casa.
Desapego é algo bem curioso. Entre desenhar e pensar no
objeto, surgia uma grande confusão “vou esconder minha boneca embaixo da cama
do meu irmão”, “mas é só uma lenda, né, tia?”, “eu só vou dar o desenho, né?”.
O patinete e mais um presente no telhado, uma boneca com seu balão |
A filhote de elefante Júlia (será uma indireta?) e um magnífico arco-íris |
Houve uma criança que não queria de jeito nenhum entregar
algo que fosse seu, ofereceu ursinhos das irmãs e até mesmo um diário, lá pelas
tantas concordou em deixar seu caderno de segredos e seu celular no telhado,
mas com duas condições. Eles estariam escondidos dentro da caixa e ela desenharia uma chave falsa, para que a rena não lesse seus segredos.
O livro de segredos (com uma chave falsa) e um celular escondidos |
Eu entrei na brincadeira, e ofereci inicialmente como bem
mais precioso um livro do mesmo autor A árvore vermelha, mas ao ver as crianças
quebrando as pontas, mordendo e brincando com meus lápis de cor, vi que
precisava deixá-los no telhado também.
Impossível não entrar na brincadeira |
Houve declarações de carinho e admiração! Uma das meninas presentou a rena com um bolo de aniversário de várias cores e tamanhos. Um dos meninos da turma, que havia já participado da outra contação sentou com a gente e perguntou o que fazíamos. Eu disse que estávamos fazendo presentes para a Rena e expliquei sua história. Ele pediu para deixar um presente para ela.
O Zoíudo – um pinguim de pelúcia cor de rosa – foi o
presente que ele quis dar para ela. Inicialmente, ele disse que pediria para o
papai noel dois bonecos iguais, por uma questão de logística ele mudou de
ideia, mandou o desenho com uma cartinha para a rena.
Rena em sua festa de aniversário e Zoíudo |
“Por favor, pede para papai noel um zoíudo para você. Você
vai gostar muito. Arruma o cabelo dele, porque ele vai ficar bagunçado. Você é
bonita e eu gosto muito de você. Eu te amo”.
Em uma conversa, criamos um rito e um mito. Cuide bem de
nossos tesouros, rena, nós amamos você.
Ficha
técnica do livro
Nome:
Contos de lugares distantes
Autor: Autor e
ilustrador : Shaun
Tan
Tradução: Érico Assis
Editora:
Cosacnaify
Ano:
2013
Quer conhecer mais sobre Shaun Tan? Confira nossas postagens no blog e dicas de mediação de seus livros em nossa revista eletrônica!
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Sobre se sentir mais viva e no lugar certo
Quando é fim de semestre, estresse, nervosismo, muitas
coisas pra fazer, em adição à sua vida fora do contexto universitário –
obviamente cheia de situações que podem fazer você perder um pouco a cabeça –, o
que possivelmente passa pela sua mente é: quero paz!
Mas daí chega o dia da sua contação. Você acha que não terá
paciência o suficiente, nem sensibilidade para ouvir e entender as crianças
que, somente naquele dia, têm sua intervenção literária.
Porém, o que acontece
é exatamente o contrário: você se sente mais viva e no lugar certo. Pode não ser bem a sua situação, mas foi a minha. Chegar à
escola e observar todas aquelas carinhas prontas pra ouvir e discutir o assunto
da contação do dia é extremamente reconfortante.
Deixá-las expressar tudo o que tiverem vontade, ouvir suas
opiniões e histórias de vida, suas reclamações, seus prazeres, suas ligações entre a história contada e a vida real, são coisas que fazem com que, pelo menos naquela hora, haja um
esquecimento das minhas próprias questões, dos meus próprios estresses e insatisfações.
Faz haver um mergulho no momento e a valorização de cada palavrinha dita, cada desejo de se comunicar e expressar tudo o que tiver vontade.
No final das contas, o mergulho no momento é tão importante quanto as intervenções literárias preparadas, o script imaginado, a "moral" da história. Deixar-se levar e criar um ambiente propício à troca de experiências fazem da contação algo significativo não só na vida das crianças, mas na dos contadores também.
Raylane
domingo, 15 de novembro de 2015
A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga.
Vencedora do Hans Christian Andersen em 1982 - um ano após o lançamento de Bolsa Amarela, sua Magnum Opus -, Lygia Bojunga Nunes ganhou o público infantil com suas histórias que respeitam a inteligência das crianças. Ao retratar a visão da infantil de forma não estereotipada, a autora me conquistou com este livro que comentaremos agora.
