Hoje,
dia 3 de novembro, decidi fazer um pacto com as crianças. Após a turbulenta
sessão da semana passada, falei com a professora e ela me ajudou a separar os
grupos novamente.
Queria explicar às crianças o que tinha
acontecido na contação passada, obviamente desagradável a todos. Propus a todos
(assim que sentavam para a leitura do livro) um pacto: quem não quiser prestar atenção
na história não é obrigado. Quem não tivesse a fim de ler podia ficar no
cantinho fazendo outra coisa desde que não atrapalhasse quem quisesse ouvir as
histórias. O pacto foi bem recebido e selamos com um "sim" coletivo.
Assim voltei a ler o livro
"Vinda com a neve" com o primeiro grupo. Recomeçaram as reclamações e
aquilo pra mim foi a gota d'água. Exclamei bem alto: "vamos todos a
biblioteca! Vamos achar um livro bem legal pra lermos". E esse foi o fim
do meu sonho de ler "Vinda com a neve" para as crianças. Ninguém pode
dizer que não insisti!
O primeiro grupo escolheu após uma votação um
livro ritmado muito interessante chamado "A moça e a mosca", de
Angela Leite, cheia de versinhos e trava-línguas. Descobri com esse livro a
melhor dica de todos os tempos: leitura compartilhada! Com a ajuda de todas as
crianças, cada uma lendo um versinho, conseguimos terminar o livro todo com
muitas risadas. O conteúdo da história em si não oferecia muito de enriquecedor
às crianças, mas os trava-línguas... Esses sim apresentavam um desafio
gigantesco!
Ainda deu tempo de ler outro livro, também de
forma compartilhada, chamado de "Mamãe nunca me contou", de Babette
Cole. Esse livro não possuía história - todas as frases eram compostas de
perguntas como "por que alguns adultos têm cabelo nas orelhas e no nariz,
mas nem um fiozinho na cabeça?" e "por que algumas mulheres preferem
se apaixonar por mulheres e homens namoram outros homens?". Senti que esse
livro oferece um potencial de debate fantástico, mas não conseguimos explorar
todas as ideias que ele trás por falta de tempo. Vale a dica de leitura!
O segundo grupo, também levado à biblioteca atrás
do exemplar perfeito, quis ler apenas o livro de Babette Cole. Dessa vez
conseguimos aprofundar um pouco mais no livro e muitas crianças trouxeram suas
experiências pessoas para o debate.
O terceiro grupo escolheu um livro diferente
quando levado à biblioteca: "Murucututu, a coruja grande da noite",
de Marcos Bagno. O livro é bem legal, mas o que atraiu mesmo a atenção de todos
foi o nome Murucututu. Ficamos um bom tempo tentando falar várias vezes esse
nome sem errar. Foi difícil. Dessa vez eu li sozinha, mas recebi a atenção de
quase todos os presentes. No final também lemos o livro de Babette Cole.
O quarto grupo não queria saber de leitura.
Quando eu comentei sobre o pacto uma menina perguntou se ele já estava valendo.
Quando eu disse que sim houve uma debandada geral pro lado dos fantoches e não
sobrou ninguém para a contação. Não quis me deixar abater e criamos na hora uma
história com dois tucanos fantoches (Gabi e Tomás) que fugiam dos caçadores e
ganhavam a disputa pela liberdade.
O quinto grupo preferiu ler Murucututu também.
Eu li sozinha e nós foliamos rapidamente o livro de Babette Cole por falta de
tempo.
Percebi uma grande melhora na atenção de todos
com essa nova estratégia da leitura compartilhada. Os alunos ficam ansiosos
para ler sua parte e prestam mais atenção no que o colega lê. Por enquanto vou
continuar utilizando essa técnica que se mostrou bem sucedida. Espero que meu
relato tenha encorajado àqueles que pensam em desistir por causa do caos criado
pelas crianças às vezes. Na maioria dos casos vale a pena insistir. O abraço de
agradecimento após uma boa contação consegue ser melhor do que todos os
estresses juntos e potencializados em um milhão. :)
Final feliz!
2 comentários:
Bia, também estive tendo problemas com brigas durante algumas contações. Gostei muito do seu post!
Olha que engraçado, tem-teve um grupo de contação de histórias de Sp chamado Projeto “Murucututu Contadores de Histórias no Hospital”! hehe
Bia, muito obrigada pelo seu post! Uma ótima contribuição para todas as mediadoras!! :)
Murucututu é mesmo difícil de falar, fiquei brincando de repetir com Ian, kkkk....
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