segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Diário do contador por Katsumi Takaki


           Nessa sexta-feira, Carol e eu fizemos uma atividade diferente com as crianças. Nos meus grupos dei uma folha pra cada um e pedi para que desenhassem uma estória, que depois poderia ser lida ao final se a criança quisesse. Foi a primeira vez que fiz uma proposta de desenhar uma estória e posso dizer que elas gostaram muito da ideia! 
          Juntei-me às crianças e também fiz meu próprio desenho - coisa que há anos eu não fazia. Os desenhos foram muito variados, tiveram estórias criadas por elas mesmas, readaptações da original  e reproduções fidedignas. Alguns meninos desenharam o Frankenstein, personagem do livro que compatilhamos na semana anterior. Inclusive, pediram-me o livro para "desenhar direitinho". Falei que cada um podia criar a sua própria versão do Frankenstein, mas me disseram que o desenho do livro seria mais legal do que o deles. Foi meio triste ouvir isso, ainda mais com as constantes falas "ai, tia, meu desenho tá horrível", "eu não sei desenhar bonito" e "minha estória tá ridícula". Notei que esse medo do "feio" e do "errado" também apareceu quando eles viram o meu desenho. Ele não tinha nada demais nem podia ser considerado mais bonito do que o deles, mas pra eles era o mais legal do grupo -tanto que uma das meninas começou a imitar o meu desenho. 
Apesar de tudo isso, também houve aspectos legais. Uma menina desenhou a estória da Chapéuzinho Vermelho. O detalhe foi que ela sabia o conto todo - de cor e salteado - dando entonações diferentes na hora das falas das personagens. A sua versão possuía algumas diferenças em relação a original, as quais eu ainda não tinha ouvido. Na estória dela, a vovózinha se casa com o caçador e todos vivem felizes para sempre! 

        
       Outro aspecto legal dessa atividade foi que outra menina criava a estória enquanto desenhava. Ela já tinha desenhado o essencial, mas ia acrescentando outros detalhes aos poucos, enquanto nos contava a estória. Foi divertido ver as crianças acompanhando e comentando o que ela estava acrescentando, às vezes dizendo coisas do tipo "ei, como ela pode tá no hospital se você acabou de dizer que ela tava em casa?". Aí a menina se justificava e desenhava "o que faltava" no desenho. Também tivemos a estória do "Segredo das Irmãs Amigas", contado com muita vontade e criatividade, e a dos "Corações apaixonados" que possuía não apenas com desenho, mas também a estória escrita acima dele.
Acho que a atividade de hoje fez com que as crianças se permitissem imaginar mais, ousar mais. Foi muito divertido e gratificante vê-las tão empolgadas em criar algo seu, algo que querem fazer. Como diria Odilon Moraes: "desenhar é conversa íntima".

3 comentários:

Natália disse...

Adorei a ideia do desenho. Acho que assim as crianças participam do início ao fim da contação e têm mais consciência disso.

Mariana disse...

Gostei muito da sua experiencia Katsumi! Acho que vou aderir a idéia em alguma de minhas contações. Acho legal usar outras linguagens criativas :)

Katsumi disse...

Obrigada, meninas!