Narrada em primeira pessoa, a história é contada na a ótica de uma menina de sete a oito anos, a Raquel. Com uma linguagem que parece falar à alma, o texto nos reaproxima da infância e nos faz relembrar como, muitas vezes, os sonhos, anseios e as opiniões das crianças são ridicularizados. Raquel é criativa, engraçada e cheia de idéias e histórias para contar.Ela pensa muito, mas muito mesmo, sobre a barreira entre adultos e crianças e nos leva questioná-la também, já que nos convence de que adultos e crianças são iguais. Só criança faz pirraça? Só adulto tem deveres e segue regras? Não? Então por que crianças são tratadas como se fossem menos inteligentes e adultos como seres superiores? Lendo o livro, a primeira revelação é ver a vida pelos olhos de uma criança. Infelizmente, em nossa cultura, tratamos crianças como seres com menos inteligência, como se elas não fossem capazes de refletir ou sequer notar o mundo a sua volta.
Ainda tenho memórias frescas da infância, algumas inclusive em que agi de formas consideradas próprias de crianças "malcriadas",enfrentando adultos e consequentemente sendo chamada de "menina atrevida", "petulante", "folgada", "espertinha, dentre outros adjetivos usados por quem se acha superior em um diálogo. Mesmo assim, infelizmente, eu repito esse erro como se fosse natural. A questão faz recordar um viídeo "viral" da internet de uma menina que demonstra bem que crianças sabem sim o que acontece em sua volta, e que elas expressam isso à própria maneira, com muita perspicácia e sensibilidade.
Raquel, muito mais nova que os demais irmãos e sempre sendo silenciada por eles, sente-se só. Descobre então que, por meio da escrita, ela pode ser quem quer, fazer o que bem entender, ter quantos amigos puder, despejando no papel todas as suas vontades, a de ser "grande" , a de ser menino, a de ter amigos. Mas mesmo sua escrita desperta desconfiança nos irmãos mais velhos, cujo primeiro movimento é sempre o de duvidar da palavra da caçula. Assim, até para escrever cartas inventadas de amigos inventados para si mesma, Raquel é obrigada a elaborar intrincados planos para escapar do olhar sempre vigilante dos adultos. É a bolsa amarela, um objeto rejeitado pelos adultos de um pacote enviado por uma tia, que vai permitir que Raquel guarde e viva suas vontades, seus sonhos, suas histórias...
Uma reflexão que Raquel se faz e que acabamos nos fazendo também ao viver suas aventuras é acerca da obsessão que nossa cultura possui por divisão de gênero. Oras, por que menina não pode soltar pipa, jogar bola, ralar os joelhos? Por que diabos usar rosa ou gostar de boneca é propriedade feminina? É só uma cor, um brinquedo, uma brincadeira. Embora a obra tenha sido escrita na década de 1970, tais questionamentos continuam, infelizmente, muito
Narrada em primeira pessoa, a história é contada na a ótica de uma menina de sete a oito anos, a Raquel. Com uma linguagem que parece falar à alma, o texto nos reaproxima da infância e nos faz relembrar como, muitas vezes, os sonhos, anseios e as opiniões das crianças são ridicularizados. Raquel é criativa, engraçada e cheia de idéias e histórias para contar.Ela pensa muito, mas muito mesmo, sobre a barreira entre adultos e crianças e nos leva questioná-la também, já que nos convence de que adultos e crianças são iguais. Só criança faz pirraça? Só adulto tem deveres e segue regras? Não? Então por que crianças são tratadas como se fossem menos inteligentes e adultos como seres superiores? Lendo o livro, a primeira revelação é ver a vida pelos olhos de uma criança. Infelizmente, em nossa cultura, tratamos crianças como seres com menos inteligência, como se elas não fossem capazes de refletir ou sequer notar o mundo a sua volta.
Ainda tenho memórias frescas da infância, algumas inclusive em que agi de formas consideradas próprias de crianças "malcriadas",enfrentando adultos e consequentemente sendo chamada de "menina atrevida", "petulante", "folgada", "espertinha, dentre outros adjetivos usados por quem se acha superior em um diálogo. Mesmo assim, infelizmente, eu repito esse erro como se fosse natural. A questão faz recordar um viídeo "viral" da internet de uma menina que demonstra bem que crianças sabem sim o que acontece em sua volta, e que elas expressam isso à própria maneira, com muita perspicácia e sensibilidade.
