Me senti mais
confortável ao saber que não só eu mas, também, as crianças não conheciam a história
dos Bogatires. Essa é uma das histórias do livro Vice-versa ao contrário, assim
como a história do Peter Pan, que contei umas semanas atrás. Engraçado que
diante de tantas histórias conhecidas (e suas respectivas versões
inventadas/cômicas que o livro traz) as crianças escolheram essa, com um nome
tão, tão... FEIO! (pensei). Enfim, as crianças deram um descanso para os
clássicos mais clássicos e, imagino eu, resolveram descobrir o que uma história
de nome tão estranho fazia entre outras tão conhecidas.
É uma ótima história.
A versão original trata da lenda dos bogatires, que eram seres gigantes
nascidos da Mãe-Terra. Essa é uma lenda que fazia parte (não sei se ainda faz)
da tradição oral do povo russo, que contava as aventuras desses gigantes em
forma de música ou poesia, ressaltando a força deles, bravos guerreiros, que defendiam
as terras de invasores.
O texto cita ainda
outras lendas que tratam de gigantes, mas que foram inventadas em outros
lugares do mundo, em que eles aparecem ora como benfeitores, ora como
malfeitores. E daí surge a inquietação do autor (minha e das crianças também):
Será que os homens sonham ou imaginam as mesmas coisas em lugares diferentes?
Bem... pensamos que talvez isso seja possível, mas não soubemos explicar.
Bem... fim da
história original.
A versão
inventada/cômica dessa lenda revela uma guerra entre os bogatires e homens.
Entretanto, e para a surpresa de todos,
os homens saíram ganhando nessa. E a explicação é ótima: sempre que um bogatir
atacava um homem e o dividia ao meio, as partes
que sobravam se transformavam em dois homens! Dessa forma, ao verem que
a luta estava perdida, os bogatires desistiram e resolveram se refugiar no
fundo das cavernas, e lá, caíram nos abismos
escuros e viraram pedras. Dessa forma, os homens se tornaram os “manda-chuvas”
da terra.
Ah sim! Quando um bogatir partia um homem ao meio, dos dois que resultavam, um era
destro e o outro canhoto. As crianças gostaram muito dessa parte, pois,
realmente, é uma ótima explicação para o fato. Mas, se foi assim, deveria
existir no mundo a mesma quantidade de destros e canhotos. Então... porque
existem infinitamente mais destros que canhotos? Isso eu deixo pra vocês mesmos
descobrirem. E eu, sendo canhota, não sei se gostei muito da explicação...
Um comentário:
Adorei!
Não sei por que há menos canhotos, mas sei que ser gauche na vida não é para qualquer um...
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