Sempre achei todos os tipos de histórias muito importantes em todas as épocas da vida. A paixão começou quando eu era pequena, não só por ler e ver histórias no papel mas também por observar outras pessoas mergulhando no mundo da leitura. Elas estavam sozinhas, mas sem deixar de estarem acompanhadas por um monte de gente que eu não conhecia e não conheceria se não lesse aquelas palavras também.
A leitura sempre acompanhou minha
formação e sempre dei muita importância à ela. Porém, uma coisa me incomodava
demais: as histórias prontas. Não tem nada mais chato do que estar preparada,
de ter na ponta da língua uma parte super legal inventada por mim de uma
história mas ter que ser interrompida pelo narrador. Poxa, eu pensava, era uma
ideia tão sensacional. Dava até vontade de arrancar a página do livro e
escrever a minha própria, mesmo nem sabendo escrever ainda. O que valia era a
vontade de continuar a história.
Tinha isso em mente na minha
primeira contação. A turma que escolhi, do 3o. ano, já tinha participado antes
de dinâmicas de leitura então elas sabiam bem como tudo ia acontecer. Logo que
nos sentamos elas perguntaram "ué, cadê o livro? O que a gente vai ler
hoje?" e eu respondi apenas com um "ah, não sei. O que vocês querem
inventar hoje?".
A preocupação foi geral. Como assim,
inventar?! Inventar uma história nós mesmos, sem ler aquela do papel? Senti um
burburinho de risadas e logo achei que tinha sido uma péssima ideia, que as
crianças nunca iriam gostar de inventar, iam odiar a atividade e que
prefeririam muito mais ler histórias contadas por grandes autores.
Me enganei redondamente! Num piscar
de olhos elas estavam formando casamentos e descasamentos, nascendo e adotando
filhos, salvando o mundo de uma série de imprevistos de um vilão malvado. Foi
tão legal que nem vimos o tempo passar. Ver os sorrisos delas enquanto
inventavam seus próprios desfechos e caminhavam para um final feliz foi muito
bom.
Então aqui vai uma dica: brinque de
inventar histórias! Uma pessoa começa e outra vai emendando, e outra continua e
assim vai. São várias histórias montando uma só, todos participam e contribuem
e criam, juntos, um final conjunto. Nada melhor do que alguns sorrisos pra
tirar o medo da estréia de uma contadora de histórias aprendiz.
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