Raquel, muito mais nova que os demais irmãos e sempre sendo silenciada por eles, sente-se só. Descobre então que, por meio da escrita, ela pode ser quem quer, fazer o que bem entender, ter quantos amigos puder, despejando no papel todas as suas vontades, a de ser "grande" , a de ser menino, a de ter amigos. Mas mesmo sua escrita desperta desconfiança nos irmãos mais velhos, cujo primeiro movimento é sempre o de duvidar da palavra da caçula. Assim, até para escrever cartas inventadas de amigos inventados para si mesma, Raquel é obrigada a elaborar intrincados planos para escapar do olhar sempre vigilante dos adultos. É a bolsa amarela, um objeto rejeitado pelos adultos de um pacote enviado por uma tia, que vai permitir que Raquel guarde e viva suas vontades, seus sonhos, suas histórias...
Uma reflexão que Raquel se faz e que acabamos nos fazendo também ao viver suas aventuras é acerca da obsessão que nossa cultura possui por divisão de gênero. Oras, por que menina não pode soltar pipa, jogar bola, ralar os joelhos? Por que diabos usar rosa ou gostar de boneca é propriedade feminina? É só uma cor, um brinquedo, uma brincadeira. Embora a obra tenha sido escrita na década de 1970, tais questionamentos continuam, infelizmente, muito
A obra nos mostra ser possível abordar quase qualquer questão com as crianças e nos lembra que fazíamos sim esses tipos de questionamentos, assim como nossos filhos também nos colocam tantas vezes contra a parede com perguntas que nem sempre sabemos como responder.
Num trecho, Raquel se questiona sobre seu nascimento, que ela sabe, através das irmãs, não ter sido planejado. Isso a faz sentir-se, às vezes, como se estivesse "sobrando" na família. Questiona-se, consequentemente, sobre a escolha de ser mãe:
Espero que tenham gostado da resenha. Se tiverem indicações de algum outro livro da autora de que tenham gostado ou de outras obras relacionadas, ou se já leram Bolsa Amarela e gostaram ou não, escrevam nos comentários! O feedback de vocês é muito importante para os resenhistas e mediadores do blog.
Considerações finais:
Agradeço ao blog Leitura no Varal por divulgar uma de nossas postagens. Continuem nos acompanhando e esperamos continuar agradando. A literatura infantil precisa de visibilidade.
Ficha Técnica:
Referências:
WIKIPÉDIA BRASIL. Artigo Lygia Bojunga. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lygia_Bojunga> 31/10/2015; 11h18.(acesso)
"Um dia perguntei para elas: Por que é que a mamãe não tinha mais condição de ter filhos? Elas falaram que a minha mãe trabalhava demais, já tava cansada e que também a gente não tinha dinheiro para educar direito três filhos, quanto mais quatro. Fiquei pensando: mas se ela não queria mais filhos porque é que eu nasci? Pensei nisso demais, sabe? E acabei achando que a gente só devia nascer quando a mãe da gente quer ver a gente nascendo."Já no diálogo abaixo, Raquel questiona o conceito de "chefe da casa" :
"- Quem é que resolve as coisas? Quem é o chefe?Diversas outras reflexões na perspectiva de Raquel nos fazem pensar: As opiniões dos pequenos precisam ser reprimidas, constantemente negadas ou moldadas? Tentar coagir ou censurá-las para que suas opiniões coincidam com as nossas funciona? Penso que tratar crianças como se elas não pensassem ou como se nós adultos fôssemos "a fonte de conhecimento" é apenas uma armadilha para nós mesmos.
- Chefe?
- É, o chefe da casa. Quem é? Teu pai ou teu avô?
- Mas para que precisa de chefe?
-Para resolver os troços, ué; para resolver o que é que cada um vai estudar.
-Cada um estuda o que gosta mais. Tem livro aí, a gente escolhe o que quer.(...)
- Não tem sempre uma porção de coisas para resolver? Quem é que resolve?
- Nós quatro. (...)
- Mas pode?
- Por que é que não pode?"
Espero que tenham gostado da resenha. Se tiverem indicações de algum outro livro da autora de que tenham gostado ou de outras obras relacionadas, ou se já leram Bolsa Amarela e gostaram ou não, escrevam nos comentários! O feedback de vocês é muito importante para os resenhistas e mediadores do blog.
Autora: Amanda Barros
Agradeço ao blog Leitura no Varal por divulgar uma de nossas postagens. Continuem nos acompanhando e esperamos continuar agradando. A literatura infantil precisa de visibilidade.
Ficha Técnica:
Título: A Bolsa Amarela
Autora: Lygia Bojunga Nunes
Ilustradora: Marie Louise Nery
Edição: 35a (Primeira Edição em 1976).
Editora: Casa Lygia Bojunga (Rio de Janeiro).
