“Eram dois compadres: o Zé e o Mané.
Aí, o Zé disse pro Mané:
- Olha, compadre, não vá levar a mal, mas eu
acho melhor dividir a terra. Daqui pra cá é meu. Daqui pra lá é seu...
Mané gostou da idéia:
- Combinado, compadre...
E tudo ia às mil maravilhas.”
Ironicamente,
a continuação do livro Enquanto o Mundo Pega
Fogo, de Ruth Rocha, se assemelha muito as minhas duas ultimas contações:
“ (...) e os dois discutiram. Brigaram. Se pegaram de tapa! E o incêndio foi crescendo. Crescendo...”
Em vários grupos eu tive dificuldade em lidar com as discussões e brigas que surgiam durante as contações. Sinto que foi como uma bola de neve, ou no caso, um enorme incêndio.
Elas já chegavam muito agitadas. Estava muito abafado, fazia calor. Uma
discussão começava, depois um chute inesperado, um xingamento. Quem queria ouvir a história se
aborrecia, ficava dispersa. E eu, tentando chamar a atenção, parar as brigas e
continuar a história pra quem queria ouvir. Fiquei perdida e cansada.
Busquei várias alternativas:
1. Brinquei
falando que eles estavam muito mal-humorados, todo mundo stressado!
2. Contei
pra alguns grupos que havia tido brigas, e eles prometeram que ficariam
tranqüilos, e até me ajudaram a monitorar alguns impasses durante as contações:
“ óóó, cuidado que assim vai dar briga!”
3. Falei
pros “briguentos”, que eles não precisavam ouvir a história, podiam voltar pra
sala de aula.
4. Contei
a história mais alto, ignorando a briga.
5. Tentei
a dialogicidade da coisa: “ E agora, o que será que vai acontecer... Ei,
pessoal, o que vocês fariam...”
6. Parei
a contação e olhei nos olhos dos que brigavam, tentando conversar e ver o que
estava acontecendo.
7. A minha ultima saída foi passar a bola pras
crianças se resolverem. Perguntei pros que queriam ouvir a história: “ Vocês já
falaram pra el@s que não estão gostando, que a briga esta atrapalhando?
Então falem, as vezes ninguém percebeu ainda.”
Ainda não sei qual é a melhor forma de lidar
com as brigas e discussões que surgem durante as contações, apesar de achar que
cada caso pede uma maneira singular de resolução.
Agradeço o post Bia, que me confortou, devido o seu final feliz !
Gostaria de saber mais sobre como outros contadores lidam com isso !!
4 comentários:
Nossa, eu super passo por isso! Adoro os meninos, mas tem dias que eles realmente não estão pra brincadeira e sim pra brigadeira! =p
Engraçado que a história é justamente sobre dois vizinhos que brigam... Parece até que o tema despertou neles a lavação de roupa suja, rsrsrs... E a estratégia da Malu de deixar eles formarem os grupos? Acho que Suelem também fez algo parecido... De qualquer maneira, o conflito faz parte, talvez eles sintam que perto de você, podem colocar essas questões para fora. Lembrando também que é um momento difícil para todos... Parabéns pelo post.
Mari, o importante é não desistir... Temos sempre que tentar outras alternativas para que a contação seja um lugar agradável às crianças e a você também!!
"talvez eles sintam que perto de você, podem colocar essas questões para fora. "
Gente, acho que tem muito a ver com isso!
Valeu!
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