Referências:
WIKIPÉDIA BRASIL. Artigo Lygia Bojunga. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lygia_Bojunga> 31/10/2015; 11h18.(acesso)
Marcadores:
A Bolsa Amarela,
dicas de leitura,
feminismo,
imaginação,
infância,
Literatura infanto-juvenil,
Lygia Bojunga,
protagonismo
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
4º edição da Oficina Conte Comigo do Livros Abertos: Aqui todos contam!
A 4º edição da Oficina Conte Comigo do "Livros Abertos: Aqui todos contam" fez parte da programação oferecida pela Semana Universitária 2015 da Universidade de Brasília (UnB), que ocorreu do dia 27 a 31 de outubro. Participaram da oficina estudantes da UnB e Educadores, que puderam conhecer a leitura dialógica e discutir diversas temáticas a partir das rodas de contação dialógicas desenvolvidas na oficina.
Aspectos essenciais da leitura dialógica foram comentados, tais como ler a história antes de contar às crianças, saber lidar com as perguntas, compreender se a criança está gostando e entendendo a história contada.
Segundo os participantes na leitura dialógica a criança gasta mais energia devido a proposta de participação do que na leitura convencional.
Uma participante comentou que “para a criança [a Leitura dialógica] é mais interessante, pois ela participa, ela tem espaço para falar, para se colocar e ser ouvida.”
Assim, chegou-se a conclusão que na Leitura dialógica há mais liberdade para imaginar, refletir para além da história e relacioná-la com acontecimentos do dia-a-dia. O grupo salientou que para além da conclusão que a história do livro chegou, o grupo de crianças pode criar a sua própria conclusão como o mediador Manuel pontuou: “Quando a participação foge do livro, eu fecho o livro e nós criamos a nossa própria história".
Outro aspecto discutido foi “deixar ou não a criança ler a história no lugar do mediador?”. Segundo os participantes, por mais que o grupo disperse, para crianças que estão iniciando o processo de aprendizagem da leitura, esse incentivo é importante.
Outro tema bastante comentado foi a relação entre leitor e livro. Destacaram que o livro é uma forma de se autoconhecer, de dar forças para vencer os medos e anseios. Os livros não geram só prazer, mas também inquietações. A criança em sua relação com o livro e a leitura dialógica faz com que ela expresse os acontecimentos que ela projeta no livro, seus sentimentos, entre outras coisas. A Leitura dialógica é um espaço das crianças e por isso a escuta atenciosa e respeitosa também se faz necessária.
Assim para finalizar a dinâmica foi perguntado a cada um da roda “em uma palavra, o que é necessário para ser um bom mediador de leitura?”
"Ser criativa(o), leitor(a), engraçada(o)" "estar aberta(o), ser ouvinte, colhedor(a)
paciente, entender as crianças, ser
"amiga(o), entrar no mundo da criança (e também mostrar o seu mundo a ela"
despertar, ser um captador de memórias, sensível,
"amiga(o), entrar no mundo da criança (e também mostrar o seu mundo a ela"
despertar, ser um captador de memórias, sensível,
brincalhão (lhona), deixar de ser a sabichona(ão)",
"ser observador, perseverante, alguém que faz a diferença pela relação da criança com a leitura, ser cativador e cativante, ser amoroso(a)".
Ao final foi possível que os participantes fizessem uma breve avaliação, contribuindo com sugestões para oficinas posteriores. Segue-se um exemplo de avaliação feito na oficina:
- Que Bom: “Muito bom a parte do debate, pois você acaba aprendendo com as experiências de outras pessoas e também a parte da dinâmica de contar historias, pois tem uma vivência real de um mediador de leitura e a visão dos desafios que ele poderá enfrentar”
- Que pena: “Que pena! Poderia ter em mais escolas.”
- Que tal: “Que tal a oficina ser dois dias? Em um dia seria passado a experiência do projeto. E no segundo dia teriam alunos para que pudéssemos contar historias”.
Agradecemos a todos que contribuíram com a avaliação e que participaram da 4º Edição da Oficina Conte Comigo!
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quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Lila e o Segredo da Chuva (Diário do Contador)
Quando me encontrei com esse livro, pensei que seria bem oportuno levá-lo para a mediação com as crianças, pois estávamos naquele período de altas temperaturas e baixa umidade em Brasília.
Essa obra foi a responsável por eu conseguir cativar as crianças, digo isso porque as mediações anteriores foram bem desafiadoras, pra não dizer difíceis mesmo. Mas essa situação mudou e ficou esclarecida quando a professora contou que eles não tiveram mediadores desde o início do ano, e se levarmos em consideração que a maioria dessas crianças estão tendo contato com a escola e quiçá com a leitura, pela primeira vez. É uma turma de 1º ano (sete anos).
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http://www.editorabiruta.com.br/wp-content/uploads/2014/08/Lila-e-o-segredo-da-Chuva-OK.jpg |
No dia, levei também um livrinho com o mapa mundi e iniciei o diálogo contando que essa garotinha morava no Quênia… Só aí já rendeu muita prosa, pois esse é também o nome da professora deles (Kenia). Lila é uma garotinha que, motivada pela insatisfação com a falta de água no vilarejo em que mora com a família, resolve (com um empurrãozinho do avó), buscar o segredo que faz chover.
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http://image.slidesharecdn.com/lilaeosegredodachuva-141129125256-conversion-gate02/95/lila-e-o-segredo-da-chuva-7-638.jpg?cb=1417265658 |
Conversamos sobre por que chove, como chove… Sobre isso, uma criança falou que era quando o “papai do céu” ficava triste… Na hora, outra criança interviu dizendo que não, na verdade isso acontece porque as nuvens ficam carregadas d´água.
Muita conversa, reflexão sobre as explicações dos fenômenos naturais e imaginação rolou! Fizemos até a dança da chuva (risos...). Sobre isso, uma menina comentou:
- Tia, a gente leu a história da chuva e não é que choveu?
- Tia, a gente leu a história da chuva e não é que choveu?
Foi uma experiência muito grata esse dia, por isso fiz questão de compartilhá-la com vocês.
Ficha técnica do livro
Coleção:contos mundo afora
Obra: Lila e o segredo da chuva
Autor: David Conway
Ilustração: Jude Daly
Editora: Biruta
Ano: 2010
Samara Alencar :)
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Mediação de Leitura
terça-feira, 3 de novembro de 2015
A Grande Questão, de Wolf Erlbruch (Diário do Contador).
Semana passada tive a experiência de levar A grande questão de Wolf Erlbruch para a contação. O livro, trazido ao país pela editora Cosacnaify, proporciona uma reflexão sobre as grandes questões da vida.
Afinal, por que viemos ao mundo? Por que existimos?
Entre as pequenas, médias e grandes questões em nossa vida, ai está uma difícil de responder, não só pela complexidade do tema, mas porque uma resposta não parece o suficiente. Wolf brinca com essa ideia, com ele exploramos o mundo para conhecer o sentido da vida pelo olhar de diversos personagens. Encontramos a resposta dos familiares parentes do protagonista, dos animais domésticos... Ninguém quer perder a oportunidade de dar o seu porquê para o leitor curioso: o padeiro, a pedra, o número três... Até mesmo a morte vem fazer sua contribuição para a grande questão.
É instigante ver como, em ilustrações tão sintéticas, Wolf consegue trazer tantos elementos paraa reflexão. As crianças captaram mensagens sutis por entre as colagens e desenhos do autor. Em muitos momentos da contação, tive a impressão que elas conseguiam ler o código escrito, pois apenas com as imagens conseguiam captar o texto e a proposta do livro.
No início da contação, estávamos no pensamento concreto. De acordo com as crianças, estávamos onde estávamos para ouvir histórias, e existimos "porque sim", oras.
Mas, aos poucos, a cada página e conversa, as crianças construíam juntas outros porquês. Para elas há mais na vida do que ficar no mesmo lugar como uma pedra ou obedecer as regras como um robô.
Pobre do 3, que justifica nossa existência no mundo para que um dia aprendamos a contar até 3! Havia crianças que já sabiam contar até 40! Para além de novas explicações e de olhar o mundo e a vida sob diversas perspectivas, o livro nos convida a repensar: O que fazer quando nossas ideias e nossos valores mudam ou quando atingimos nossas metas atuais?
Convido aos leitores a conhecerem este livro e a obra do autor, e quem sabe descobrir mais uma resposta para ...
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http://ecx.images-amazon.com/images/I/41z99fmwwDL.jpg |
Quer contar este livro de forma dialógica? Confira muitas dicas e sugestões para a mediação desta obra na Revista Livros Abertos!
Ficha técnica do livro
Ficha técnica do livro
Nome: A Grande Questão
Autor: Autor e ilustrador : Wolf Erlbruch
Tradução: Roberta Saraiva, Samuel Titan Jr.
Editora: Cosacnaify
Ano: 2012
Confira o slideshow do livro disponibilizado pela editora no link a seguir: http://editora.cosacnaify.com.br/legacy/slideshow/show_questao.htm
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